FFOBS - 11. Tras De Mi, por Pâms

Adeus?

— Você não dá a mínima pra sua família. — da sala a voz alterada da mulher soava pela casa.
— Eu sustento essa casa, o que mais você quer? — a voz do homem se elevou um pouco mais.
— Que você seja pelo menos um pai de verdade, já que marido não é possível. — retrucou a mulher, agora com traços de choro na voz.

No segundo andar da casa estava a filha do casal. tinha completado 16 anos há duas semanas e as brigas dos seus pais já não eram mais novidade para ela. Desde que se entendia por gente, ela via as rotineiras brigas dos seus pais. E quanto mais brigavam, mais ela pensava em fugir de casa e viver longe daquele ambiente tóxico.

Morar no interior de Portugal não ajudava muito também. Aljezur era uma cidade de 5 mil habitantes, em que praticamente todos se conheciam e sabiam bem que o casamento dos Dawson, donos do maior mercadinho da região, era de aparência e quem mais sofria com a falta de amor dos dois, era sua filha. Sobreviver a tudo aquilo não tinha sido fácil para a garota que só desejava ter uma vida mais leve. Agora, estava decidida que iria embora sem olhar pra trás.

Com suas roupas tumultuadas dentro da pequena mochila, as moedas que havia juntado dos muitos trabalhos de meio período e os documentos no bolso da calça, ela estava pronta para desaparecer. Mas não queria ir sozinha, e só tinha uma pessoa que ela desejava por perto. Em alta madrugada, correndo pelas estreitas ruas da parte mais silenciosa da pacata cidade, ela parou em frente a casa do seu melhor amigo. Era uma casa de esquina e o quarto do garoto ficava na lateral, dando vista para um pequeno jardim que tinha em frente.

— ! — a voz de soou baixo, porém nítida, seguido do barulho de uma pedrinha acertando a janela — !

Ela o chamou mais algumas vezes, até que finalmente o menino abriu a janela do quarto. Seu olhar confuso se misturava ao susto por ter sido acordado no meio da noite. Após esfregar os olhos ainda sonolentos, ele percebeu que a amiga estava com a mochila nas costas e o olhar de adeus.

— ? O que faz aqui a essa hora? — ele pulou a janela, e caminhou pelos ladrilhos do jardim até se aproximar da grade.
— Estou indo embora. — disse ela.

Ele caminhou mais um pouco até chegar no portão e abri-lo. Somente naquele momento ele reparou que os olhos de sua amiga estavam molhados. Certamente pelas lágrimas.

— Pra onde? — perguntou ele, se preocupando.
— Eu não sei ainda. — respondeu ela, com um olhar indeciso — Estou em dúvida se vou para Lisboa ou para Coimbra, mas aqui eu não fico nem mais um segundo.
— Você tem certeza disso? — o olhar de estava temeroso por sua amiga.
— Tenho. Vem comigo? — pediu ela.
— Não posso. — disse ele — Não posso deixar minha avó, sabe que ela está doente.
— Eu sei. — era visível a tristeza nos olhos da garota, mas mesmo que fosse sozinha, ela não ia desistir.
— Promete que não vai me esquecer? — disse ele, com medo de perder a amiga para o desconhecido.
— Eu que deveria dizer isso. — ela riu baixo e impulsionando seu corpo, deu um selinho rápido dele — Promete que vai me encontrar? Como naquela vez que eu me perdi na reserva.
— Você é minha melhor amiga, eu sempre vou te achar. — ele sorriu esperançoso.

Não era somente amizade, ambos estavam certos que mesmo com essa momentânea distância…

Um dia se encontrariam novamente.

Tenho uma passagem só de ida
E um monte de sonhos dentro de uma mochila
Um adeus pros meus pais
Muito medo e muita vontade de poder viver

Abrir as asas para fugir sem limites
Para encontrar liberdade
Longe daqui, longe daqui.
- Tras De Mi / Nuestro Amor

“Decisão: A vida é feita de escolhas. Quando você dá um passo à frente, inevitavelmente alguma coisa fica para trás.” - Pâms.

FIM?

Nota da autora:
Hello gente, mais um ficstape, mais uma história curtinha. Até a próxima.
Bjinhos...
By: Pâms!!!!
Jesus bless you!!!

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