Capítulo Único
ergueu os braços e se espreguiçou. Depois, abriu as pernas e se alongou. Prendeu o cabelo em um rabo de cavalo bem no alto da cabeça e deu alguns pulinhos no lugar para se aquecer.
era uma jovem atriz tentando crescer na carreira e ser reconhecida na profissão. Desde muito pequena, a garota fazia questão de participar de todas as peças teatrais da escola, além de ter desenvolvido o costume de dublar os personagens de tudo o que assistia, em frente à televisão.
Ela já havia feito algumas pontas em alguns filmes e chegou até mesmo a participar de um ou outro episódio de alguma série aleatória de algum canal fechado. Mas nunca tinha tido a oportunidade de realmente mostrar todo o seu talento, tampouco de desenvolver, de fato, algum personagem.
Até agora.
Porque havia se inscrito para participar do novo filme da Netflix, cujo teste seria no dia seguinte. Ainda que o personagem cujo papel a garota iria tentar não fosse o de maior destaque, mas sim uma personagem secundária, aquela seria a sua grande chance de ser vista e de lançar o seu nome no mercado cinematográfico.
E como a garota já não dormia há três dias, tamanha a ansiedade, decidiu sair para correr naquele dia, a fim de gastar a energia acumulada para que pudesse se concentrar, mais tarde, ensaiaria para o seu teste.
Mas como nem tudo são flores, e nem sempre as coisas acontecem conforme planejava, a sua corrida durou pouco. Isso porquê, quando finalmente chegou ao parque próximo à sua casa - o mesmo parque ela dizia, desde que se mudara para aquele endereço, que iria frequentar todos os dias para se exercitar, mesmo nunca o tendo feito - a garota tropeçou nos próprios pés e caiu.
Como se não bastasse a humilhação de cair em meio a várias outras pessoas, ao tentar se levantar, soltou um gritinho.
- Ah, não! - sentou-se ali mesmo onde estava, no meio do gramado, e levou a mão ao tornozelo.
- Ai! - reclamou. E ao constatar o que já desconfiava desde o início, a garota suspirou. - Tantos dias para torcer o tornozelo, , e você foi escolher logo a véspera do dia mais importante da sua vida.
A garota jogou o corpo para trás, deitando-se. Olhou para cima, onde as copas das árvores bloqueavam a luz do sol, e se xingou internamente por ter tido a ideia estúpida de se exercitar logo naquele dia.
- Você odeia se exercitar, . - ela se lembrou. Suspirou alto, segurando a vontade de chorar.
- Está tudo bem, está tudo bem. - ela repetiu. - Vai ficar tudo bem. Eu só preciso lembrar as minhas falas amanhã e vai ficar tudo bem.
Algumas pessoas que passavam perto dela a olhavam com a testa franzida. Sim, ela estava falando sozinha, em meio a um parque, após cinco minutos de corrida. Ela estava frustrada, mas estava tentando convencer a si mesma de que para tudo tinha uma solução, e que machucar o tornozelo não era o fim do mundo.
- Não é como se eu fosse disputar um papel de um personagem corredor, afinal de contas. - ela se lembrou.
Seu diálogo interno, contudo, foi interrompido quando se surpreendeu com a presença de um cachorro. Mas não um cachorro qualquer, um grande cachorro que, por algum motivo, achou que se deitar ao lado de fosse uma boa ideia.
- Ei, grandão. - ela o cumprimentou. O cachorro tinha a língua para fora e respirava pesadamente, como se tivesse corrido muito até chegar até ali.
- Bem, pelo menos um de nós praticou uma boa corrida, não é?
As pessoas ainda olhavam para , mas agora o estranhamento havia passado - como se falar com um cachorro fosse muitíssimo mais aceitável que conversar sozinha. Bem, não podia concordar mais.
- Está perdido? - ela perguntou. O cachorro era bem tratado e tinha os pelos aparados. Além disso, usava uma coleira com uma plaquinha de identificação. “Bob”. - Oi, Bob, meu nome é . Onde está o seu dono? - perguntou novamente, sem esperar, realmente, por uma resposta.
Quer dizer, não era como se Bob fosse se levantar e passar a responder as perguntas da garota, afinal de contas.
Mas não precisou esperar que Bob falasse com ela, já que a resposta para as suas perguntas estava correndo em sua direção.
- Oh, não! - de todos os cumprimentos que poderia esperar, aquele foi o único que ela não previra. - Bob, o que você fez?!
Bob estava muito confortável ao lado de enquanto recebia carinho dela, e, por isso, em resposta, Bob apenas balançou o rabo para o dono.
- Hm… - tentou começar uma frase, mas foi interrompida pelo estranho que se agachou em frente à ela.
- Está ferida? - ele perguntou.
E naquele momento não sabia por qual motivo estava mais surpresa, se pelo fato daquele rapaz estranho estar preocupado com a saúde dela, ou se pelo fato de aquele garoto estranho, na verdade, não ser um garoto estranho. Bem, pelo menos não para ela.
- Bob te derrubou? Está machucada?
estava atordoada por estar em frente a .
. .
Era ele mesmo? Não podia ser...
