Finalizada em: 11/09/2021

Capítulo Único

Mergulhei e era água fria;
Meu Deus, que mania de me afogar...
Supliquei à Sagrada Família;
Que tivesse piedade pra eu poder me salvar...

A competição estudantil internacional de dança seria em alguns dias, dessa vez, aconteceria em Hanôver, na Alemanha. A universidade de estava mandando em um voo comercial duas de suas melhores equipes para a competição.
Antes dali, todos os grupos de dança interessados fizeram os testes e a pequena competição que a instituição de ensino organizou para conseguir escolher os dois melhores. Aquele ano, as duas equipes que tinham ganhado a oportunidade de competir naquele evento cursavam a mesma coisa, porém, de turmas diferentes. Como eram do mesmo curso, a competição entre os representantes de turma, que também eram os capitães dos grupos de dança, sempre foi acirrada, nenhum dos dois dava o braço a torcer e eram extremamente competitivos, o que acabava fazendo com que não se gostassem nem um pouco.
e não eram inimigos, mas estavam longe de se tornarem amigos, detestavam-se e sempre que podiam um estava cutucando o outro. Se o destino já não estivesse brincando com eles o suficiente, fazendo com que as duas turmas tivessem que fazer parte daquela "delegação" para a competição de dança, suas poltronas, por ironia do destino, era uma do lado da outra.
— Com licença! — chamou a pessoa que já estava sentada na poltrona, que de longe ela sabia que era a dela.
Por causa do trânsito e de , sua melhor amiga e uma das melhores dançarinas de sua equipe, que percebeu que esqueceu de seu passaporte — elas já estavam pelo menos a duas quadras da casa dela —, chegou em cima da hora para o embarque e todos já estavam acomodados na aeronave quando elas embarcaram.
— Você está no meu lugar. — Ela confirmou que ele estava mesmo na cadeira de número 12B, o mesmo número que brilhava em sua passagem.
— Ah, não… — assim que ela ouviu aquela voz, seu estômago embrulhou, tudo que ela precisava naquele dia que já estava um caos era ter que viajar horas ao lado daquele ser humano, que nem ler o número do seu assento sabia. — Sinto muito, gracinha, eu cheguei primeiro! — Ele disse como se aquilo fosse desculpa o suficiente para estar no lugar errado.
— Que tipo de resposta é essa, meu filho? — estava possessa, tinha pagado uma taxa a mais para a universidade para que escolhesse aquele assento.
— Ué, mas foi o que aconteceu. — Ele tinha um sorriso vitorioso nos lábios.
, eu não estou para brincadeiras! Eu paguei por esse assento, faz o favor de levantar essa sua bunda irritante daí, as pessoas já estão começando a olhar para cá. — estava perdendo a paciência e detestava aquele tipo de atenção que eles estavam chamando.
— Hahahaha, o problema não é meu, minha querida! — Ele se esparramou na poltrona, aconchegando-se mais, fechando os olhos.
contou até dez mentalmente, mas quando o sorrisinho vitorioso nasceu novamente nos lábios dele, largou um tapão, que ardeu a palma de sua mão, na cabeça dele, que abriu os olhos, esfregando o local, olhando para ela semicerrando os olhos.
— Que porra é essa? — Perguntou, ainda esfregando o local.
— Toma vergonha na sua cara, para de criancice! Vai mesmo me fazer chamar a aeromoça pra fazer marmanjo sentar no lugar certo? Francamente, , eu te achava um babaca, mas você está passando todos os limites.
— Quem tá dando chilique por conta de uma poltrona no avião não sou eu, senhora madura! O que importa se vai sentar na janela ou no corredor? Eu, ein, que mina mais chata! — se levantou, reclamando e se sentando na poltrona correta dessa vez.
— Não te importa, o que importa é que é o meu lugar! — Ela não queria brigar, não queria nem ter se indisposto daquela forma com ele ou com quem quer que fosse, ela só não gostava de viajar na janela, entrava em uma onda pesadíssima e sempre que era “obrigada” a se sentar lá, o resto de sua viagem ia pro saco, nem ela sabia explicar, mas era um sentimento ruim.
Os dois seguiram a viagem calados, ela ainda teve que aguentar ele “brincando” e fazendo palhaçadas por cima dela para , que estava nas poltronas mais próximas, junto com e alguém do outro lado que não reconheceu.
Ela queria que a amiga estivesse no lugar do namorado, mas ela sabia que preferia — mesmo que mais ninguém no mundo preferisse — se sentar no meio, ela dizia se sentir mais segura ou algo do tipo, e como era que estava ao seu lado, não se importava de esfregar a bunda nele vez ou outra que precisasse ir até o banheiro.
Seriam boas horas de viagem e ela tentou fazer com que aquilo não afetasse seu humor.

