Finalizada em ou Última atualização: 14/01/2023

Você é

Noruega, outono de 1927

Aquela era mais uma das muitas brigas que e tinham, desde que se casaram há duas primaveras. 

Resultado de um casamento arranjado, seus pensamentos eram divergentes em praticamente todos os assuntos que envolviam suas famílias e responsabilidades. O nobre visconde norueguês de família falida, salvou a pouca fortuna que lhe restou após desposar a filha do burguês mais rico da cidade de Oslo. E para completar, os rumores de que uma antiga amante de , a famosa acompanhante francesa Annabelle LeChant, havia retornado ao país, estava vivo pelas ruas da cidade.

— Eu já lhe concedi tantas demonstrações de fidelidade e lealdade. — a voz do visconde manteve a irritação esperada, pois as desconfianças de sua esposa já lhe tiravam a paz — O que mais desejas de mim?

O olhar confuso do marido, deu lugar à irritação. Ambos, fadados ao convívio eterno pela aliança do matrimônio, haviam feito uma promessa mútua: Honestidade e confiabilidade sempre. Por isso, sabia bem sobre a intensa paixão que o marido possuía pela amante no passado, assunto este causador da angustiante espera pela consumação do casamento, sendo concretizada em meados do inverno passado. Afinal, ambos tinham a responsabilidade com suas famílias e a coroa, de apresentar um herdeiro forte e saudável.

Para conquistar o mínimo de afeto e confiança da esposa, assim como a permissão para tocá-la, foi submetido a diversas provas de lealdade. A primeira delas foram os longos meses em que permaneceu sem sentir o calor do corpo de uma mulher ao lado em seu leito. Apesar de um péssimo pai, lord Adrian Tenebrae, seu progenitor, era um homem atencioso e carinhoso com a esposa, e sempre deixava esclarecido ao filho, que sua existência era apenas para cumprir com as obrigações de ter um herdeiro diante da coroa. 

Contudo, o visconde, havia aprendido algo valioso com ele, ser fiel à sua esposa. E não lhe importava se gostasse ou não da jovem dama, ou se seu corpo continuaria com seus anseios por LeChant. Ele lutaria contra seus sentimentos arduamente para manter a honra de sua esposa, não envergonhando-a com um relacionamento extraconjugal.

— Se ainda não entendes… Não vale a pena externar meus sentimentos. — deu o primeiro passo para afastar-se, frustrada pela resposta do marido, seguindo até a porta da biblioteca de sua residência.
— Ah sim, tens me ignorado desde o final do verão e agora quer compartilhar vossos pensamentos? — bufou irritado — Então, diga novamente que me odeia e deixe-me, como o fez na primavera. Acaso lembra-se do vosso marido atravessando o país para lhe trazer de volta para casa? Ah não, vossa memória apenas se permite lembrar do que és conveniente para vós.
— Então é isso que desejas? — ela parou e antes que pudesse tocar a maçaneta para se retirar, deu meia volta e o olhou com raiva e desapontamento — Uma renúncia definitiva de minha parte para ficar livre para ela.
— Ela quem? A quem se refere? — se pegou ainda mais confuso pelas insinuações da esposa.
— A vossa amante que retornou a cidade. — respirando fundo, tomou coragem para dizer de forma clara o motivo real daquela discussão — E sei que tens conhecimento disso.
— Ah, eu deveria ter imaginado o motivo por trás de vossa forma de tratamento comigo. — afirmou ele, com um olhar revoltado se aproximando dela — Então achas isso de mim? Após quase dois anos ao meu lado, ainda não me conheces?
— O que mais devo conhecer de ti, meu senhor? — ela manteve o olhar firme, com o rosto sereno.
— O que este matrimônio significa para mim, atualmente. — suas palavras soaram com impacto para ela, que nunca havia visto tanta intensidade no olhar do marido — Diga-me vosso sentimentos que direi os meus.
— Não acho que mereça saber o que sinto. — disse ela, desviando o olhar dele.
— Tens medo de admitir estar apaixonada pelo vosso marido? — instigou ele, e em provocação, segurou em sua cintura de forma a aproximar seus corpos.
— O que o faz acreditar em tal suposição? — ela tentou disfarçar, mas sentia o coração acelerado pelo seu toque, que a aquecia internamente.
— Vosso olhar para mim, todas as vezes que a beijo. — alegou ele, inclinando-se para aproximar seus rostos — Vosso corpo sussurra pelo meu sempre que a toco.
— Milorde. — ela sussurrou novamente, tentando manter a sanidade — Por que insistes que eu o ame? Se vosso coração já está ocupado?
— Sim, está. — admitiu ele, confiante no que dizia — Há algumas estações, meu coração tem sido ocupado apenas pela senhora a quem desposei, e tenho a certeza que se manterá até o final de minha vida. 

a acariciou com sutileza, fazendo-a fechar os olhos automaticamente. O toque dos lábios do marido nos seus, causaram um breve arrepio no corpo de . Com o pulsar mais forte de seu coração, ela sentiu-se segura o suficiente para se render aos braços do marido, permitindo-o tocá-la com mais intimidade que das outras vezes. Demonstrando ao visconde o nível de profundidade do amor a qual lutava contra diariamente.

No final, mais uma vez Tenebrae lhe provou que ela era a única para ele.

Você é a única que eu estou procurando.
Sim, você é
Eu acho que você está ficando louca o dia todo.
- Baby You Are / EXO

Amor: Um dia me disseram que o sorriso é uma forma de mostrarmos o quanto gostamos de alguém. Hoje me perguntaram se eu gostava de você, e eu apenas sorri.” - Pâms




FIM.




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