- Hm… - ela limpou a garganta. - Desculpe, mas… Você é o ? - ele ergueu as sobrancelhas.
- Sou. Você me conhece? - o mais surpreendente, era que ele parecia, realmente, surpreso por ter sido reconhecido.
- Conheço, claro. - ela respondeu com uma risadinha nervosa, um pouco descontrolada. Como ela poderia não conhecer? sorriu para ela, quase envergonhado, e então voltou a olhar para Bob.
- A coleira dele arrebentou e ele saiu correndo na frente e, por alguns minutos, acabei perdendo-o de vista. Bob te machucou muito? - foi a vez de erguer as sobrancelhas.
- Não. Por que ele faria isso?
- Seu tornozelo está inchado. - ele apontou para o pé dela. - Bob… - então entendeu.
- Ah, não! - ela soltou uma risadinha. - Eu torci o pé sozinha, Bob não teve nada a ver com isso. Na verdade, ele estava me fazendo companhia.
pareceu não acreditar no início, mas acabou aceitando a explicação dela.
E em um sobressalto, o garoto percebeu que não havia se apresentado adequadamente a ela.
- Sou , mas acho que você já sabe. - ele falou com um sorriso, estendendo a mão à . - Qual o seu nome?
- . - ela respondeu, depressa. - . - corrigiu.
- Você mora aqui perto, ? - a garota precisou piscar os olhos algumas vezes para acreditar que estava ali, em um parque, na frente dela, chamando-a de como se fossem velhos conhecidos.
- Três quadras daqui.
- Oh, entendo. - ele respondeu. - Precisa de ajuda para levantar? Vou buscar o carro e então posso te dar uma carona até a sua casa. - a fala dele foi tão inesperada, que a garota quase se engasgou com a própria saliva. Ok, em que mundo paralelo tinha ido parar, afinal de contas?
- Ah, não precisa se preocupar, eu moro aqui perto…
- De jeito nenhum. - ele a interrompeu. - Você não vai conseguir andar três quadras. E o meu carro está parado no estacionamento do parque. Fique aqui e me espere, eu volto logo. - se levantou, colocou a coleira em Bob novamente, e então puxou o cachorro atrás dele. - Eu já volto. - ele garantiu.
Mas era claro que não esperava que , de fato, voltasse. Quer dizer, não era como se o rapaz não tivesse coisas mais importantes e urgentes na agenda dele, afinal de contas, dar carona para uma completa desconhecida que ele encontrou no chão de um parque não parecia ser algo com o qual ele devesse se preocupar.
Mas ele se preocupava. E prova disso foi o carro parando em local proibido, com o pisca-alerta ligado, em frente onde estava sentada. O vidro do lado do carona abaixou, e pôde ver no banco do motorista e Bob no banco de trás, com a língua de fora.
- Quer ajuda para se levantar?
não soube o que responder. Por um segundo, a garota sentiu como se estivesse vivendo em alguma fanfic. Ficou encarando o carro com o vidro aberto, esperando que a realidade batesse sobre ela.
Mas aquilo tudo era real. E estava a esperando, dentro do carro, para lhe dar uma carona até sua casa.
- Não precisa! - ela respondeu.
Levantou-se com cuidado, sem apoiar o pé machucado no chão, e limpou a calça, já que estava sentada na grama do parque. Caminhou lentamente, mancando, até o carro - que já estava com a porta aberta a esperando - e entrou.
- E então, qual o seu endereço?
Talvez fosse porque antes eles estivessem em um espaço aberto e agora dentro do carro, com os vidros fechados, mas não tinha reparado no cheiro dele. No perfume cítrico, forte. Uma mistura de pós-banho com loção masculina. O perfume era bom, muito bom mesmo.
- Ah… Pode seguir em frente. Na segunda quadra, é só virar à direita e então chegamos.
E assim ele o fez. A viagem foi tão rápida, já que os semáforos estavam todos abertos, que mal tiveram tempo de trocar mais que duas palavras - não que tivesse muita coisa para falar de si, mas é que a garota se encontrava em uma situação completamente aleatória e inusitada. Não era como se ela fosse ter outra chance de estar a sós com de novo, ou qualquer outro artista que ela gostava.
- É a quarta casa, aquela de portão branco. - ela apontou no instante que entrou na rua dela.
A ficha dela, contudo, só caiu realmente quando o carro finalmente parou e se virou para com um sorriso doce. E foi nesse momento que a garota se arrependeu de ter deixado a surpresa tomar conta dela, porque, por esse motivo, perdeu uma boa oportunidade de bater um papo com um dos atores mais queridinhos da atualidade.
- Espero que melhore logo. - disse, apontando para o tornozelo dela, no instante que abriu a porta do carro. - A gente se vê por aí.
- Obrigada pela carona, de verdade. - ela agradeceu com um sorriso. Fez um último carinho em Bob e desceu do carro. Antes de chegar ao portão de sua casa, ouviu o carro partindo, deixando para trás a certeza de que aquele dia tinha sido o mais estranho de sua vida e que não, ela e não iriam “se ver por aí”.
tirou o cinto de segurança quando sua irmã estacionou o carro.
