FFOBS - 04. Thousand Miles, por Pâms

Dona

E lá estava Soleto, em sua mercedes 1992 recém reformada, seguindo de madrugada pelas ruas de Toscana pela primeira vez, determinada a não desistir tão facilmente do homem que amava. Já se contavam duas semanas de silêncio da parte de , algo que lhe causou estranheza, afinal, em todas as outras discussões o rapaz havia corrido atrás pedindo para que ela reconsiderasse o rompimento. Não por que ele era imaturo ou algo do tipo, mas pelas constantes mudanças de humor da mulher, alinhadas à forma inconstante de demonstração de amor e carinho por ele.

não se importava com a falta de romantismo dela, menos ainda por ser sete anos mais velha que ele com uma carreira consolidada na área de marketing na rede de lojas de departamento Del Fiore. Ele apenas queria passar mais tempo com sua namorada e menos tempo com a diretora de departamento de uma grande empresa, que passava horas no celular comandando a equipe, mesmo em dias de folga. O fato é que para , era tão comum viver para a empresa e se esquecer do lazer, que não conseguia perceber seu relacionamento se desgastando com as brigas pelo mesmo motivo: ela e sua obsessão pelo trabalho.

— , por favor, atende. — sussurrou ela, após a ligação cair na caixa postal mais uma vez.

Os outros relacionamentos de Soleto, em sua média, nunca passavam de três semanas, podendo estender o máximo de dois meses, não lhe permitindo ter tanta profundidade nos sentimentos. Sendo uma das causas principais as muitas declarações que ela fazia sobre não querer se casar e ter filhos. Para , com sua pouca idade, recém ingresso no curso de gráfico da Universidade de Florença, sua única preocupação era não perder o trabalho temporário que assinou com a empresa dela, e seguir na função de mensageiro.

O rapaz nunca imaginou que de uma carona ao acaso, bem no dia em que mais precisava do carro para se locomover para uma reunião de urgência, e fora deixada no meio da via com o motor quase fundido. Naquela sexta-feira nublada, sua luz no fim do túnel foi o mensageiro temporário que no meio de um tarefa a reconheceu de longe, ficando espantado ao se deparar com os gritos de raiva da mulher enquanto discutia com o funcionário do reboque. E assim foi o início de muitos favores prestados por ele, e sua contratação como estagiário do setor de marketing, sendo efetivado depois.Com muitas horas extras, passando boa parte do tempo acompanhando a diretora, a proximidade de ambos era evidente, abrindo espaço para que a ousadia do rapaz lhe roubasse um beijo no final do expediente, levando a inicialmente uma amizade colorida que mais parecia um namoro de longos anos.

Com o céu nublado desde a tarde do dia anterior, finalmente o primeiro pingo de chuva caiu em seu pára-brisa, sendo seguido por outros tantos que demarcavam o princípio de um temporal. segurou as lágrimas que insistiam se formar no canto dos olhos, odiava se sentir frágil e dependente dos seus sentimentos, mas no fundo ela sabia que nunca havia sentindo por alguém do que sentia por , era algo bem mais profundo que atração física, ou estar apenas apaixonada, ela o amava de verdade e com profundidade. Por isso, estava naquele momento enfrentando a chuva, parando em frente ao prédio onde ele morava.

— Ainda não acredito que estou aqui. — sussurrou para si mesma, ao perceber que realmente estava descendo do carro, bem longe de casa.

Respirando fundo, avistou um dos amigos de entrando no prédio. A partir daquele ponto, Soleto deixaria a razão de lado e permitiria que seu coração a guiasse até ele. Para o primeiro passo em direção ao prédio, foram cerca de dez minutos de reflexão interna, porém, foram gastos menos de cinco minutos para estar em frente a porta de seu apartamento, com as roupas encharcadas e a face escorrendo pingos de água que descia de seus cabelos.

— . — disse ele, chamando-a pelo apelido carinhoso que lhe colocou, num tom baixo com traços de surpresa, ao abrir a porta e se deparar com ela.
— Oi... — antes mesmo que ela pudesse terminar sua frase de cumprimento, um espirro a interrompeu.

Com a imunidade baixa, devido ao seu emocional instável, já era de se esperar por um resfriado. Afinal, até seu corpo já demonstrava sinais, estando levemente trêmulo pelo frio das roupas.

— Entra, você está toda molhada e... Se pegar um resfriado será o fim do mundo para você. — disse ele, abrindo um pouco mais a porta para ela entrar.

sabia que ela detestava ficar doente, por afetar seu ritmo de trabalho.

— ?! — disse ele, mais uma vez, ao ver que a mesma não esboçou nenhum movimento.

Em um piscar de olhos, tomou impulso e o abraçou, se permitindo derramar as lágrimas que vinha segurando há três semanas. ficou em choque inicialmente, até que percebeu os reflexos involuntários de seus braços, envolvendo a mulher, aninhando-a a ele. O rapaz bem mais alto que ela, encostou seu queixo no topo de sua cabeça, respirando fundo ao sentir seu coração acelerado pelo calor do corpo de sua amada.

Para ele, não precisava uma só palavra para entender tudo o que ela desejava lhe confessar. Só o fato de estar ali, já era a confirmação que ele precisava para não desistir da dona do seu coração.

Incrível
Estou dirigindo pela cidade em uma Mercedes velha e batida
Você acha que estou louca, você pode estar certo
Mas quando ele sorri, eu não ligo pro passado
Fácil assim.
- Thousand Miles (feat. Brandi Carlile) / Miley Cyrus

"Amor: Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar." - Pâms

FIM.

Nota da autora:
Hello gente, mais um ficstape, é curtinho e foi aos 45 do segundo tempo, espero que tenham gostado. Até a próxima.
Bjinhos...
By: Pâms!!!!
Jesus bless you!!!

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