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Última atualização: 22/05/2021

Capítulo Único

Ser protagonista era tudo que queria!
Desde que resolveu que queria ser atriz, estudou e lutou por aquilo. Seu maior sonho era conseguir um papel de protagonismo em uma produção ou peça. Ela era talentosa, esforçada e muito inteligente mas, em seus 28 anos, a única coisa que impedia-a de realizar aquele sonho – que, na realidade, não era algo tão grandioso assim – eram números.
Os números de seus jeans e blusas. Os números que apareciam nas balanças. Os números que eram impostos socialmente como os "certos" ou "aceitáveis".
Ser uma pessoa gorda sua vida inteira havia feito com que soubesse exatamente que realizar um sonho daqueles – para ela – não seria nada fácil.
Ser uma criança, uma criança nos anos 90 e adolescente no início dos anos 2000 – e claro, ter seu direito de imagem e autoestima extintos porque as pessoas achavam que seria engraçado fazer chacota da pessoa "diferente" que ela era – a fez ficar esperta quando a gordofobia atacava em seu local de trabalho.
Depois de uns bons anos se odiando de graça, – àquela altura da vida – era uma mulher que aprendeu que não devia espelhar em si as frustrações das outras pessoas. Ela era daquele jeito e estava feliz em ser quem era, gostava de suas ações e de seu caráter, e o melhor, quando deitava a cabeça no travesseiro à noite, nada – além de alguns devaneios e contas a pagar – tirava seu sono ou fazia com que ela se sentisse um péssimo ser humano.
– Ok, corta! – Ela parou sua fala no meio quando ouviu o diretor dar aquele comando.
Não tinha terminado o que foi orientado no início da audição, então imaginou que algo que não o agradou havia acontecido.
– Já vi tudo o que precisava. – Ele continuou quando e seu companheiro de cena viraram em sua direção. – , como sempre, impecável, esse papel é seu, não tem mais o que questionar. – O homem, que era o único falando no local, chegou mais perto de onde os atores estavam e rasgou seda para o rapaz. – E você… – Ele virou para , olhando de cima para baixo.
– Eu sei! – disse, pegando o roteiro e fechando o mesmo. – Fui incrível, sou muito talentosa, mas não tenho o perfil que você visualizou a personagem principal. – Ela virou, pegou sua mochila e abriu seu melhor sorriso, mesmo com o bolo que formou em sua garganta.
– Espera, não é isso. – O diretor disse quando viu a mulher se encaminhar até a saída.
– Já sei, já sei! – Ela se virou novamente para o homem. – Eu ficaria perfeita no seu elenco, como a amiga encalhada da personagem principal, aquela que ela ia apresentar ao personagem principal e aí acabam se apaixonando, deixando a amiga como "cupido". É, eu li todo o seu roteiro. – Colocou o papel dobrado sobre um móvel qualquer do cenário. – Não, muito obrigada! Cansei de fazer papéis secundários, onde as pessoas presumem que meu talento chega por conta do meu porte físico. – A voz dela não vacilou em nenhum momento sequer, mesmo estando à beira de um ataque de choro, só queria sair logo dali para poder chorar em paz toda sua frustração.
Tinha realmente dedicado e esforçado-se ao máximo para aquela audição.
– Posso falar agora, senhorita ? – O diretor ouviu todo o discurso da mulher calado e esperou até que ela terminasse tudo.
Ela só ficou parada e, então, ele resolveu prosseguir com sua fala.
– Sinto muito se foi essa a impressão que eu passei. – Ele sorriu e não entendeu nada. – Eu parei vocês porque a química foi tão forte e natural que não tinha mais o porquê de fazer suspense. Eu realmente te achei ótima, seu talento é uma das poucas coisas que animaram meu dia, e acho que meu mês todo. – Aproximou-se – Acho também que você é perfeita para essa personagem. – Pegou o roteiro e entregou novamente para ela. – E depois desse seu discurso, eu não aceito mais ninguém que não a senhorita para esse papel.
– Você? Eu? – ficou sem reação.
– Você! – Ele abriu seu melhor sorriso. – Você aceita?
– Claro, isso é… – pegou o papel da mão do mais velho – Uau, me desculpe por antes. – Ela respirou fundo, ainda podia chorar, ali mesmo, mas não queria fazer aquilo.
