FFOBS - 06. Mirrorball, por Pâms

Coyote Ugly

Mais uma noite de trabalho e diversão.
Hoje completava dois anos trabalhando no bar Coyote Ugly. Minha especialidade era na preparação dos drinks e servir os pedidos aos clientes. De tempos em tempos quando tudo ficava aparentemente calmo e parado, eu e Yuri subíamos em cima do balcão de atendimento e ao som alto dançávamos para divertir a todos e fazê-los consumir mais.

— Seu cliente especial chegou. — comentou Felícia ao se aproximar de mim, enquanto sacolejava o drink que preparava.
— Ele veio mesmo. — ri baixo e discretamente, mantendo o olhar nele.

realmente estava levando minha aposta a sério. Me lembro do primeiro dia que ele apareceu no bar. Estava triste e chateado, ofereci um drink de boas vindas por conta da casa e começamos a desenvolver uma conversa boa e saudável. O fiz esquecer sua frustração em menos de vinte minutos e gastar parte do salário em gorjeta. Foi assim que ficamos próximos, na base das apostas no qual eu vencia a maioria das vezes. Em algumas fui cupido e o fiz sair com clientes que davam mole para ele.

Agora nossa aposta era específica. Ele tinha me chamado para sair, mas eu recusei. Ele apostou que eu cederia às investidas dele e aceitaria, eu disse que ele desistiria de ser enxotado por mim em menos de dois meses insistindo. E ali estava nós dois, há quatro meses sustentando nossa aposta. Me aproximei dele com um sorriso no rosto.

— O que vai querer hoje? — perguntei.
— Ugly Star, para começar a noite. — respondeu ele animado.
— Olha só, começamos bem com o drink especial da casa. — me movi para ir preparar para ele.

Ugly Star era uma mistura sutil de sidra de morango, com leite condensado, martini Bianco e vinho branco, assim como também a mais cara. Mas claro que ele não se importava. trabalhava como investimentos e sempre esbanjava seu talento para fazer dinheiro com aplicações arriscadas. MInhas amigas do bar viviam me incentivando a sair com ele, e mesmo que não rolasse nada depois, eu teria aproveitado a noite e o feito gastar muita grana comigo.

Mas não era isso que eu queria. Desejava um relacionamento estável para mim e não era com um cliente do bar. Não gostava de misturar trabalho com prazer.

— Aqui está. — disse o servindo — Aproveite a noite.
— Aproveitaria mais com você. — ele foi mais direto desta vez.

Soltei uma gargalhada alta.

— Que ousado, está mais rápido hoje. — comentei.
— Para mostrar o quanto te quero. — ele disse num tom sério, que me fez arrepiar.

Eu apenas sorri de leve e me afastei para atender outro cliente. Minutos depois o bar estava fervendo de pessoas. Não era noite temática nem feriado, menos ainda final de semana. O bar nunca ficava tão cheio em plena quarta-feira. Hill, a dona do bar se aproximou de mim e me chamou para conversar da adega. Seguimos para os fundos e passamos a porta dos funcionários, descemos as escadas até a adega no porão. Eu já estava ficando preocupada com aquilo.

— Aqui. — disse ela ao mostrar um documento com o valor de uma multa — E não serei eu a pagar.

Engoli seco. Eu tinha feito uma besteira admito. E por isso o bar havia levado uma multa, agora eu pagaria por isso. O problema é que não tinha nenhuma grana para isso. Estava devendo até a hipoteca do meu apartamento, imagine… Não por ser uma pessoa que esbanja, mas tinha avó que me criou a vida toda estava com problemas de saúde. Ajudá-la com o tratamento e os remédios, quase me levou a falência. Atualmente metade do meu salário ia para a mensalidade da casa de repouso. Por isso, me dedicava ao máximo em ganhar gorjetas.

Voltei para o salão e segui com os atendimentos. Tava complicado me concentrar em preparar os drinks.

— ?! — me chamou.
— Oi? Quer outra bebida? — perguntei despertando do meu devaneio momentâneo.
— Não, quero saber o que houve. — explicou ele.
— Nada. — voltei meu olhar para as garrafas vazias deixadas no balcão e comecei a recolher.
— Você está com o olhar diferente, pare de se fazer a forte e diga o que foi. — insistiu ele — Eu posso te ajudar.
— Me ajudar? — eu o olhei — Acha mesmo que quero um homem para resolver meus problemas, posso fazer isso sozinha.

Fui meio ríspida com ele.

— Eu, calma, não é como se você fosse me dever um beijo por ter ajudar. — ele se pegou surpreso por minha reação — Somos amigos não somos?

Eu respirei fundo.

— Quer mesmo me ajudar? — perguntei.
— Sim.
— Nada de cobranças depois. — o alertei.
— Eu juro. — ele ergueu a mão direita em juramento.
— Ok, fique calado e segue o fluxo. — eu me afastei e fui até o caixa, peguei o microfone e subi no balcão — Boa noite mulherada!
— Boa noite. — disseram elas em um coral.
— Estou achando vocês muito tímidas hoje, que tal esquentarmos a noite. — disse caminhando até , então estiquei a mão para ele e disse fora do microfone — Sobe.
— O que vai fazer? — ele me olhou com medo.
— Quer me ajudar ou seu papo de amizade é só para me levar para cama? — perguntei de forma direta.

Meio desesperada por dentro.
Ele balançou a cabeça negativamente e segurando em minha mão, subiu em cima do balcão.

