FFOBS - 12. Drive, por Pâms

Passeio Noturno

Dizem que o sorriso é uma forma de mostrarmos o quanto gostamos de alguém, deve ser por isso que eu sorrio sempre que penso nela. Seu jeito determinado de fazer as coisas, com um toque de perfeccionismo que às vezes até me assusta um pouco. Afinal, o que tem demais em ser desorganizado um pouco, deixar a toalha molhada em cima da cama de vez em quando, porque acordou atrasado para o trabalho, não mata ninguém. Ou fingir que a louça suja se lava sozinha, para ficar fazendo maratonas de Chicago Fire na Amazon Prime, ou qualquer dorama que esteja disponível na Netflix.

Se eu pudesse, certamente deixaria toda a minha responsabilidade profissional de lado, apenas para observá-la dormir no sofá-cama do home-office. Aquela expressão serena, com um sorriso escondido, que nem parecia que o mundo estava desabando para ela.

Felizmente, eu estava ali para apoiá-la.

— Hum… — eu a ouvi murmurar, ao se remexer no sofá, assim que dei o primeiro passo para me afastar da porta.
— … — sussurrou ela, com uma voz sonolenta — Já está indo?
— Sim, alguém tem que trabalhar aqui. — brinquei um pouco, descontraindo sua situação.
— Seu bobo. — ela abriu um olho só para me olhar, então jogou uma das almofadas em mim — Trabalhe direito e não se machuque.
— Sim, senhora. — bati em continência segurando o riso, e me afastei seguindo para sala.

Procurei pelas chaves da minha moto, as encontrando embaixo de uma almofada do sofá. Vesti a jaqueta e guardei o celular no bolso, mais um dia de treino e preparação se iniciava. Eu estava vivendo a melhor fase da minha vida, afinal, quem nunca sonhou em fazer sucesso em um grupo de k-pop? E lá estava eu fazendo sucesso sendo um dos integrantes do NCT. Fácil não era, com certeza, exigia muito esforço da minha parte em decorar as coreografias, cuidar da minha voz e manter a minha imagem longe de escândalos. E essa é a parte preocupante para ela.

Miller sempre foi minha amiga de infância desde que sua família se mudou para a casa ao lado da minha, filha de pais divorciados, embarcou para meu país com sua mãe deixando sua terra natal. Confesso que quando a vi pela primeira vez, com seu cabelo preso por uma presilha rosa e vestida com aquela jardineira de jeans, achei que ela tivesse saído daqueles sitcoms americanas, de tão linda que era.

Agora já adultos, com o apoio de nossas famílias, ambos seguimos nossos sonhos em Seoul, eu de ser cantor e ela designer de moda. Porém, minha melhor amiga não estava passando por uma boa fase financeira, após ser despejada do seu apartamento em Bukchon. Ela não queria voltar para casa da mãe, nem pedir ajuda a ela, o que restou foi ligar para seu velho amigo pedindo socorro. Foi estranho ouvir sua voz após sete anos sem vê-la, pois nossas vidas tomaram rumos distantes após eu me tornar um Rookie da SM Entertainment, e ela uma universitária bolsista do Seoul National University.

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Logo ao final da tarde, recebi uma mensagem dela, dizendo que não aguentava mais e estava desistindo. Um frio passou por meu corpo ao começar a imaginar coisas negativas que ela pudesse fazer. Nem mesmo parei para explicar ao manager o motivo de minha saída da sala de treinamento, pedi a um dos membros para me dar cobertura e corri até a moto.

sabia me fazer ficar preocupado com facilidade. Assim que cheguei ao meu apartamento, estava tudo silencioso. Procurei por ela, até que achei suas malas no canto da porta do home-office, adentrei mais o lugar e olhei para a bancada de estudos, tinha uma folha impressa com várias vagas de emprego escrita e riscadas a caneta. Seu portfólio ao lado estava fechado, pegando, folheei um pouco me admirando mais uma vez com seus desenhos, ela tinha talento.

