Love Game
Aquele era o louco e inconstante relacionamento de Dominos e Baker, ambos orgulhosos demais para confessar verbalmente o que sentiam um pelo outro e submersos em um jogo em que um provocava o outro causando ciúmes.
— Não acredito que esse cretino teve mesmo a coragem de vir acompanhado. — olhou atravessado por entre os convidados da festa da fraternidade, até encontrar o vice-presidente descendo os dois degraus da porta de entrada.
O homem trajando roupas formais estava acompanhado por uma mulher aparentemente mais velha que ele, uma veterana formada há alguns anos. Não era novidade para todos do campus de Stanford University, que os representantes da fraternidade Sigma Pi eram como cão e gato em suas competições e apostas constantes. Exagero para uns e diversão gratuita para outros, a festa de celebração pela chegada do verão seria mais um de seus eventos memoráveis.
deu o primeiro passo para se aproximar de Dominos, que se afastou de sua acompanhante para seguir em direção a presidente da Sigma Pi. Parados frente a frente com a intensa troca de olhares que somente ambos conseguiam fazer, os olhares de todos se mantinham naquela realeza do campus.
— Quando disse que estava em Manhattan achei que não chegaria a tempo. — comentou ela.
— E perder a oportunidade de estar aqui? — ele sorriu de canto — O que achou da minha convidada?
— Você já foi mais seletivo. — brincou ela — Não tinha nada melhor na sua lista de contatos? Uma veterana desertora?
— Ela se formou e você sabe disso. — ele segurou o riso, mantendo o olhar nela.
— Ela comprou o diploma. — a corrigiu.
— Hum, interessante suas avaliações, quando fala assim com esse olhar é porque está morrendo de ciúmes. — retrucou ele e piscando — Um a zero.
— Do que está falando. — ela cruzou os braços — Tire esse sorriso do rosto, quem vai ganhar esta noite sou eu.
— Não é o que estou vendo. — seu argumento — Além do mais, a Clair é uma das melhores modelos da Vogue.
— Eu não acho, a ruiva da semana passada da Prada era mais bonita. — brincou ela.
Ele deu uma risada boba.
— E onde está seu convidado? — provocou ele, olhando em volta.
— Não se preocupe, em breve eu te apresento. — ela se virou e voltou para a mesa de doces onde sua amiga se mantinha os observando.
Não. não havia conseguido convidar nenhum rapaz interessante. De acordo com suas palavras, ela era bem exigente e seletiva. Talvez por já ter seu estilo ideal de homem totalmente baseado em seu melhor amigo provocador.
— Aquele filho da mãe sabe mesmo como me provocar. — murmurou ao se aproximar da amiga, voltando o olhar para que guiava a tal modelo para perto de um grupo de alunos.
— Uau, ele realmente não aceita perder, achei que ele não fosse aparecer. — Kimberly voltou o olhar para a mesma direção que a amiga e soltou uma risada baixa — Nosso vice-presidente é mesmo ousado.
— Ele é um cretino. — resmungou ela.
— Está com ciúmes da acompanhante modelo? — Kim segurou o riso, atenta a careta que a amiga fizera — Olha que você pode acabar perdendo a aposta da noite, já que não veio com ninguém.
— A aposta não era vir com alguém para a festa e sim, quem sentiria menos ciúmes até o final da noite… — ela soltou um suspiro fraco — Preciso encontrar algum calouro para me divertir um pouco.
— Mesmo depois do ensino médio e agora em Stanford, não consigo entender esse relacionamento de vocês. — comentou Kim voltando o olhar para frente pensativa.
— Nosso relacionamento é algo que só nós dois entendemos. — riu.
Ela deslizou os dedos da mão direita sobre a mesa até parar na bandeja de brownies, pensativa em sua primeira jogada da noite. Não se deixaria abater pela cena de Dominos se sentindo o vitorioso da noite.
— Vejamos, acho que você pode apostar no calouro de jornalismo, quem sabe você não vira capa do jornal da universidade. — brincou a amiga.
— Ha… ha… ha… Muito engraçado, se está falando do esquisito que derrubou café em mim na semana dos calouros, jamais, ele parece um psicopata. — repugna um pouco — E acho que ficou obcecado por mim.
— Você não tem tantas opções assim, amiga, e até que ele é meio bonitinho, as sardas são bem charmosas. — reforçou Kim — Tem o loiro de Educação Física.
— Não, ele tem mau hálito. — fez uma careta de nojo.
— O baixinho do curso de história parece interessante. — brincou a amiga, sendo fuzilada por ela — Ou o latino do Texas.
— Por favor, pare de me dar sugestões. — pediu.
— Assim fica difícil te ajudar. — Kim lançou um olhar sério.