– Tudo bem, , posso te chamar assim? – O mais velho perguntou antes de prosseguir e, quando recebeu um aceno positivo da mulher, ele continuou. – Eu imagino o que deve ter passado durante sua carreira, com um talento desses e nenhum papel como protagonista. Vamos todos fazer um bom trabalho. – Ele se virou para todo o set e disse para os presentes, que concordaram e aplaudiram. – Nos vemos em breve, estão todos dispensados. – Finalizou, piscando de forma amistosa para e virando de costas, indo para o lado contrário.
se sentia exausta, mal acreditava que finalmente tinha conseguido, mas ao contrário do que imaginou que sentiria quando conseguisse seu papel de destaque, não sentiu a felicidade extrema. Sentiu-se, na verdade, exausta. Era cansativo ter que provar-se todos os dias, ter que provar seus valores e seu talento não só para as pessoas, mas para que ela mesma não sucumbisse àquelas malditas regras sociais.
– Ah, oi? – ouviu uma voz não tão desconhecida assim chamar enquanto caminhava até o ponto de ônibus.
– Oi. – Parou para que o sono da voz conseguisse a alcançar. – Posso te ajudar? – Estava realmente curiosa.
– Você não quer tomar um café comigo? Nossa audição foi muito uau. – Ele disse um pouco tímido no início, não costumava chamar pessoas para sair, não daquela maneira, muito menos quando era alguém com quem iria trabalhar.
– Se for por pena, não precisa se importar. – sorriu sincera, a última coisa que ela precisava naquele momento era seu novo colega de trabalho, bonitão, a chamando para sair por pena.
Seu último relacionamento começou exatamente daquela maneira e acabou da pior forma possível.
– Pena de quem? – Ele sorriu um grande sorriso enquanto andavam mais alguns passos juntos. – Do diretor que não soube se expressar ou das outras produções por não enxergarem seu talento?
não pode conter o sorriso que formou-se em seus lábios com aquele comentário. Esperava as costumeiras frases de efeito que escutou de quase todos os homens para quem deu aquela resposta depois que terminou com o ex e entendeu que o problema nunca foi ela.
– Fala sério, por que eu sentiria pena de alguém tão linda que se mostrou tão forte e digo, mais uma vez, tão talentosa? – Continuou falando enquanto seguia os passos que ela dava.
– Eu conheço um lugar ótimo aqui perto. – sorriu e caminhou até sua cafeteria preferida da região.
Não sabia o que sentir a respeito daquele homem ou o fato de estarem saindo como se fossem amigos. Claro que ela já tinha ouvido falar sobre o grande ator , um jovem promissor que tinha ganhado alguns prêmios por sua atuação além de modelar, vez ou outra, para importantes marcas do mercado global e, exatamente por aquele motivo, ela o achava inalcançável de todas as maneiras possíveis.
– Um frappuccino de caramelo, por favor. – disse para a atendente que parecia conhecer muito bem.
Quando a mulher se virou, quase engasgou-se quando viu quem acompanhava-a.
– Isso é gostoso? – perguntou para sobre o pedido dela, sem dar muita atenção para a atendente, que ainda estava meio atônita com cara de espanto.
– Tem gente que acha muito doce, mas eu gosto. – Jongsun respondeu, descontraída. – Se quiser algo menos doce, eles têm chás e americanos gelados, excelentes também. – Sorriu como se conhecesse bem o local.
– Hm. – Ponderou, olhando o cardápio que estava pregado na parede. – Você vem muito aqui? Não achei onde estão marcados os chás gelados naquele negócio ali. – Ele apontou para o menu de bebidas na parede.
– Aqui, olha! – Ela entregou o cardápio de papel para que ele pudesse ver melhor a variedade de bebidas que o lugar tinha. – Eu trabalhei aqui por algum tempo, eles não divulgam os chás no painel porque não tem muita saída, então priorizam os pedidos mais populares lá. – Apontou, no cardápio, a sessão de chás para que ele pudesse escolher.
– Ah. – Ele abriu um sorriso tímido. – Estou em dúvida entre o de amora e o de mirtilo, qual você me indica? – Ainda olhava o cardápio enquanto olhava para a amiga e pedia silenciosamente para que ela se controlasse.