- Eu poderia ter vindo de metrô. - disse à irmã.
- Não com esse tornozelo machucado.
não pediu carona à Elena, mas a irmã insistiu em levá-la até o estúdio onde ocorreria o teste de , temendo que a caçula se machucasse mais ao ficar andando com o tornozelo inchado daquele jeito.
- Boa sorte. Você vai arrasar!
- Obrigada. - respondeu. Tentou dar um sorriso confiante para Elena, mas tudo o que conseguiu fazer foi uma careta.
Mal chegara ao estúdio e já tinha o estômago embrulhado. Ao se identificar na portaria e receber um crachá escrito “Visitante”, a garota percebeu o quanto suas mãos estavam tremendo ao prendê-lo na roupa.
O prédio era horizontal, o que significava que tinha apenas um andar, mas vários e vários metros de comprimento. Além disso, o local era tão gigantesco que havia várias placas com setas apontando para as direções dos diferentes setores. foi levada para o setor de “Casting” quando pediram para que ela aguardasse ser chamada dentro de uma sala escrita “Sala de Espera”.
Ela estava sozinha na sala. Apesar da porta ser de madeira, a parede que dava para o corredor era inteira de vidro, o que permitia que a garota tivesse uma boa visão do movimento lá fora. Com as pernas inquietas e as mãos suando, se perguntou por que estava sozinha ali. Várias possibilidades passaram na sua mente, dentre elas, o fato de que a atriz para o papel que faria o teste, já ter sido escolhida e a produção ter esquecido de avisá-la que o teste estaria cancelado.
Talvez ela tivesse chegado atrasada, ou muito adiantada, mas não havia essa possibilidade, já que conferiu o e-mail que marcara o teste para aquele dia e horário, várias e várias vezes.
- Será que tem outra menina fazendo o teste nesse momento? - ela se perguntou baixinho. Suas angústias, contudo, foram deixadas de lado quando a presença de uma pessoa a surpreendeu.
- Ei! - também pareceu bastante surpreso ao encontrar ali. O rapaz parou de andar no momento em que a viu pela janela, e a cumprimentou do lado de fora. Abriu a porta da sala em que ela estava e entrou. - O que está fazendo aqui? - ele perguntou, com um sorriso surpreso.
- Vim fazer um teste. - ela respondeu. A sua ansiedade, somada o nervosismo de estar diante dele, de novo, fez com que a garota soltasse uma risadinha.
- Oh… Entendo. Não sabia que era atriz. - ele respondeu. - E o seu tornozelo, como está?
estava de pé e nem se lembrava que estava sentindo dor até um minuto atrás.
- Está bem melhor, obrigada.
Eles ficaram em silêncio por apenas um segundo, até que se forçasse a puxar conversa.
- E você, o que está fazendo aqui?
- Ah, eu vou participar de um filme que a Netflix vai produzir e me chamaram para participar dos testes com as atrizes que vão tentar o papel da protagonista. Oh! - ele ergueu a sobrancelha. - Você está tentando este papel? - riu de novo, dessa vez envergonhada.
- Ah, não… Vou tentar o papel secundário, Mary. O da melhor amiga.
balançou a cabeça em sinal de concordância. Ele já tinha lido o roteiro do início ao fim várias vezes, sabia qual era a personagem de quem falava.
- . - uma mulher chamou da porta. - Me acompanhe, por favor.
Havia chegado a hora. O momento decisivo, o teste da sua vida. sentiu o coração bater disparado com a possibilidade de, finalmente, ter a oportunidade de fazer parte de uma grande produção, de ter o seu nome em destaque nos pôsteres do filme, de participar de entrevistas de elenco… Era tudo o que ela sempre sonhou, afinal de contas.
- Ei, boa sorte. - sussurrou para ela. respondeu apenas com um sorriso, contudo, já que parecia que a voz tinha sumido por um segundo.
Seguiu a funcionária até a porta da frente, essa sem uma parede de vidro que mostrasse o interior da sala. Antes de entrar, deu uma última olhada para trás, onde caminhava rumo a outra das tantas salas do corredor.
Respirou fundo, encheu-se de coragem e confiança e entrou na sala de testes.
levantou o celular procurando por sinal, mas, aparentemente, o prédio da Netflix não tinha um bom sinal de internet, tampouco para fazer ligações. A garota olhou para fora apenas para confirmar que a chuva continuava a cair, talvez até mais forte que dez minutos atrás quando chegou até a portaria do prédio e devolveu seu crachá de identificação.
Queria ligar para Elena para pedir por uma carona, ou ao menos chamar um táxi, mas até o momento não estava tendo sorte. E foi naquele momento que foi salva mais uma vez.
- Já está indo embora? - a garota olhou para trás. estava parado atrás dela com as mãos nos bolsos e um sorriso leve nos lábios.
- Estou tentando, mas não estou conseguindo chamar um táxi. Sem sinal. - ela disse, mostrando o celular.
soltou uma risadinha, sabendo muito bem do que ela falava. Era uma drama sem fim quando trabalhavam até tarde e ele e os colegas precisavam pedir algo para comer e ninguém conseguia sinal para ligar para o restaurante mais próximo.
