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Indicação de música: Crying in the rain / A-ha
Eu não saia como minha vida havia chegado naquele estado. Minha mente estava confusa e meu coração cheio de arrependimentos. Foi por alguns segundos que pensei ter tido um vislumbre do que queria o rosto de , entre os convidados que saíam para a recepção no jardim. Senti minha garganta arder em cada palavra que tentava pronunciar, os olhares controladores da minha mãe para mim, deixavam-me ainda mais sufocada com tudo ao meu redor. As gargalhadas do meu pai com seus amigos de negócios pareciam mais naturais que o habitual. Mas claro que ele estava feliz, já que naquele dia sua filha mais velha estava para se casar com o vereador e futuro prefeito da cidade de New York.
A festa de recepção estava montada e acontecendo no jardim da mansão de Phillip. Nossa família não tinha superstições quanto ao vestido da noiva e coisas assim, pelo contrário, tinha outras tradições ainda mais estranhas. E a cerimônia tinha seu horário marcado para o final da tarde. Após nossa comemoração do noivado. Em um breve momento, senti um aperto em meu coração e minha respiração ficou comprometida ao ver nitidamente, com uma bandeja em sua mão com o uniforme de garçom. Genevieve que estava ao meu lado me segurou discretamente, fazendo-me apoiar nela.
— Amiga, está tudo bem? — perguntou ela num tom baixo, virando seu corpo para que minha mãe não desconfiasse.
— Ele está aqui. — suspirei fraco, me sentindo ainda mais fraca — está aqui.
— Onde?
— Entre os garçons. — sussurrei ao perceber a aproximação de minha mãe.
— Está tudo bem? — perguntou ela.
Minha mãe tinha uma classe totalmente invejável por todas as socialites de Manhattan. Assim como também o marido mais invejável. Era de se esperar já que meu pai sendo o banqueiro mais próspero da grande NY, dava a vida que toda mulher sonhou para si. Com toda a sua elegância e superioridade, minha mãe me analisou com o olhar desconfiado e sorriu com graça.
— Sei que está nervosa pelo casamento, mas tenha em mente querida que tomou a melhor decisão de não se opor aos desejos do seu pai. — disse ela mantendo seu ponderado e suave tom de voz — Genevieve leve-a para o quarto para que retoque a maquiagem, e você , coloque o mais gracioso sorriso em seus lábios e mostre que é a mulher mais sortuda da cidade por se casar com Philip.
Nós assentimos, comigo segurando as lágrimas. Mantive minha cabeça abaixada assim como o olhar, com a ajuda da minha amiga cheguei ao quarto onde me aprontei pela manhã. Não aguentando mais a aflição dentro de mim, desabei em lágrimas ao me sentar na cama. Genevieve me abraçou tentando me consolar. Ela mais do que ninguém tinha acompanhado minha fatídica história de amor nos últimos meses. Se todos achavam que minha vida era boa por ser filha de um banqueiro, não imaginavam que eu era somente uma peça no jogo de xadrez do meu pai, aquela que ele utilizaria para ter benefícios políticos.
— Estamos em 1997 e ainda não acredito que exista casamentos arranjados assim, sem amor. — reclamou minha amiga — Não há mesmo nada que eu possa fazer amiga? Para te ajudar?
— Nada, não há nada a ser feito. — senti mais uma lágrima escorrer não somente em meu rosto, mas também em meu coração — Geni, me deixe sozinha, por favor, eu só preciso de 10 minutos e ficarei bem.
— Tem certeza?
— Sim, diga a minha mãe que estou fazendo o que ela mandou.
Genevieve assentiu com a face. Seu olhar para mim era de solidariedade e compaixão por minha situação. Em poucas horas seguiria para o altar, me casaria com um homem que não amava. Teria que forçar o sorriso mais suave e falso do mundo para mostrar à sociedade que estava tudo perfeitamente bem. A cada lágrima que caía, mais lembranças de quando conheci invadiram minha mente. Sem pedir licença até mesmo o gosto do seu beijo surgiu para me deixar ainda mais indefesa ao meu passado feliz.
— . — a voz que estremecia meu corpo e acelerava meu coração surgiu da porta como uma pequena luz no fim do túnel escuro que se transformou minha realidade.
Levantei meu olhar para ele, engolindo com as últimas lágrimas, minha tristeza e agonia. Passei a mão no rosto discretamente e ergui meu corpo. Não poderia demonstrar nenhum sinal de fraqueza agora, mas só de olhar em seus olhos, já não sentia mais nada em mim.
— O que faz aqui? Não deveria. — disse desviando o olhar dele — Sabe o que pode acontecer.
— Não me importo, não me importo com as ameaças do seu pai e nem daquele vereador idiota. — ele deu alguns passos até mim — , eu te amo, sabe disso, e você me ama.
— Não coloque palavras na minha boca. — voltei meu olhar para ele, de forma fingidamente segura — , tudo que eu deveria dizer a você, já disse há dois dias atrás, hoje é o dia do meu casamento e eu não vou…
Fui interrompida por um de seus beijos intensos e envolventes, com seus braços me envolvendo pela cintura. Como da última vez, ao invés de me sentir aquecida, eu sentia ainda mais a queda em minha vida. Quando minha mente voltou a razão, eu o empurrei e lhe dei um tapa em seu rosto.
— Nunca mais faça isso. — mantive a segurança na voz — Vá embora, e esqueça que um dia me conheceu.
Eu não vou desistir de você. Vou estar te esperando, sempre.
— Saia daqui. — eu me virei de costas para ele, para que não visse minhas lágrimas retornando de imediato.