– Mirtilo! – Tanto quanto , a atendente e amiga de , responderam juntas, o que fez com que ficasse momentaneamente com vergonha.
– E um chá gelado de mirtilo com limão siciliano. – Jongsun disse, sorrindo. – , esse é . , essa é a minha melhor amiga de todo todo, . – Ela sorriu grande e gostou da sensação de apresentar os dois.
– Muito prazer. – disse cortês, parte por estar em frente de um de seus maiores ídolos de todos os tempos porque ela amava cinema, tanto que trabalhava na cafeteria para pagar a faculdade de cinema e adorava assistir a filmes e seriados, e o resto por estar em seu local de trabalho. – Vão querer mais alguma coisa?
– Para mim, só! – Jongsun disse distraída, pegando seu cartão na bolsa.
– Quero dois pedaços de bolo de morango. – disse, sorrindo. – Você gosta de bolo de morango, ? – Perguntou para a mulher de maneira automática, sentia-se muito confortável e gostava de estar na presença dela, era estranho mas um estranho bom.
– Não precisa, eu não estou com…
– É o preferido dela. – interrompeu a amiga, direcionando sua atenção para o homem que estendia o cartão.
– Que legal! É o meu também. – Ele entregou o cartão para a mulher que atendia-os. – Passa tudo, por favor. Afinal, fui eu quem convidou.
cobrou o pedido todo, mesmo sabendo que a amiga não concordaria muito com aquilo – não custava nada deixar que ele pagasse o café dela. Ele mesmo afirmou que era um convite dele e ele também era infinitamente mais rico que ela.
– Só dessa vez e só porque eu sei que essa princesa já cobrou, mas fico te devendo um chá gelado e um pedaço de bolo, por minha conta. – Ela brincou, com um fundo de verdade, enquanto esperavam pelo pedido, próximo ao balcão.
– Eu não tenho como recusar. – Sorriu de volta, estava realmente curtindo aquele “encontro”.
Não muito tempo depois, os dois já estavam sentados em uma mesa mais “reservada” no local, para que pudessem desfrutar daquele momento com poucas interrupções de fãs ou até mesmo da mídia.
– Mentira! – estava no meio de uma crise de riso. – Eu jurei que aquela cena estava no roteiro – Concluiu o raciocínio da conversa que eles estavam tendo, já no segundo pedaço de bolo, dessa vez de red velvet.
– Te juro, ela não olha na minha cara até hoje, por causa disso. – Ele respondeu rindo e quase engasgando com a comida.
– Para! – colocou a mão no braço do homem sem se dar conta de que estavam tão próximos.
Já tinham conversado tanto que parecia que conheciam-se havia muitos anos.
– Eu não entendi também. – Todos que olhavam aquela cena dos dois rindo poderiam sentir a química que eles exalavam e perceber a conexão genuína.
– Acho que temos que ir! – diss,e olhando as horas no relógio na parede atrás dele.
olhou para o relógio em seu próprio pulso e constatou que estava realmente ficando tarde, mas ele não queria que aquele momento acabasse. Em poucas vezes na vida, sentiu-se tão bem com uma pessoa que acabara de conhecer.
– Tem razão. – Ele disse, levantando. – Que tal jantarmos? – O tom descontraído na voz dele e aquele sorriso perfeito fizeram com que um sentimento ruim se acendesse dentro de .
Ela não podia confundir as coisas, aquele tipo de sensação não poderia existir, ainda mais em uma mulher forte e inteligente como ela, que sabia que não precisava gostar daquela maneira só porque alguém foi gentil ou legal com ela. Valia muito mais que um sorriso e um café. Não podia permitir-se aquele tipo de sentimento tão imaturo. Sabia que, no final, ela que acabava como a “emocionada” que confundia as coisas, chorando com um pote enorme de sorvete no sofá com uma autoestima mais pra baixo que o próprio inferno.
– Melhor não! – disse rápida, fazendo com que o sorriso no rosto dele sumisse.
– Estou forçando a barra? Me desculpe, eu não percebi que estava sendo inconveniente. – Tentou sorrir, mas não conseguiu esboçar o mesmo sorriso de antes, aquele mesmo sorriso lindo que estampava o rosto dele desde que chamou-a para aquele café.