— Mas é claro que algo assim é fácil para ele, era bem óbvio que teria uma companhia para hoje, esse descarado não tem um pingo de bom gosto como eu, qualquer uma serve. — deu de ombros e jogou o cabelo para trás, desviando seu olhar para a janela — Você sabe que eu sou seletiva.
— Escolheu tanto que acabou gostando do garoto mais libertino da escola. — Kimberly soltou uma gargalhada maldosa.
— Libertino? Só você para usar esse termo, diz logo que ele é um galinha ou pegador. — respirou fundo tentando se recompor — Além do mais, ele é meu melhor amigo desde o fundamental.
— Não venha desdenhar do meu vocabulário, você sabe muito bem que eu vivo para meus romances vitorianos. — a amiga se defendeu emburrando a cara um pouco.
— Só acho que deveria encarar a realidade que não existe um Mr Darcy no século XXI. — tentou trazê-la a razão, rindo de leve.
— Melhor gostar de alguém que não existe do que passar raiva com um Dominos. — retrucou Kim com o olhar debochado.
Elas ficaram se olhando até que caíram em risos.
— Não acredito que vai chover em pleno verão. — comentou ao observar as nuvens escuras no céu.
— Deve ser por causa do calor, nem começamos as férias direito e já estou derretendo. — Kim continuou a mordiscar um brownie que segurava na mão direita — O que seus pais falaram sobre você não ir para casa?
— Nada, eles sabem que meu estágio no ateliê da Florence é muito importante para eu me ausentar, se eu quero ser a melhor produtora de moda desse país, preciso ser focada. — respondeu ela.
— Hum, e por falar em ser focado, o olhar de alguém não se desvia de você. — Kim riu baixo.
— Pois eu quero ver esse safado se corroer de ciúmes hoje. — sorriu de canto e se afastou da amiga.
Haviam muitos alunos naquela festa, alguns convidados e assim como os penetras que sempre apareciam na ousadia. Um deles, que fora arrastado pelos colegas de quarto, foi Fletcher, o calouro de arquitetura de olhar atraente muito bem escondido por seus óculos de grau. seguiu caminhando a passos lentos por todos da pista de dança, os calouros atentos aos seus movimentos assim como que mesmo acompanhado não se continha em manter a atenção fixa nela.
— Fletcher, não é? — disse ao se posicionar em frente ao calouro, que se assustou com a aproximação da garota mais popular do campus.
— Sim. — disse ele, ajeitando o óculos no rosto, mantendo o olhar baixo.
— Presumo que tenha entrado sem o convite. — comentou ela.
— Me desculpe, eu… — ele deu um passo para se afastar, e acabou trombando no garçom que passava por eles.
O desastre se formou com as taças sendo derrubadas no chão e molhando parte da roupa do rapaz. Logo todos que estavam próximos riram do ocorrido, deixando mais envergonhado ainda, porém não conseguira ter nenhuma outra reação a não ser espanto. Ela havia percebido muito bem o quanto ele estava nervoso por sua aproximação.
— Me desculpe… — ele deu impulso para tentar se explicar.
— Não precisa se desculpar, acidentes acontecem. — sorriu de leve, desviando rapidamente o olhar para o vice que se aproximava.
— Algum problema aqui? — perguntou , deixando o olhar fixo nela.
— Nenhum Dominos, está tudo sob controle, só houve um pequeno acidente, nada demais. — explicou ela.
— Um acidente que nos custou algumas taças de cristal. — retrucou ele já se voltando para o rapaz, o intimidando — Sabe quanto custa calouro?
— O que você quer ? — ela segurou no braço dele, chamando sua atenção.
— Só quero manter a ordem em nossa festa, temos um calouro penetra que além de causar acidentes, parece não ter voz para se explicar. — riu com sarcasmo.
— Ele não é um penetra, ele é meu convidado, eu não te disse que te apresentaria?! — retrucou ao se colocar na frente de e segurar sua mão — Porque não volta para a sua acompanhante e deixa que eu resolvo isso, eu sou a presidente da Sigma Pi, lembra?
engoliu seco de raiva e se afastou um pouco. segurou o riso, mas por dentro se sentiu mais do que eufórica.
— Um a um, e a noite só está começando. — ela voltou seu olhar para .
— Eu… — o jovem voltou o olhar para baixo vendo-a segurando sua mão.
— Nem pensei em dizer mais nada. — ela riu de novo — Venha comigo, acho que eu tenho algumas peças que te servem.
— Ir com você? — ele se pegou surpreso.
