Chuva
Estava chovendo naquele dia e eu havia passado algumas horas a mais no laboratório de estruturas. Final de curso e a loucura do trabalho de conclusão me tiravam o sono, não tanto quando o sorriso de uma docente que sempre invadia meus sonhos. Seu nome? Dias, mas todos os alunos a chamavam de majestade, os outros professores e funcionários, simplesmente de .
A melhor e mais dedicada professora de estruturas da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, que eu conhecia, a mulher que deixava meu coração acelerado sem o menor esforço, e me fez passar meus cinco anos de graduação apenas sonhando em alcançar aqueles lábios por pelo menos uma única vez.
Confesso que desde a adolescência, sempre me interessei por mulheres mais velhas, por serem atraentes e mais maduras do que as jovens da minha idade. Por alguns meses antes de iniciar a faculdade, namorei uma advogada que tinha dois filhos, sua vida era tão corrida que nem mesmo conseguia me adaptar a sua rotina, então terminamos no dia em que minha vaga para federal saiu. No primeiro semestre conheci uma veterana de Arquitetura, e tive algumas semanas de aventuras com ela, até que no segundo semestre conheci a doutora em engenharia estrutural, dona do meu coração.
— Ah… — disse ao me espreguiçar, esticando os braços e sentindo minha coluna reclamar — Acho que está na hora de ir para casa.
Havia passado tanto tempo concentrado naquela planta estrutural. De repente, ouvi o barulho vindo do lado de fora do prédio, um trovão. Desde quando começou a chover? Voltei meus olhos para o desenho em minha frente, aliviado por ter levado o tubo de folhas. Assim que juntei tudo, segui para a saída lateral do prédio, do lado de fora parecia cair um dilúvio de tanta água, coloquei meu capuz e enfrentei a chuva correndo até o ponto de ônibus mais próximo que encontrei.
— A chuva não tem dado trégua. — um comentário soou ao meu lado, uma voz conhecida que me fez arrepiar mais do que a brisa fria do mal tempo.
Eu voltei meu olhar para sua direção e lá estava ela. Sentada em um banco, encolhida com seu casaco, tentando não ser molhada pela chuva. Fiquei estático por uns segundos, até que sorri desacreditado pela coincidência e retirei o capuz revelando meu rosto. sempre ia de carro para o campus da federal, era curioso vê-la ali esperando o ônibus.
— Estamos no final de janeiro, sempre chove no verão. — disse a ela, chamando sua atenção.
— ?! — ela voltou seu olhar para mim, parecia surpresa em me ver — O que faz aqui a essa hora?
— Terminando meu tcc. — respondi, tentando desviar meu olhar sem sucesso — E você? Sempre vem de carro.
— Ah, deixei na manutenção, os freios estavam com um barulho estranho. — ela se levantou, também mantendo o olhar fixo em mim.
Não era segredo meu interesse por ela, para ser honesto, todos da minha turma já sabiam e sempre faziam brincadeiras nas suas aulas sobre mim, o que a deixava ainda mais envergonhada me deixando mais atraído ainda. Era tão nítido na minha cara que não tinha nem como negar, eu não conseguia parar de olhá-la nem por um segundo. E meu nervosismo ajudava a me denunciar.
— Como tem ido seu projeto? — perguntou ela, ao olhar para meu tubo de folhas.
— Estou sobrevivendo, após ser abandonado por você. — confessei num tom de frustração.
— Você sabe que foi preciso, senão, nunca conseguiria terminar este projeto. — sua voz suave, me estremecia por dentro de uma forma surreal — Você perde o foco quando eu estou por perto.
Seu tom final soou com satisfação, como se ela gostasse dessa realidade, fazendo meu coração manter aquele ritmo acelerado.
— Você é realmente má. — disse em sussurro.
— Sou realista. — argumentou ela, com um sorriso de canto, presunçoso — Você indiscutivelmente foi o melhor aluno que tive.
Um sorriso escapou no meu rosto, e logo voltei a ficar sério. Nossos olhares cruzados, última semana de aula, há dois dias de defender meu projeto diante da banca final.
Que se dane!
Eu não iria mais me segurar, eu estava apaixonado, ela sabia e gostava da ideia, então…
Apenas me aproximei um pouco mais, e debaixo daquele céu nublado e chuvoso, terminei a história do universitário sonhador, ao tocar seus lábios com os meus, iniciando um beijo longo, doce e intenso.
Eu vi você sentada debaixo de um telhado
Escondendo-se da chuva (chuva)
Seus olhos me viram e ficaram surpresos
Enquanto acima de nós as nuvens estão flutuando
Eu falo com você um pouco nervoso
E ao mesmo tempo um sorriso me escapa
Terminamos toda a história.
- Black Clouds / NCT 127
“Vida: A felicidade só é verdadeira quando compartilhada.” - Pâms
FIM.
Hello gente, mais um ficstape, bem curtinho e espero que tenham gostado. Até a próxima fic.
Bjinhos...
By: Pâms!!!!
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