- Posso te dar uma carona se quiser.
deixou o queixo cair, surpresa. deu de ombros.
- Eu conheço o caminho, afinal de contas. - a garota tombou o pescoço para o lado.
- Isso já está virando rotina. - ela comentou, rindo.
Olhou mais uma vez para fora. A chuva ainda caía forte e então começou a ventar, o tempo começou a esfriar e não tinha levado nenhum agasalho com ela. Passou as mãos nos braços descobertos e voltou a atenção para , que se mantinha na mesma posição.
- Não quero atrapalhar. - ela disse. Realmente não queria ser um incômodo para ele, mas também não queria ficar ali sem ter como ir embora.
- Não vai me atrapalhar. - ele disse, rindo. - Até porque fui eu que ofereci, não se preocupe. Vou buscar o carro e trago até aqui.
- Posso ir com você…
- Você não pode correr com o pé assim. Espere aqui que eu já volto.
E com uma piscadinha seguida por um sorriso de lado, correu sob a chuva até o carro que estava a poucos metros da entrada. Dirigiu até onde estava, e seguiu para a saída do estúdio.
nem mesmo precisou perguntar o endereço de , ele se lembrava bem. Dessa vez, contudo, o caminho até a casa da garota não foi silencioso como no dia anterior. já não estava mais em choque por estar sentada do lado de um cara que ela conheceu na tela da sua televisão por meio de uma série da Netflix. era super simpático e conversava com como se fossem velhos conhecidos. Por isso foi fácil falar com ele sobre Bob, e o quanto o cachorro gostou de conhecê-la, sobre como ele sempre fugia de , mas nunca ia muito longe, e sobre como o cachorro gostava de passear no parque nos finais de semana - que eram os dias que tinha livres.
O assunto, então, mudou para o tempo. Mudanças climáticas de última hora eram super inconvenientes, já que dificilmente as pessoas estão preparadas para estas mudanças, a exemplo daquela chuva imprevisível. duvidava que alguém tivesse saído de casa naquele dia com um guarda-chuva embaixo do braço, e tinha certeza que aquela queda de temperatura renderia um belo resfriado em algumas pessoas.
O tempo juntos, contudo, foi rápido demais. Como no dia anterior, todos os semáforos estavam abertos e havia poucos carros na rua àquela hora. Mesmo dirigindo devagar e com mais cuidado por conta da chuva, se viu parando em frente à casa de rápido demais.
Ele não queria se despedir dela. Não ainda.
- Então… Obrigada pela carona. - ela disse, sorrindo. - De novo. - ele riu.
- Foi um prazer.
E quando levou a mão à maçaneta, pronta para abrir a porta e correr para dentro de casa, ele a interrompeu:
- Ei, hm… - o rapaz coçou a nunca. - Você vai fazer alguma coisa no final de semana? - enrugou a testa.
- Acho que não…? - respondeu, meio em dúvida. De onde tinha vindo aquela pergunta, afinal de contas?
- Porque eu estava pensando em chamá-la para jantar no sábado. - ele disse, tranquilamente, apoiando a cabeça no encosto do banco. - ergueu as sobrancelhas.
- Bem, se você chamasse, eu talvez respondesse que aceito sair com você no sábado.
Foi a vez dele se mostrar surpreso com a brincadeira dela. Com um sorriso de lado, então, perguntou:
- Você aceita jantar comigo no sábado, ? - com um sorriso aberto, surpresa, mas satisfeita, respondeu:
- Claro! Espero que não se importe de me dar uma carona. - começou a rir, e o acompanhou. A garota salvou o número dele na agenda do seu celular e se despediu dele, com a promessa de que o rapaz chegaria às sete horas da noite, em ponto, para levá-la para jantar.
- Prometo não atrasar. - ele garantiu.
- Mal posso esperar.
era uma jovem atriz tentando crescer na carreira e ser reconhecida na profissão. Desde muito pequena, a garota fazia questão de participar de todas as peças teatrais da escola, além de ter desenvolvido o costume de dublar os personagens de tudo o que assistia, em frente à televisão.
Ela já havia feito algumas pontas em alguns filmes e chegou até mesmo a participar de um ou outro episódio de alguma série aleatória de algum canal fechado. Mas nunca tinha tido a oportunidade de realmente mostrar todo o seu talento, tampouco de desenvolver, de fato, algum personagem.
Até agora.
Porque havia se inscrito para participar do novo filme da Netflix, cujo teste seria no dia seguinte. Ainda que o personagem cujo papel a garota iria tentar não fosse o de maior destaque, mas sim uma personagem secundária, aquela seria a sua grande chance de ser vista e de lançar o seu nome no mercado cinematográfico.
E como a garota já não dormia há três dias, tamanha a ansiedade, decidiu sair para correr naquele dia, a fim de gastar a energia acumulada para que pudesse se concentrar, mais tarde, ensaiaria para o seu teste.