— Sim, você precisa se trocar, não pode passar a noite ao meu lado com essa camisa molhada. — explicou ela — Agora pare de me olhar como se eu fosse uma miragem e me siga.
tinha seus altos e baixos de humor, ao mesmo tempo que conseguia ser compreensiva e paciente, ela também perdia a sanidade e conseguia explodir rapidamente com uma pessoa. Mas naquele momento, para era surreal acreditar que a veterana mais cobiçada da elite de Stanford estava falando com ele e o guiaria para a área privativa da mansão da fraternidade. Ele assentiu rapidamente e a acompanhou até seu quarto, internamente o rapaz estava mais do que nervoso.
— Porque disse que eu estou te acompanhando? — perguntou ele, ao observá-la entrar no closet — Há tantos calouros lá embaixo, melhores que eu.
— Eu disse porque me foi conveniente, deveria estar grato, muitos matariam por isso. — brincou ela — Não que Stanford seja os Jogos Vorazes.
Ela riu de leve.
— Não pense demais sobre isso, apenas se divirta essa noite. — ela saiu do closet com um cabide na mão — Vista isso e não demore, pelo seu tamanho, deve servir.
— Você tem roupas masculinas no seu closet? — ele franziu a sobrancelha achando estranho, ao pegar o cabide.
— E o que tem demais nisso? Sou uma garota prevenida, além do mais, as roupas são do enteado da minha mãe, esse quarto era dele no passado. — Agora pare de me olhar assim e vá se vestir.
— Claro. — ele assentiu e correu para o banheiro.
não se conteve em rir mais um pouco. Talvez tenha sido mesmo uma boa escolha optar pelo calouro penetra, e já sentia que se divertiria bastante naquela noite, ainda mais pelo olhar de fúria de . Ela se sentou na poltrona ao lado da janela e ficou esperando o rapaz que demorou mais que uma noiva em dia de cerimônia.
— Nossa, eu disse para ser rápido. — reclamou ela, assim que ele saiu do banheiro com o terno de seu irmão muito bem alinhado no corpo — Uau, nada mal, o que um Dolce & Gabbana não faz com um homem.
— Me desculpe… — ele levantou o olhar para ela.
— Não tem problema... — ela se levantou da cadeira e andou até ele com um sorriso singelo no rosto — Mas se você me pedir desculpas mais uma vez por qualquer coisa, te jogo para fora da mansão eu mesma.
— Tudo bem. — assentiu ele, segurando o riso.
— Vamos voltar lá pra baixo. — ela passou por ele seguindo para a porta.
— Espera. — ele a parou.
— O que?! — ela o olhou.
— Não acha que deveríamos demorar um pouco? — perguntou ele.
— Por que? — ela não entendeu.
— Eu ouvi pelos corredores sobre você e o vice-presidente, não acha que ele ficará mais raivoso se demorarmos? — sugeriu — Já que vocês ficam se provocando e eu vou ser seu fantoche da noite.
— Hum.. Olha só, ele sabe ser ousado… — ela manteve um sorriso leve no rosto — Você não vai ser meu fantoche, que tipo de boato você ouve ao meu respeito?
— Acredite, os mais loucos possível. — confessou ele.
— Eu não uso ninguém para provocar o , todos que um dia saíram comigo foi porque quiseram, e te dou o mesmo benefício de escolher. — ela cruzou os braços — O máximo que pode acontecer é amanhã de manhã você encontrar uma fila de garotas do campus na porta do seu quarto no dormitório.
— E quem disse que eu quero isso? Não vim para Stanford para ser popular. — ele ajeitou seus óculos novamente.
— E o que veio fazer aqui? — perguntou ela.
— Cursar arquitetura. — respondeu ele, se sentindo um pouco mais tranquilo por estar próximo a ela — E você o que veio fazer aqui?
— Vim porque aqui tem o melhor programa de estágio de moda, quero fazer a diferença como uma produtora no futuro. — respondeu ela.
— E no meio disso você é o centro da elite do campus.
— Digamos que eu me divirto da melhor forma possível. — completou ela com um brilho no olhar e um sorriso malicioso.
— É meio louco tentar entender seu modo de viver. — confessou ele rindo baixo — Você e o tal Dominos, estão namorando?
— Porque está tão curioso quanto a isso? — ela cruzou os braços, analisando as expressões faciais do rapaz — Para quem só veio cursar arquitetura, você tem me observado bastante.
— Você desperta curiosidade em qualquer pessoa. — brincou ele.
tinha que concordar, ela realmente conseguia chamar a atenção da forma mais sutil por onde passava. Ambos passaram alguns minutos em silêncio numa troca de olhares interessante para ela. Como o garoto de óculos a sua frente conseguia ser tão charmoso por detrás daquelas lentes, e como ela poderia usar aquilo a seu favor, em seu jogo de provocações.
— Isso não tenho como negar. — admitiu ela.
Em um piscar de olhos um som surgiu de toques na porta. se moveu para abrir, mas foi impedida por que passou em sua frente. Ao abrir da porta a imagem de se fez diante deles, fazendo um sorriso se formar nos lábios de .