— O que está mexendo aí?! — a voz de soou atrás de mim, e parando ao meu lado ela pegou seu portfólio da minha mão — Isso não me serve para nada.
— Por que não? Você desenha tão bem. — argumentei, não concordando com suas palavras.
— Do que me adianta desenhar bem e não ter o perfil adequado para a vaga. — ela falou de forma ríspida, como se estivesse imitando alguém — Ou seja, não tenho o padrão de beleza que a Coréia exige.
— Você é estrangeira, queria o que? — retruquei.
— Ah que legal, não tinha pensado nisso. — soou com ironia.

Natural. Sempre que ela estava chateada ou com raiva, suas palavras soavam irônicas e sarcásticas.

— Eu estou cansada… — ela suspirou em desabafo, sentando-se no sofá — Quando viemos para Seoul, prometemos nos esforçar para realizarmos nossos sonhos, mas… Eu não quero mais, estou cansada que sempre ouvir não, você não é qualificada, e quando consigo sou demitida após algumas depois.
— … — eu me sentei ao seu lado, não sabia o que dizer para consolá-la — Sabe que tem meu apoio, incondicional.
— Eu sei, mas… Não quero mais abusar da sua amizade e nem colocar sua imagem de figura pública em risco, imagina o que a SM faria com você se descobrissem que abriga uma maluca como eu há dois anos. — argumentou ela, nossa realidade atual.
— Eu digo a eles que é minha namorada. — brinquei, rindo baixo.

Vontade é o que não me faltava.

— Seu bobo, só iria piorar a situação. — ela bateu de leve em meu ombro.
— E o que pretende fazer? Fugir? — a confrontei — Viemos para Seoul com um propósito.
— Você pelo menos conseguiu realizar seu sonho… — alegou ela — Eu ligo a televisão e vejo meu melhor amigo fazendo sucesso com o grupo dele… Mas eu, , eu mal consegui me formar na universidade, e olha que teve alguns professores que não gostavam de mim.
— Não é motivo para desistir assim. — disse com seriedade — Onde está a minha amiga determinada?
— Eu não sei, acho que está cansada… — ela tentou segurar as lágrimas, sem muito sucesso — Eu somente consegui aquele estágio por uma indicação sua, é legal trabalhar em uma redação de revista de moda, mas não posso continuar assim... Não é exatamente o que quero fazer, a carreira que quero construir.
— Vamos pensar em alguma coisa, apenas não desista… — eu me levantei e estendi a mão para ela — Eu não vou deixar você desistir… É uma promessa.
— ?! — ela tentou questionar sem sucesso, então segurou em minha mão — O que está me propondo?

Sem responder, eu a puxei para mim. E se levantando no susto, ela recebeu um abraço meu, carinhoso e confortável para que se sentisse segura e motivada.

— Eu te amo, sabia. — sussurrou ela, tentando controlar suas emoções.
— Eu também te amo… — sussurrei de volta para ela.

Em uma ideia maluca, eu segurei em sua mão e a guiei para sair do apartamento. Colocando os capacetes, subimos em minha moto. Nada como uma volta cheia de adrenalina para nos trazer a sensação de liberdade e nos encher de expectativas, sob a brisa da noite refrescada pelas folhas do outono. Minha estação favorita me ajudaria a aquecer o coração da minha melhor amiga.

Era isso que ela precisava, era isso que eu queria lhe proporcionar.

Quando seu coração estiver triste sem motivo
Esqueça a realidade por um momento e vamos sair
Eu vou te pegar e passear por aí
O assento ao meu lado sempre está esperando por você.
- Drive / NCT Dream

“Amor: Um dia me disseram que o sorriso é uma forma de mostrarmos o quanto gostamos de alguém. Hoje me perguntaram se eu gostava de você, e eu apenas sorri.” - Pâms

FIM.

Nota da autora:
Hello gente, mais um ficstape, bem curtinho mais uma fofura de amizade. E sim, eu sei que o Yuta não é do Dream, mas como ele é meu bias do NCT, só consigo escrever com ele, vocês podem ler com qualquer um. Até a próxima.
Bjinhos...
By: Pâms!!!!
Jesus bless you!!!

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