Mas como nem tudo são flores, e nem sempre as coisas acontecem conforme planejava, a sua corrida durou pouco. Isso porquê, quando finalmente chegou ao parque próximo à sua casa - o mesmo parque ela dizia, desde que se mudara para aquele endereço, que iria frequentar todos os dias para se exercitar, mesmo nunca o tendo feito - a garota tropeçou nos próprios pés e caiu.
Como se não bastasse a humilhação de cair em meio a várias outras pessoas, ao tentar se levantar, soltou um gritinho.
- Ah, não! - sentou-se ali mesmo onde estava, no meio do gramado, e levou a mão ao tornozelo.
- Ai! - reclamou. E ao constatar o que já desconfiava desde o início, a garota suspirou. - Tantos dias para torcer o tornozelo, , e você foi escolher logo a véspera do dia mais importante da sua vida.
A garota jogou o corpo para trás, deitando-se. Olhou para cima, onde as copas das árvores bloqueavam a luz do sol, e se xingou internamente por ter tido a ideia estúpida de se exercitar logo naquele dia.
- Você odeia se exercitar, . - ela se lembrou. Suspirou alto, segurando a vontade de chorar.
- Está tudo bem, está tudo bem. - ela repetiu. - Vai ficar tudo bem. Eu só preciso lembrar as minhas falas amanhã e vai ficar tudo bem.
Algumas pessoas que passavam perto dela a olhavam com a testa franzida. Sim, ela estava falando sozinha, em meio a um parque, após cinco minutos de corrida. Ela estava frustrada, mas estava tentando convencer a si mesma de que para tudo tinha uma solução, e que machucar o tornozelo não era o fim do mundo.
- Não é como se eu fosse disputar um papel de um personagem corredor, afinal de contas. - ela se lembrou.
Seu diálogo interno, contudo, foi interrompido quando se surpreendeu com a presença de um cachorro. Mas não um cachorro qualquer, um grande cachorro que, por algum motivo, achou que se deitar ao lado de fosse uma boa ideia.
- Ei, grandão. - ela o cumprimentou. O cachorro tinha a língua para fora e respirava pesadamente, como se tivesse corrido muito até chegar até ali.
- Bem, pelo menos um de nós praticou uma boa corrida, não é?
As pessoas ainda olhavam para , mas agora o estranhamento havia passado - como se falar com um cachorro fosse muitíssimo mais aceitável que conversar sozinha. Bem, não podia concordar mais.
- Está perdido? - ela perguntou. O cachorro era bem tratado e tinha os pelos aparados. Além disso, usava uma coleira com uma plaquinha de identificação. “Bob”. - Oi, Bob, meu nome é . Onde está o seu dono? - perguntou novamente, sem esperar, realmente, por uma resposta.
Quer dizer, não era como se Bob fosse se levantar e passar a responder as perguntas da garota, afinal de contas.
Mas não precisou esperar que Bob falasse com ela, já que a resposta para as suas perguntas estava correndo em sua direção.
- Oh, não! - de todos os cumprimentos que poderia esperar, aquele foi o único que ela não previra. - Bob, o que você fez?!
Bob estava muito confortável ao lado de enquanto recebia carinho dela, e, por isso, em resposta, Bob apenas balançou o rabo para o dono.
- Hm… - tentou começar uma frase, mas foi interrompida pelo estranho que se agachou em frente à ela.
- Está ferida? - ele perguntou.
E naquele momento não sabia por qual motivo estava mais surpresa, se pelo fato daquele rapaz estranho estar preocupado com a saúde dela, ou se pelo fato de aquele garoto estranho, na verdade, não ser um garoto estranho. Bem, pelo menos não para ela.
- Bob te derrubou? Está machucada?
estava atordoada por estar em frente a .
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Era ele mesmo? Não podia ser...
- Hm… - ela limpou a garganta. - Desculpe, mas… Você é o ? - ele ergueu as sobrancelhas.
- Sou. Você me conhece? - o mais surpreendente, era que ele parecia, realmente, surpreso por ter sido reconhecido.
- Conheço, claro. - ela respondeu com uma risadinha nervosa, um pouco descontrolada. Como ela poderia não conhecer? sorriu para ela, quase envergonhado, e então voltou a olhar para Bob.
- A coleira dele arrebentou e ele saiu correndo na frente e, por alguns minutos, acabei perdendo-o de vista. Bob te machucou muito? - foi a vez de erguer as sobrancelhas.
- Não. Por que ele faria isso?
- Seu tornozelo está inchado. - ele apontou para o pé dela. - Bob… - então entendeu.
- Ah, não! - ela soltou uma risadinha. - Eu torci o pé sozinha, Bob não teve nada a ver com isso. Na verdade, ele estava me fazendo companhia.
pareceu não acreditar no início, mas acabou aceitando a explicação dela.
E em um sobressalto, o garoto percebeu que não havia se apresentado adequadamente a ela.
- Sou , mas acho que você já sabe. - ele falou com um sorriso, estendendo a mão à . - Qual o seu nome?
- . - ela respondeu, depressa. - . - corrigiu.
- Você mora aqui perto, ? - a garota precisou piscar os olhos algumas vezes para acreditar que estava ali, em um parque, na frente dela, chamando-a de como se fossem velhos conhecidos.