– Não é isso. – sorriu um belo sorriso para quem estava tentando esmagar qualquer tipo de sentimento que tentava manifestar-se dentro dela depois de ver aquela carinha que ele fez. – Estou cheia. – Ela olhou para a mesa e realmente não era mentira, não conseguia nem pensar em comida depois de comer tanto bolo.
– Eu também estou. – riu, queria tanto passar mais tempo com a mulher que nem se ligou que tinham passado a tarde toda comendo e conversando. – Isso é tão constrangedor. – Estava sem graça. – Queria passar mais tempo com você e só pensei em propor um jantar. – Foi sincero e coçou a cabeça de leve, mostrando estar nervoso mesmo parecendo tão confiante há poucos minutos atrás.
– Pera. – Ela se levantou, apressada. – Você quer passar mais tempo comigo, por quê? – Estava confusa e aquilo não ajudou em nada aquela euforia que estava tentando tomar conta de seu corpo desde que chegaram ali.
– Você não quer? Não gostou de passar tempo comigo? – A mesma expressão de momentos atrás voltou ao rosto dele.
“Eu amei”, ela pensou.
– Meu Deus, para uma pessoa que trabalha com expressões, eu preciso aprender a me expressar melhor, na vida real. – Riu, pegando suas coisas e a bandeja que estava na mesa. – Não é isso, eu estou gostando muito desse “nosso” momento juntos. – Fez aspas com a mão livre. – Eu só fiquei surpresa de você... – Apontou para ele. – ... querer passar mais tempo com alguém como eu. – Apontou para si mesma de cima para baixo.
– Onde está aquela mulher tão empoderada e cheia de si que eu vi naquele palco mais cedo e que nunca se acharia menos interessante por ser quem é? – Ele perguntou, não em um tom ruim.
Era estranho, era motivacional.
– Gostei desse cara. – disse quando aproximou-se dos dois para limpar a área das lixeiras para, enfim, terminar seu turno.
piscou para , que ruborizou momentaneamente, ainda não tinha acostumado-se com o fato da amiga estar na companhia de um de seus atores favoritos.
Touché! – disse, um pouco tímida. – Eu sou muito boa quando o negócio é minha carreira. Agora, com relacionamentos interpessoais, sou um completo fracasso. – Completou, soltando um longo suspiro.
– Tudo culpa daquele desgraçado. – , que ainda estava próxima daquela conversa comentou, meio que pensava alto.
– Ah, entendi! Faz pouco tempo que você terminou um relacionamento? Desculpe se estou sendo um pouco invasivo. – Não queria realmente intrometer-se em um assunto que talvez ela não estivesse afim de conversar, ele só tinha ficado curioso.
– Tudo bem! – parecia realmente confortável. – Se vamos trabalhar juntos, uma hora ou outra, chegaríamos nesse assunto. – Sorriu. – Tem uns dois anos e cinco meses, mais ou menos, que tudo entre eu e ele acabou, mas ainda não acabou 100% pra mim. – Foi sincera.
– Você ainda gosta dele?
Os dois ainda estavam parados próximos as lixeiras.
– Não, eu o odeio. Se o visse na minha frente, deixaria minhas unhas postiças na cara dele. – Ela riu muito com o que acabara de falar e percebeu uma cara de espanto de , o que fez com que ela risse ainda mais. – Duplamente escorpiana, baby. Nunca se esqueça disso!
Ela piscou e, depois de acenar para a amiga, que a essa altura estava voltando para a parte de trás do estabelecimento, foi em direção à porta de saída.
– Está afim de dar uma volta para saber como um babaca quase destruiu a minha vida? – Aquele sorriso nos lábios dela fez com que ele pensasse "quem, em sã consciência, poderia fazer aquela mulher tão incrível sofrer da forma que fosse", aí lembrou como era a sociedade global em viviam e ele próprio respondeu sua questão.
Apenas acenou com a cabeça positivamente e seguiu-a.
Eles não tinham nenhum lugar em mente, a princípio. Só caminharam em um silêncio confortável em linha reta. Aquela era uma região bastante tranquila, então não foi difícil para que eles apenas caminhassem. Assim que avistou um parquinho vazio, pegou a mão de e guiou-o até o local.