— Olha lá o que você vai me aprontar. — disse ele sussurrando em meu ouvido.

Eu ri baixo e voltei para o microfone.

— Senhoras e senhoritas, estão vendo esse pedaço de mal caminho aquí?! Ele pode ser de uma de vocês até o final desta noite. — disse ele ao olhar para ele e ficou estático.

As mulheres fizeram muito barulho e logo eu dei um tapa na bunda dele e ri. Ele me olhou surpreso.

— Você é mesmo louca. — disse ele.
— Seja sexy e me ajude. — eu olhei para ela — Vou começa o leilão em 50 dólares, quem dá mais?
— 50! — gritou uma mulher ruiva com um copo de tequila na mão.
— 75! — gritou outra vestida formalmente com terno feminino.
— Temos 75… — disse instigando mais — Mas podemos aumentar para 100, olha esse pedaço de carne… Ele merece mais.
— 100 dólares!!! — gritou Mica, nossa cliente e contadora do bar.

Uau, ela não é casada? Pensei comigo rindo.

— 150… — gritou um homem numa mesa ao centro.
— 150 para do cavalheiro de chapéu de cowboy. — falei — Podemos subir mais.

me olhou assustado com isso, arrancando mais risadas minhas.

— 200! — gritou Felícia a esquerda — Ele vai ser meu!

MInha amiga sempre ficou de olho em , desde o primeiro dia. Seu lance não me deixou surpresa.

— Quem dá mais? — instiguei.
— 250… — gritou uma senhora de idade.
— 300! — gritou uma jovem gordinha, em tom de empolgação.

me olhou boquiaberto.

— Que tal vermos uma pequena demonstração. — olhei para Yuri que colocou um fundo musical — Vamos dançar um pouco.

Assim que começou a se mover em cima do balcão, os lances foram subindo de uma forma assustadora e surpreendente para mim. Não sabia que minha ideia repentina de leiloar o homem que estava interessado em mim, faria tanto sucesso. Se soubesse disso tinha feito aquilo a mais tempo.

— 1.575. — disse Hill, colocando o dinheiro no balcão e olhando com malícia para .

Não me contive na gargalhada. Boquiaberta eu estava com ela. E mais lances foram sendo feitos.

— 2000 dólares. — disse uma mulher de óculos com jardineira.
— Uau… — eu me empolguei mais — 2000 dou-le uma… dou-le duas…

Esperei mais um pouco, olhei para Felícia que recusou.

— Vendido para a senhorita de óculos. — disse finalizando o leilão — Venha buscar seu prêmio!

Olhei para e disse “Obrigada” em sussurro. A mulher veio até o balcão e levou para mesa que ela estava com as amigas. Eu agradeci a todas que participaram e convidei para tomarem o drink especial da noite Love Shot. Assim que desci do balcão com o dinheiro arrecadado em mãos e me aproximei de Hill.

— Aqui. — disse ao separar os 1.500 da multa — Sua grana.
— Muito bem, bom trabalho. — Hill pegou o dinheiro com o olhar orgulhoso — E ainda te sobrou troco.
— Essa era a ideia.

Nós rimos.
Ao final da noite, às três da manhã, o bar fechou com a saída do último cliente. Encerramos o expediente. Yuri me ajudou a levar o lixo para fora e separar as garrafas vazias encaixando nos engradados. Juntei minhas coisas dentro da bolsa e saí pela passagem dos funcionários na lateral do prédio. Chegando na rua, avistei encostado no seu carro do outro lado da rua. Sorri de canto e segui até ele.

— Você realmente não existe. — comentou ele de braços cruzados e um olhar sério — Leiloou o homem que está interessado em você.
— Se eu fosse uma mulher comum, este homem não estaria mais interessado em mim. — expliquei com propriedade.

Ele sorriu de canto.

— A vencedora se chama Isla, ela tem dois filhos e acabou de se divorciar. — me contou ele — Eu ri muito com suas amigas me instigando a levar ela para um motel.

soltei uma gargalhada maldosa.

— Você só pertencia a ela até o final do expediente. — disse com firmeza.
— E agora? Eu pertenço a quem? — perguntou ele arqueando a sobrancelha.
— Agora pertence a mim. — eu me aproximei dele e lhe beijei.

Intenso e doce ao mesmo tempo. Não foi nada surpreendente a rapidez com que ele retribuiu o beijo, deixando a parte da malícia com o toque de suas mãos em minha cintura.

— Incrível. — disse ele ao se afastar um pouco.
— Me beijar? — brinquei de forma ousada
— Ter que ser vendido para outra pra ter você. — respondeu ele rindo — Mas te beijar foi além de incrível.

Joguei por terra minha ideia de não envolver com nenhum cliente.

Sim, eu havia me sucumbido e perdido a aposta para ele.

Mas não me arrependeria, afinal não é qualquer homem que aceita fazer o que ele fez, sabendo que não teria nada em troca.

Mas agora…

Ele seria todo meu!

Eu quero que você saiba
Eu sou um globo espelhado
Eu posso mudar tudo sobre mim para me encaixar.
- Mirrorball / Taylor Swift

“Surpresas: Estar solteiro não significa que você não sabe nada sobre o amor, e sim que você sabe o bastante para não perder tempo com qualquer um.” - by: Pâms

FIM?!

Nota da autora:
Mais um ficstape, e bem ousado desta vez! Quem aí quer dar seu lance nesse pp??
Bjinhos...
By: Pâms!!!!
Jesus bless you!!!