- Três quadras daqui.
- Oh, entendo. - ele respondeu. - Precisa de ajuda para levantar? Vou buscar o carro e então posso te dar uma carona até a sua casa. - a fala dele foi tão inesperada, que a garota quase se engasgou com a própria saliva. Ok, em que mundo paralelo tinha ido parar, afinal de contas?
- Ah, não precisa se preocupar, eu moro aqui perto…
- De jeito nenhum. - ele a interrompeu. - Você não vai conseguir andar três quadras. E o meu carro está parado no estacionamento do parque. Fique aqui e me espere, eu volto logo. - se levantou, colocou a coleira em Bob novamente, e então puxou o cachorro atrás dele. - Eu já volto. - ele garantiu.
Mas era claro que não esperava que , de fato, voltasse. Quer dizer, não era como se o rapaz não tivesse coisas mais importantes e urgentes na agenda dele, afinal de contas, dar carona para uma completa desconhecida que ele encontrou no chão de um parque não parecia ser algo com o qual ele devesse se preocupar.
Mas ele se preocupava. E prova disso foi o carro parando em local proibido, com o pisca-alerta ligado, em frente onde estava sentada. O vidro do lado do carona abaixou, e pôde ver no banco do motorista e Bob no banco de trás, com a língua de fora.
- Quer ajuda para se levantar?
não soube o que responder. Por um segundo, a garota sentiu como se estivesse vivendo em alguma fanfic. Ficou encarando o carro com o vidro aberto, esperando que a realidade batesse sobre ela.
Mas aquilo tudo era real. E estava a esperando, dentro do carro, para lhe dar uma carona até sua casa.
- Não precisa! - ela respondeu.
Levantou-se com cuidado, sem apoiar o pé machucado no chão, e limpou a calça, já que estava sentada na grama do parque. Caminhou lentamente, mancando, até o carro - que já estava com a porta aberta a esperando - e entrou.
- E então, qual o seu endereço?
Talvez fosse porque antes eles estivessem em um espaço aberto e agora dentro do carro, com os vidros fechados, mas não tinha reparado no cheiro dele. No perfume cítrico, forte. Uma mistura de pós-banho com loção masculina. O perfume era bom, muito bom mesmo.
- Ah… Pode seguir em frente. Na segunda quadra, é só virar à direita e então chegamos.
E assim ele o fez. A viagem foi tão rápida, já que os semáforos estavam todos abertos, que mal tiveram tempo de trocar mais que duas palavras - não que tivesse muita coisa para falar de si, mas é que a garota se encontrava em uma situação completamente aleatória e inusitada. Não era como se ela fosse ter outra chance de estar a sós com de novo, ou qualquer outro artista que ela gostava.
- É a quarta casa, aquela de portão branco. - ela apontou no instante que entrou na rua dela.
A ficha dela, contudo, só caiu realmente quando o carro finalmente parou e se virou para com um sorriso doce. E foi nesse momento que a garota se arrependeu de ter deixado a surpresa tomar conta dela, porque, por esse motivo, perdeu uma boa oportunidade de bater um papo com um dos atores mais queridinhos da atualidade.
- Espero que melhore logo. - disse, apontando para o tornozelo dela, no instante que abriu a porta do carro. - A gente se vê por aí.
- Obrigada pela carona, de verdade. - ela agradeceu com um sorriso. Fez um último carinho em Bob e desceu do carro. Antes de chegar ao portão de sua casa, ouviu o carro partindo, deixando para trás a certeza de que aquele dia tinha sido o mais estranho de sua vida e que não, ela e não iriam “se ver por aí”.
tirou o cinto de segurança quando sua irmã estacionou o carro.
- Eu poderia ter vindo de metrô. - disse à irmã.
- Não com esse tornozelo machucado.
não pediu carona à Elena, mas a irmã insistiu em levá-la até o estúdio onde ocorreria o teste de , temendo que a caçula se machucasse mais ao ficar andando com o tornozelo inchado daquele jeito.
- Boa sorte. Você vai arrasar!
- Obrigada. - respondeu. Tentou dar um sorriso confiante para Elena, mas tudo o que conseguiu fazer foi uma careta.
Mal chegara ao estúdio e já tinha o estômago embrulhado. Ao se identificar na portaria e receber um crachá escrito “Visitante”, a garota percebeu o quanto suas mãos estavam tremendo ao prendê-lo na roupa.
O prédio era horizontal, o que significava que tinha apenas um andar, mas vários e vários metros de comprimento. Além disso, o local era tão gigantesco que havia várias placas com setas apontando para as direções dos diferentes setores. foi levada para o setor de “Casting” quando pediram para que ela aguardasse ser chamada dentro de uma sala escrita “Sala de Espera”.
Ela estava sozinha na sala. Apesar da porta ser de madeira, a parede que dava para o corredor era inteira de vidro, o que permitia que a garota tivesse uma boa visão do movimento lá fora. Com as pernas inquietas e as mãos suando, se perguntou por que estava sozinha ali. Várias possibilidades passaram na sua mente, dentre elas, o fato de que a atriz para o papel que faria o teste, já ter sido escolhida e a produção ter esquecido de avisá-la que o teste estaria cancelado.