Ela se sentou no balanço e ficou olhando para o rapaz para que ele fizesse o mesmo, e ele logo fez. Fazia algum tempo que ele não ia a um lugar como aquele. Geralmente, evitava parques com aqueles tipos de brinquedos porque sempre estavam cheios de crianças e mães ou babás que assistiam-no, e nunca seria uma coisa tranquila.
– Eu realmente gosto dessa região – disse, finalmente quebrando o silêncio e respirando fundo.
– Acho que é a primeira vez que passo um tempo por aqui. – olhou a forma com que ela observava o céu se enchendo de estrelas.
– Faz pouco tempo que aquele estúdio mudou pra cá, de fato. – Ela constatou. – Aqui sempre foi um lugar tranquilo, talvez mude quando estrelas como você começarem a frequentar o bairro por causa das gravações e ensaios.
– Eu não sou uma estrela. – Ele riu, chutando o cascalho que ficava embaixo do brinquedo para que as crianças pudessem parar de balançar sem derrapar.
– Cala a boca, , você é o maior na atualidade. – disse, dando um tapa de leve no braço dele.
– Um ator em ascensão, no começo. – Ele estava com um sorriso tímido nos lábios.
– Mas nem eu, que faço teatro na maior do tempo, não estou no começo. Você tem um contrato de exclusividade com a Tom Ford, faça-me o favor! – Ela riu, chutando o cascalho do seu lado para os pés dele.
– Eu não acho que sou isso tudo não. – Foi sincero, mesmo com os contratos e a carreira que tinha.
Não se sentia uma super estrela como os outros artistas que admirava.
– Enfim, você me entendeu. – Ela não queria enfiar o óbvio na cabeça dele, sabia que não era para chamar a atenção que falava aquilo, afinal de contas, se ele se sentisse uma super estrela, não estaria àquela hora da noite sentado com ela em um parquinho.
– Daqui a uns dias, você será a super estrela. – Ele disse, abrindo um sorriso desgraçado de lindo.
– Eu duvido, mas obrigada. Notada, eu sei que serei, até porque, né... – Aprontou para si mesma e abriu um sorriso torto. – Mas nada com que eu já não lide diariamente.
– Eu acho que esse papel vai ser bom para você e para a sociadade. – parou de olhar para os próprios pés e olhou surpresa os olhos dele. – É, ué, pensa em quantas mulheres, meninas e até meninos não vão se identificar com você. Há mais pessoas diferentes que iguais no mundo, , elas só não são vistas.
E ele não estava errado. , por muito tempo, pensou sobre aquilo. Mas naquele momento, aquele tipo de motivação a fez enxergar que a única pessoa ou coisa que impediria seu crescimento e sucesso com aquela oportunidade seria ela mesma. Abriu os olhos dela também, para sua verdadeira motivação em conquistar um papel de protagonismo, que era ser modelo e usar sua voz para o ativismo contra a gordofobia.
– Você… – Ela não soube dimensionar em palavras o que sentiu naquele momento por aquela pessoa que, querendo ou não, acabara de conhecer.
– Passei algum limite? Não vou te pedir desculpas por isso, porque é assim que eu penso, mas prometo não entrar mais nesse assunto então. – Ele sorriu de forma tão genuína e sincera que encheram o coração de daquele sentimento que ela queria esmagar na cafeteria.
– Não, você foi perfeito, esse é o problema. – Riu e continuou olhando para ele. – Você conseguiu me incentivar de uma forma que ninguém mais conseguiu, nem mesmo a minha família. – Ela baixou um pouco mais a guarda.
– Uau! – Ele pareceu surpreso, não tinha estudado e nem sabia como era viver daquela forma mas, desde sempre, aprendeu a usar a empatia e olhar o lado do outro.
– O que? Eu sei reconhecer quando as pessoas estão certas, viu? – Ela estava realmente mais relaxada àquela altura.
Sentiu-se confortável com ele em todos os momentos, mas ali, depois daquelas palavras, sentiu como se estivessem na vida um do outro a vida toda.
– Mas foi a primeira vez que não usou a autodefesa, e eu sei que é difícil para você não fazer uma coisa com a qual está tão habituada a fazer e…
– Cala a boca, . – riu. – Eu me senti realmente confortável e, quando me sinto confortável, eu baixo a guarda e isso não me incomoda, inclusive eu até gosto, porque eu posso ser mais leve. – O sorriso dela havia mudado definitivamente.