— Perdeu alguma coisa em meu quarto, Dominos? — perguntou ela, com serenidade deixando o sarcasmo aparecer.
— Preciso de dois minutos. — disse ele, voltando o olhar para o intruso, pelo menos era o que ele considerava.
— , poderia nos deixar à sós, não vou demorar. — pediu ela.
— Se você diz. — assentiu, se intimidando um pouco pelo olhar de Dominos.
Assim que o calouro se retirou e Dominos fechou a porta, permaneceu o observando se aproximar dela. Um sorriso de canto no rosto e a certeza que ele estava se corroendo de ciúmes por dentro. O que ambos tinham havia iniciado no ensino fundamental, os pais dela tinham acabado de se divorciar e sua guarda ficou com a mãe. Já ele, havia perdido os pais em um acidente e sendo criado rigorosamente por seu mordomo, sua única diversão era a escola.
Com o encontro de dois corações tristes, uma amizade forte e inusitada apareceu. Inicialmente para ambos, o que tinham era apenas uma relação de cumplicidade e companheirismo, algo que foi dando espaço para outros sentimentos mais profundos e complexos. Enquanto o ajudava com os deveres de casa e acompanhava seus treinos de basquete como a capitã dos líderes de torcida, ele a ensinava a ser tão popular como ele ou mais, inserindo a garota em seu círculo social.
Ao chegarem no ensino médio, foi que a fase das apostas e provocações começaram quando beijou uma garota propositalmente em um jogo de verdade e consequência, bem na frente de . A garota por sua vez aceitou ficar sete minutos trancada na despensa da casa de Kimberly com um garoto do time de basquete da escola. Era nítido que gostavam um do outro, mas o jovem temia que um relacionamento sério pudesse afetar a amizade deles, por isso evitava o assunto o máximo que conseguia. E por mais que houvesse um acordo mútuo em que ambos poderiam se relacionar com qualquer pessoa, eles se divertiam bastante provocando um ao outro.
— Não acredito que um calouro penetra te fez vir aqui atrás de mim. — brincou ela segurando o riso — Dois a um.
— Ha… ha… Muito engraçado. — ele colocou a mão nos bolsos da calça e a olhou sério — Quem é que está contando?
— Eu estou. — ela riu baixo — Acha mesmo que consegue me fazer mais ciúmes do que eu a você? Já comprovamos isso, eu não preciso nem beijar meus acompanhantes para te deixar louco.
— Você é mesmo uma mercenária. — retrucou ele, dando um passo para mais perto — Ainda quer continuar com esse jogo?!
— É tão divertido te ver com ciúmes. — confessou ela, sorrindo de canto — Além do mais, foi você quem começou quando disse que não podíamos ser namorados e começou a sair com várias garotas.
— Vai jogar na cara agora? — ele retirou as mãos do bolso e cruzou os braços com o olhar sério.
— Você fica tão fofo assim! — ela se aproximou mais dele mordendo o lábio inferior, então tocou em sua camisa — Sua acompanhante deve estar te procurando lá embaixo e…
a interrompeu iniciando um beijo que logo foi retribuído por ela com intensidade. sabia que sempre vencia em todas as partidas entre ambos e ainda mais agora com o nível elevado por causa da universidade. Assim como ele temia que ela pudesse gostar de algum cara de verdade.
— Nosso juramento para o futuro ainda vale? — perguntou ele após o beijo.
— Está com medo de eu não ser a senhora Dominos no futuro? — ela riu — É claro que ainda quero me casar com o meu melhor amigo, a não ser que queira viver solteiro para sempre.
— Sabe que meu coração é seu. — admitiu ele.
— Mas seu corpo não. — retrucou ela.
— Me esfaqueia que dói menos. — reclamou ele.
Ela soltou uma gargalhada maldosa.
— Foi você quem pediu, agora… — ela se afastou dele — Que tal o segundo round da noite?
— Já quer voltar para o seu calouro? Assim meu nível de ciúmes aumenta. — disse ele.
— Como eu sei que você sempre perde, quero ver como vai chegar ao final da noite. — provocou ela.
— Chegarei no meu quarto com uma linda garota. — ele sorriu de canto — E posso te dizer quem é…
Um sorriso presunçoso saiu no canto do rosto de , ela sabia muito bem de que garota ele falava:
Ela mesma.
Você quer me fazer ciúmes
Após tanto tempo, ainda temos esse amor egoísta
Você gosta de me fazer ciúmes (eu gosto de te fazer ciúmes)
É um jogo só entre você e eu.
- Selfish Love / Selena Gomez feat. DJ Snake
“Amor: Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar.” - by: Pâms
FIM?!
Bjinhos...
By: Pâms!!!!
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