Talvez ela tivesse chegado atrasada, ou muito adiantada, mas não havia essa possibilidade, já que conferiu o e-mail que marcara o teste para aquele dia e horário, várias e várias vezes.
- Será que tem outra menina fazendo o teste nesse momento? - ela se perguntou baixinho. Suas angústias, contudo, foram deixadas de lado quando a presença de uma pessoa a surpreendeu.
- Ei! - também pareceu bastante surpreso ao encontrar ali. O rapaz parou de andar no momento em que a viu pela janela, e a cumprimentou do lado de fora. Abriu a porta da sala em que ela estava e entrou. - O que está fazendo aqui? - ele perguntou, com um sorriso surpreso.
- Vim fazer um teste. - ela respondeu. A sua ansiedade, somada o nervosismo de estar diante dele, de novo, fez com que a garota soltasse uma risadinha.
- Oh… Entendo. Não sabia que era atriz. - ele respondeu. - E o seu tornozelo, como está?
estava de pé e nem se lembrava que estava sentindo dor até um minuto atrás.
- Está bem melhor, obrigada.
Eles ficaram em silêncio por apenas um segundo, até que se forçasse a puxar conversa.
- E você, o que está fazendo aqui?
- Ah, eu vou participar de um filme que a Netflix vai produzir e me chamaram para participar dos testes com as atrizes que vão tentar o papel da protagonista. Oh! - ele ergueu a sobrancelha. - Você está tentando este papel? - riu de novo, dessa vez envergonhada.
- Ah, não… Vou tentar o papel secundário, Mary. O da melhor amiga.
balançou a cabeça em sinal de concordância. Ele já tinha lido o roteiro do início ao fim várias vezes, sabia qual era a personagem de quem falava.
- . - uma mulher chamou da porta. - Me acompanhe, por favor.
Havia chegado a hora. O momento decisivo, o teste da sua vida. sentiu o coração bater disparado com a possibilidade de, finalmente, ter a oportunidade de fazer parte de uma grande produção, de ter o seu nome em destaque nos pôsteres do filme, de participar de entrevistas de elenco… Era tudo o que ela sempre sonhou, afinal de contas.
- Ei, boa sorte. - sussurrou para ela. respondeu apenas com um sorriso, contudo, já que parecia que a voz tinha sumido por um segundo.
Seguiu a funcionária até a porta da frente, essa sem uma parede de vidro que mostrasse o interior da sala. Antes de entrar, deu uma última olhada para trás, onde caminhava rumo a outra das tantas salas do corredor.
Respirou fundo, encheu-se de coragem e confiança e entrou na sala de testes.
levantou o celular procurando por sinal, mas, aparentemente, o prédio da Netflix não tinha um bom sinal de internet, tampouco para fazer ligações. A garota olhou para fora apenas para confirmar que a chuva continuava a cair, talvez até mais forte que dez minutos atrás quando chegou até a portaria do prédio e devolveu seu crachá de identificação.
Queria ligar para Elena para pedir por uma carona, ou ao menos chamar um táxi, mas até o momento não estava tendo sorte. E foi naquele momento que foi salva mais uma vez.
- Já está indo embora? - a garota olhou para trás. estava parado atrás dela com as mãos nos bolsos e um sorriso leve nos lábios.
- Estou tentando, mas não estou conseguindo chamar um táxi. Sem sinal. - ela disse, mostrando o celular.
soltou uma risadinha, sabendo muito bem do que ela falava. Era uma drama sem fim quando trabalhavam até tarde e ele e os colegas precisavam pedir algo para comer e ninguém conseguia sinal para ligar para o restaurante mais próximo.
- Posso te dar uma carona se quiser.
deixou o queixo cair, surpresa. deu de ombros.
- Eu conheço o caminho, afinal de contas. - a garota tombou o pescoço para o lado.
- Isso já está virando rotina. - ela comentou, rindo.
Olhou mais uma vez para fora. A chuva ainda caía forte e então começou a ventar, o tempo começou a esfriar e não tinha levado nenhum agasalho com ela. Passou as mãos nos braços descobertos e voltou a atenção para , que se mantinha na mesma posição.
- Não quero atrapalhar. - ela disse. Realmente não queria ser um incômodo para ele, mas também não queria ficar ali sem ter como ir embora.
- Não vai me atrapalhar. - ele disse, rindo. - Até porque fui eu que ofereci, não se preocupe. Vou buscar o carro e trago até aqui.
- Posso ir com você…
- Você não pode correr com o pé assim. Espere aqui que eu já volto.
E com uma piscadinha seguida por um sorriso de lado, correu sob a chuva até o carro que estava a poucos metros da entrada. Dirigiu até onde estava, e seguiu para a saída do estúdio.
nem mesmo precisou perguntar o endereço de , ele se lembrava bem. Dessa vez, contudo, o caminho até a casa da garota não foi silencioso como no dia anterior. já não estava mais em choque por estar sentada do lado de um cara que ela conheceu na tela da sua televisão por meio de uma série da Netflix. era super simpático e conversava com como se fossem velhos conhecidos. Por isso foi fácil falar com ele sobre Bob, e o quanto o cachorro gostou de conhecê-la, sobre como ele sempre fugia de , mas nunca ia muito longe, e sobre como o cachorro gostava de passear no parque nos finais de semana - que eram os dias que tinha livres.