Olhei para a janela e vi o céu escuro. A meteorologia do jornal já tinha previsto chuvas fortes naquele final de semana, e ali estava a primeira gota de chuva caindo do lado de fora. Seria isso um sinal de que minha vida a partir de agora seria assim? Somente lágrimas? Assim que ouvi a porta se fechando, deixei meu corpo desabar no chão e meus lágrimas caírem. Sim. Eu o amava. Amava com todas as minhas forças, e era exatamente isso que me fazia continuar com aquele casamento. Saber que ele estaria em segurança é o que me mantinha firme.
Pois, eu jamais esqueceria do dia em que o vi ser espancado por quatro seguranças em minha frente, a mando do meu pai. Lembro-me como se a cena se repetisse agora. Aquele dia era a nossa comemoração de dois meses na namoro escondido, não era bem um namoro, mas um romance inicial que me deixava a cada dia sem fôlego. Eu me sentia livre ao seu lado, amada e totalmente realizada. Mas tinha o lado B. era um homem simples, filho de operário e uma costureira, trabalhava na oficina mecânica de um tio, que mais parecia desmanche de carros. Aos olhos dos meus pais, ele não era a altura da filha de um banqueiro, e só queria o nosso dinheiro. Dinheiro que nunca me trouxe felicidade.
Respirei fundo, limpei as lágrimas e me levantei. Ao me virar para a porta, lá estava minha mãe e seu olhar de sempre. Ela adentrou em silêncio e pegou a caixa de maquiagem, me ajudou a disfarçar as olheiras causadas pelas lágrimas, borrifou mais um pouco de perfume e trocou o colar que estava em meu pescoço. Retirou o de pérolas e colocou o de diamante. Talvez quisesse me mostrar que ser sua filha tinha seu peso e valor.
— Não se esqueça do sorriso natural. — advertiu ela.
— Sim mamãe. — assenti.
Mesmo com a chuva forte que chegou repentinamente. Tudo seguiria conforte o plano. Os convidados já tinham se dirigido para a igreja e eu seguiria no carro de Philip com ele. Segundo papai, tinha que ir me acostumando estar ao lado do meu marido desde agora. Mas sempre que olhava para Philip, suas palavras ameaçando a vida de voltava em minha mente, me deixando mais abalada e sem forças. Não conseguia ver como nosso amor conseguiria sobreviver a tudo aquilo, todas as ameaças e pressões. Eu não iria aguentar vê-lo apanhar novamente, nem ser ferido. Até mesmo seu pai tinha sofrido um atentado e sido atropelado, no início quando enfrentei meu pai e disse que não me casaria.
— Você está linda. — disse Philip assim que entramos no carro — A noiva mais linda que já vi.
Sorri graciosamente para ele e virei meu rosto para o lado. Avistei um homem parado em cima de uma moto com uma jaqueta preta de couro. Philip saiu do carro por um momento, pois tinha esquecido alguns documentos do acordo de casamento. Mantive meu olhar naquele motoqueiro, que logo desceu da moto e retirou seu capacete, revelando quem era: . Suspirei fraco, segurando mais uma vez as lágrimas, como poderia continuar ali dentro daquele carro? Como poderia continuar, com o amor da minha vida ali parada debaixo da chuva somente esperando que eu corra para ele. Seu olhar triste me fez notar que suas lágrimas estavam sendo escondidas pela chuva.
Logo Philip retornou e percebendo que eu não estava com o cinto de segurança, o colocou em mim. E dando a partida seguiu com o carro vagarosamente por causa da chuva. Assim que o carro passou por , ele montou novamente na moto e nos seguiu, até que ultrapassou o carro se colocando em nossa frente. Eu me agarrei no cinto de segurança assim que o sinal fechou e tivemos que parar.
— Está tudo bem? — Philip me olhou e acariciou de leve minha face.
Assenti com o olhar e forcei outro sorriso.
Voltei meu olhar para frente e vi retirando uma correntinha do bolso, com um anel nela. O anel que ele havia me dado e eu tinha devolvido quando terminei tudo. Naquele instante eu já não tinha mais coração, pois o mesmo já estava totalmente destroçado dentro de mim. Em um piscar de olhos, o farol direito da moto começou a piscar, como se fosse um sinal dele para que eu soubesse que estava ainda me esperando.
Naqueles poucos segundos eu só tinha duas opções para escolher: Ou continuava dentro do carro e viveria a amarga vida que meus pais queriam para mim, ou enfrentava a chuva e as consequências e viveria a vida que eu queria para mim.
Eu estava entre a razão e o meu coração.
Desde que não estamos juntos
Rezo para que o tempo tempestuoso
Esconda estas lágrimas que espero que você nunca veja
Algum dia quando meu choro tiver acabado
Vou exibir um sorriso e caminhar ao sol
Talvez eu seja um tolo, mas até lá
Querida, você nunca me verá reclamar
Eu vou chorar na chuva.
- Crying In The Rain / A-ha
FIM?!
Mais uma fic, desta vez um drama pra não perder a prática kkkkkk quem me conhece sabe que não sou de escrever drama, e sim eu já imaginei uma continuação pra essa fic, só não sei se vai sair. Essa fic foi baseada em uma montagem que fizeram com a música Crying in the Rain do A-ha e um mv de uma música de kpop super choroso e acontece a cena do carro e da moto, que me fez escrever essa fic. Espero que tenham gostado e não ameacem a autora!! Sou sensível kkkkkkk
Bjinhos...
By: Pâms!!!!
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