– Estou muito feliz por isso, de verdade. – Ele também sorriu mais confortável, estava sentindo-se mais próxima dela e isso relaxava-o mais.
– Então, o que você gosta de fazer? – perguntou, queria mudar de assunto e deixar o clima mais leve.
– Bom! Essa é uma pergunta fácil e difícil ao mesmo tempo. – Riu, sempre teve dificuldades em falar sobre o que gostava porque achava que não tinha nada de interessante na sua vida.
– Eu gosto de patinar, jogar ping pong, xadrez, embora eu ache que não devo contar isso as pessoas. – Ela riu. – E de ler aqueles livros de romance de banca de jornal, sabe? – parecia até outra pessoa comentando tão espontaneamente daquela forma, e aquilo o deixou infinitamente mais atraído por ela.
– Seus hobbies são tão legais. – conseguiu formalizar poucas palavras depois de todo aquele sentimento.
– Para uma senhora de 80 anos, talvez. E... Ah, esqueci de falar que gosto de fazer crochê. – O sorriso dela era tão lindo que quase tirou o celular do bolso para registrar aquele momento e guardar aquele sorriso pra sempre não só na sua memória.
– Eu sempre quis aprender crochê, parece tão relaxante... – disse, estava sendo sincero.
Realmente, quando via as pessoas fazendo aquilo, pareciam relaxadas e concentradas.
– Talvez eu possa te ensinar nas gravações. – disse, animada.
– Eu adoraria. – Ele disse, igualmente animado. – Eu sou muito chato, meus hobbies não têm nada de especial. – Continuou. – Gosto de dormir o máximo que tempo que eu posso, assistir filmes antigos e caminhar, – Riu. – mesmo que eu não consiga fazer essas coisas com tanta frequência agora.
– Filmes antigos são os melhores! – disse, tentando animar mais o rapaz.
Ela mesma gostava muito deles, gostava mais até do que dos atuais.
– As pessoas não ligam muito pros clássicos. – Olhou nos olhos dela.
– Elas não sabem o que estão perdendo.
– Isso é verdade!
Assim que o assunto acabou, a chuva começou a cair e pegou-os de surpresa, não estava nem na previsão e muito menos com indícios de que cairia uma só gota do céu. Aquilo fez com que corressem para dentro de uma pequena estrutura de madeira em formato de casa, que ficava antes da estrutura de metal que as crianças usavam para escorregar.
– Essa chuva toda não estava prevista. – disse, olhando para o celular.
– Nem a gente conversando tanto… – gostou demais daquela aproximação súbita dos dois e principalmente de estarem dividindo aquele mesmo espaço, com os corpos a centímetros um do outro.
– Eu gostei! – se aconchegou mais perto dele, suas roupas estavam um pouco molhadas e, com o vento que batia, sentiu um pouco de frio.
– Da chuva? – Ele ousou colocar o braço sobre os ombros dela, a fim de aquecer um pouco o seu corpo.
O vento estava deixando-o com frio, então presumiu que ela também.
– Não! De ter esse momento com você. – Ela se aproximou mais, para encaixar-se debaixo daquele meio abraço que davam.
– Eu também! – Começou a fazer carinhos nos braços dela.
– Você vai achar que eu sou muito emocionada se eu disse que estou com vontade de te beijar agora? – Ela foi tão espontânea que quase soltou uma gargalhada. – Porque assim, gostar do momento pode significar muitas coisas, né? Como por exemplo…
não deixou que ela terminasse, virou seu rosto de leve com as mãos e colou seus lábios, iniciando um beijo lento, calmo e tímido. Estava querendo beijar aquela boca desde a hora em que ela se impôs na frente do diretor, e ficou extremamente feliz por saber que aquela vontade era mútua. No meio de todo aquele momento, algo passou pela cabeça dele: talvez, se o beijo fosse ruim para ela ou se ela não gostasse de alguma coisa naquele ato, as coisas poderiam ficar estranhas no set de filmagens, e ele tinha certeza de que os dois estavam cientes dos riscos, mas ele estava muito afim de arriscar. Ela, com certeza, valeria a pena. Teve noção de que estavam na mesma página quando separaram os lábios e ela iniciou um novo beijo, dessa vez com mais desejo e alguma coisa intensa crescendo dentro deles.