O assunto, então, mudou para o tempo. Mudanças climáticas de última hora eram super inconvenientes, já que dificilmente as pessoas estão preparadas para estas mudanças, a exemplo daquela chuva imprevisível. duvidava que alguém tivesse saído de casa naquele dia com um guarda-chuva embaixo do braço, e tinha certeza que aquela queda de temperatura renderia um belo resfriado em algumas pessoas.
O tempo juntos, contudo, foi rápido demais. Como no dia anterior, todos os semáforos estavam abertos e havia poucos carros na rua àquela hora. Mesmo dirigindo devagar e com mais cuidado por conta da chuva, se viu parando em frente à casa de rápido demais.
Ele não queria se despedir dela. Não ainda.
- Então… Obrigada pela carona. - ela disse, sorrindo. - De novo. - ele riu.
- Foi um prazer.
E quando levou a mão à maçaneta, pronta para abrir a porta e correr para dentro de casa, ele a interrompeu:
- Ei, hm… - o rapaz coçou a nunca. - Você vai fazer alguma coisa no final de semana? - enrugou a testa.
- Acho que não…? - respondeu, meio em dúvida. De onde tinha vindo aquela pergunta, afinal de contas?
- Porque eu estava pensando em chamá-la para jantar no sábado. - ele disse, tranquilamente, apoiando a cabeça no encosto do banco. - ergueu as sobrancelhas.
- Bem, se você chamasse, eu talvez respondesse que aceito sair com você no sábado.
Foi a vez dele se mostrar surpreso com a brincadeira dela. Com um sorriso de lado, então, perguntou:
- Você aceita jantar comigo no sábado, ? - com um sorriso aberto, surpresa, mas satisfeita, respondeu:
- Claro! Espero que não se importe de me dar uma carona. - começou a rir, e o acompanhou. A garota salvou o número dele na agenda do seu celular e se despediu dele, com a promessa de que o rapaz chegaria às sete horas da noite, em ponto, para levá-la para jantar.
- Prometo não atrasar. - ele garantiu.
- Mal posso esperar.
Fim...?
Nota da autora: Meninas, espero que tenham gostado! <3 Deixem um comentário cheio de amor e indiquem a fanfic para as amigas <3
Beijos de luz
Angel
P.S.: leiam My Co-Star II e III.
Outras Fanfics:
Finalizada:
Ainda Lembro de Você
Em Andamento:
It’s Always Been You
Shortfics:
21 Months
Accidentally In Love I
Accidentally In Love II
Ainda Lembro De Nós
Babá Temporária
Because Of The War
Café Com Chocolate
Call For You
Completely In Love
Elemental
Give Love A Try
Message To You
Midnight Wind
O Amor Da Minha Vida
O Conto Da Sereia
O Garoto Do Metrô
Reencontro De Natal
Refrigerante De Cereja
Rumor
She Was Pretty
Sorry, Sorry
Suddenly Love I
Suddenly Love II
Welcome To A New World
When We Met
Série - 7 First Dates:
Terrace Night
Hot Chocolate
Ficstapes:
02. Cool
05. The Man Who Never Lied
06. Every Road
06. Love Somebody
07. Face
09. Who'd Have Known
10. Sol Que Faltava
10. What If I
10. Woke Up In Japan
12. Epilogue: Young Forever
15. Does Your Mother Know
MVs:
MV: Change
MV: Run & Run
MV: Hola Hola
Nota da beta: Eu quero a parte dois e três pra onteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeem, Angel! Estou muito brava que é SÓ ISSO! EU QUERO MAAAAAAAAAAAIS! Hahahaahahah Eu amei demais, esse Gavin é tão maravilhoso, meu Deus! Ansiosa pra saber se ela conseguiu o papel, se vão trabalhar juntos, esse jantar, SEI LÁ, tudo! Tá demais <3
Qualquer erro nessa atualização ou reclamações somente no e-mail.
Beijos de luz
Angel
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Because Of The War
Café Com Chocolate
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Completely In Love
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Give Love A Try
Message To You
Midnight Wind
O Amor Da Minha Vida
O Conto Da Sereia
O Garoto Do Metrô
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Refrigerante De Cereja
Rumor
She Was Pretty
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10. Woke Up In Japan
12. Epilogue: Young Forever
15. Does Your Mother Know
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MV: Run & Run
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Nota da beta: Eu quero a parte dois e três pra onteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeem, Angel! Estou muito brava que é SÓ ISSO! EU QUERO MAAAAAAAAAAAIS! Hahahaahahah Eu amei demais, esse Gavin é tão maravilhoso, meu Deus! Ansiosa pra saber se ela conseguiu o papel, se vão trabalhar juntos, esse jantar, SEI LÁ, tudo! Tá demais <3