Aquela noite terminou daquela maneira!
Ficaram de beijinhos e carinhos até que a forte chuva passasse, e como já estava muito tarde, cada um seguiu para sua casa.
Enquanto esperavam que o novo trabalho começasse, falaram-se todos os dias, e viam-se sempre que possível com a desculpa, é claro, que deviam passar o texto juntos, o que, de fato, aconteceu – algumas vezes –, mas também usaram desse tempo juntos para conhecerem-se melhor e ficarem trocando carinhos. Sempre saíam juntos também, fosse para comer algo ou tomar uma bebida.
Mesmo depois que o trabalho começou, eles ainda tinham aquela rotina de verem-se sempre que dava, fora das gravações, mas a essa altura, já dormiam um na casa do outro e pouco conversavam sobre o serviço nessas horas vagas que passavam juntos. Curtiam o momento com outras coisas, como cozinhar, assistir a filmes e fazer coisas de casais. Eles tinham transformado-se em um, mesmo que não tivessem rotulado a relação.
Muitos burburinhos na mídia tinham saído sobre a aproximação deles, mesmo antes do início das gravações e, àquela altura, eles não faziam nem questão de esconder. Saíam juntos à luz do dia e, em todas as fotos que eram divulgadas, sempre estavam tocando-se, rindo confortavelmente ou trocando carinhos.
– O que significa isso? – jogou o telefone celular na frente da amiga assim que chegou ao restaurante em que tinham marcado de jantar.
– Oi pra você também, , senti sua falta também, e estou muito bem, obrigada por perguntar, e você? – disse, rindo e enchendo o saco da amiga.
, eu estou falando sério. – Ela se sentou, irritada.
, isso significa que a gente está namorando oficialmente, e que nossos agentes acharam melhor que contássemos para a mídia. Eles já estavam em cima. Mas que a gente está namorando, você já sabia, meu anjo, qual a surpresa? – disse, tomando um pouco de sua água enquanto devolvia o celular para a amiga.
– Eu quase morri, você sabia? Quando eu vi que o nome de vocês estava em alta no Twitter e as pessoas falando sobre a Dispatch, pensei que aqueles babacas tinham revelado o relacionamento de vocês à força. Por que você não me contou? – Ela estava mesmo chateada.
– Ah, meu amor, me desculpe! A gente ficou até tarde ontem escrevendo nossas notas oficiais, o dormiu lá em casa e, hoje de manhã, fui assinar aquele contrato para a série que eu te disse semana passada, quase não peguei o celular. Estou evitando as redes sociais nessas primeiras horas, sei como as pessoas são cruéis e maldosas. – Foi sincera.
– Te perdoo, mas só se você me apresentar para seu novo colega de trabalho. Ainda não acredito que fará par romântico com meu ator favorito do mundo todo. – Ela estava mais feliz àquela altura só de lembrar que a amiga tinha fechado mais um papel de destaque.
– Prometo que apresento vocês. Agora, vamos comer, eu estou faminta.
estava em seu melhor momento, com um namorado incrível, que amava e respeitava-a, algumas propostas incríveis de trabalho, sua melhor amiga estava com ela e o mais importante, não tinha perdido-se em momento nenhum, mantinha sua essência e seu caráter, e pretendia permanecer daquela maneira até o fim.


Fim.



Nota da autora: "Eu não consigo descrever como estou feliz em ter escrito isso, primeiro porque eu sou apaixonada pelo Jiny, e segundo porque eu fiz essa pp, determinada do jeito que eu queria ser e forte, como eu sempre tive que ser perante a uma sociedade extremamente gordofobia, que acha graça em fazer piadinhas com a vida do outro só por ele não ser igual a todo mundo. Está tão docinha que eu podia morar nessa fanfic sem pensar suas vezes. espero que tenham gostado.

ps: Ah minha lista de fic vai estar aí embaixo, mas vocês conseguem achar também, tanto clicando no ícone do Facebook que vai te direcionar ao meu grupo de autora (ta pequenininho ainda rs, não reparem), quanto clicando no ícone do Obsession, que dá acesso a minha página de autora no site e pelo meu instagram. Meu tt tá sempre disponível também. Vocês podem me gritar por lá, aqui pela caixa de comentários ou onde me acharem kkkkkk


AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE. "


LONGFICS:
Médium [Restrita – KPOP – Longfics] Jikook
La Belle Epoque [Doramas – Longfics] Hello My Twenties
The Royal Family [KPOP – BTS – Longfics]

SHORTFICS:
Baby How You Like That [Restritas – Kpop – Shortfics]
Baby, I Like You [Kpop – BTS – Shortfics]
Baby, I Want You Forever [Kpop – BTS – Shortfics]
Baby We Have A Happy Ending [Kpop – BTS – Shortfics]
Do What We Do [Kpop – Restritas - Shorthfics]
Eyes, Nose, Lips [Kpop – BigBang – Shortfics]
Put'em Up [Restrita – Outros – Shortfics]
Yerin’s First Xmas [KPOP – EXO – Shortfics] Colaborativa (Assemble: EXO)
Fairy Of Jazz [KPOP – BTS – Shortfics]
Scenery [KPOP – BTS – Shortfics]
É Você [Kpop – Shipp – Shortfic] BTS – YOONMIN
Fxxk It [KPOP – BIGBANG – Shortfics]
The Rabbits [KPOP – BTS – Shortfics]
I Live so I Love [KPOP – BTS – Shortfics]
My Blue Side [KPOP – BTS – Shortfics]
You Are My Soulmate [KPOP – BTS – Shortfics]
So Lucky [KPOP – GOT7 – Shortfics]
Who Do U Love [KPOP – MONSTA X – Shortfics]
We Lost The Summer [KPOP – Tomorrow x Together – Shortfics]
Fly To My Bed [Restrita – KPOP – Shortfics] BTS
Drown in Your Body [Restrita – KPOP – Shortfics] EXO
You Made Me Again [Restrita – Ship – Shortfics] BTS - Jikook

FICSTAPES:
02. Teenager [Ficstape #104: GOT7 – 7 for 7]
02. Enough [Ficstape #196 – GOT7: Present – You]
02. Nobody’s Perfect [Ficstape #122: Jessie J – Who You Are]
02. Amigos Con Derechos [Ficstape #204 – Ahora: Reik]
03. Crazy 4 U [Ficstape #148 – Move – Taemin]
03. 잡아줘 (Hold Me Tight) [Ficstape #103: The Most Beautiful Moment in Life: Young Forever]
03. Let Go [Ficstape #178 – BTS – Face Yourself]
03. Trivia: Love [Ficstape #181 – BTS – Love Yourself: Answer]
04. Até o Sol Quis Ver [Ficstape #137: Exaltasamba – Ao Vivo Na Ilha da Magia]
04. Clap [Ficstape #120: Seventeen: Teen, Age]
04. Game [Ficstape #193 – Super Junior: Time Slip]
05. HOME [Ficstape #200 – BTS: Map of the Soul – Persona]
06. Good Day For A Good Day [Ficstape #108: Super Junior – Replay]
07. Magic Shop [Ficstape #133: BTS – Love Yourself 轉‘Tear’]
07. 소름 Chill [Ficstape #111 – EXO – The War]
07. Shift [Ficstape #112 – Shinee – 1 Of 1]
07. OI [Ficstape #149: Monsta X – Shine Forever]
07. Dengo [Ficstape #150: AnaVitória – AnaVitória]
08. Tonight (오늘밤; feat. Zico) [Ficstape #119: Taeyang: White Night]
08. Made It [Ficstape #196 – GOT7: Present – You]
09. Retro [Ficstape #168 – SHINee – The Story of Light]
10. Fire [Ficstape #103: The Most Beautiful Moment in Life: Young Forever]
11. I Want You [Ficstape #168 – SHINee – The Story of Light]
12. Undercover [Ficstape #168 – SHINee – The Story of Light]
12. Fine [Ficstape #196 – GOT7: Present – You]
16. Not Today [Ficstape #080: BTS – You Never Walk Alone]

MUSIC VIDEO:
MV Beautiful Liar [Music Vídeo - KPOP]
MV Darling [Music Vídeo - KPOP]
MV Sexy Trip [Music Vídeo - KPOP]

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