Senhoras e senhores passageiros…
ouviu o piloto pronunciar aquelas palavras no meio da madrugada e suas mãos começaram a suar, e estava quase entrando em pânico, detestava aviões, por isso tantos rituais quando viajava, como: nunca se sentar na janela ou não sentar em outra numeração que não fosse a de número 12.
Espero que estejam tendo uma boa viagem, sei que está tarde, mas…
percebeu que a mulher ao seu lado tinha perdido a cor e suas mãos temiam, pensou em fazer alguma coisa e quase sentiu vontade de abraçar ela para que se sentisse mais segura, a única coisa que ele conseguiu fazer, foi segurar a mão dela, que estava tão ansiosa que nem ligou.
Acabamos de receber uma notícia de que houve violação no protocolo sanitário sobre o COVID-19, então, para que não haja maiores contaminações entre todos os passageiros e a tripulação, vamos fazer um pouso de emergência no aeroporto Josep Tarradellas Barcelona-El Prat, que é o mais próximo no nosso trajeto…
Uma pequena comoção começou na aeronave e odiou cada pessoa ali que estava fazendo auê. apertava um pouco mais a mão dele, em sinal de que estava ficando mais agitada com aquela agitação, que ao ver dele, era desnecessária.
Recebemos um comunicado de que não estamos permitidos finalizar a viagem no aeroporto de Langenhagen, devido à política rígida deles quanto a contaminação, então faremos o período de quarentena, isso inclui a mim e a tripulação, bem como os senhores passageiros e, só assim, poderemos seguir nossa viagem ou para o destino final ou para o inicial. Conto com a colaboração e paciência de todos, em poucos minutos pousaremos.
E assim ele encerrou o anúncio que deu, claro que algumas pessoas naquela aeronave reclamaram mais que tudo. Prazos, trabalhos, pessoas esperando e eles ainda perderiam a competição, porque ela começaria em pelo menos três dias e todos ficariam “presos” na Espanha por quatorze dias, que era o padrão de quarentena para quem tivesse contato ou contaminado com o vírus.
Claro que, por estarem indo a essa tal competição, a pandemia global estava bem mais contida do que quando o vírus surgiu praticamente do nada há mais de dois anos, mas todos ainda seguiam os procedimentos sanitários, como aquele, sempre que necessário. Não tinha o que ser feito, ser conveniente à contaminação tinha virado crime pelo globo todo e mesmo com alguns protestos e pessoas extremamente burras e mesquinhas, era algo que todos teriam de fazer, querendo ou não.
Depois do anúncio e que tinha assimilado tudo o que tinha acontecido, relaxou um pouco mais e soltou a mão dela, que de vergonha ou pelo mini surto que teve, nem olhou mais para a cara dele até o avião descer. O único outro contato que teve com outra pessoa depois daquilo, foi com debruçando por cima de , gesticulando sem fazer nenhum som para ela, perguntando se ela estava bem e ela assentindo que “sim”. Todos estavam um pouco tensos com aquilo, afinal, poderiam estar contaminados e aquela era a maior preocupação no momento.

Assim que o avião pousou, todos foram evacuados aos poucos, de dois em dois, e encaminhados para o local de quarentena resignado a todos. Quando isso começou a acontecer, imaginou que seria somente para saída do veículo sem aglomeração e que depois ficariam isolados individualmente, mas quando chegou sua vez e de , ela percebeu que estavam indo de dupla para o isolamento. O que a pessoa responsável disse a eles foi que: como tinham poucos apartamentos de isolamento e aquele era um voo incrivelmente grande, então teriam que dividir, já que estavam sentados juntos na viagem.
Aquilo só podia ser uma piada de muito mal gosto do universo!
Como ela falava muito bem o espanhol, tentou contra-argumentar com a mulher à sua frente, que pouco se importou, eram ordens que ela tinha que seguir e eles também. preferia passar duas semanas com , do que pelo menos três anos na prisão e por estar em terras internacionais, pelo menos cinco anos sem poder viajar para a Europa.
Claro que seria um desafio para os dois…

Lucía, Pablo, Héctor, María;
La más bella despedida...
Juan, Pablo, Diego, Sofía;
El San Diego nos abriga...

Primeiro dia de isolamento...

A vida era realmente algo que brincava com a cara deles! Não podia ser real, o apartamento era minúsculo, parecia que aquele lugar foi adaptado para receber pessoas quinze minutos antes deles entrarem. A vista era linda, não podiam reclamar, mas a janela estava emperrada e o pior, só tinha um quarto com uma ENORME cama de casal.
— Eu não acredito… — sentiu vontade de chorar tão profundamente, que não se importava se ele visse como ela se desfazia em lágrimas.
O nó na garganta dela era real, aquele só podia ser o pior dia de sua vida!
— A piada veio pronta! — disse rindo tanto, que ela achou que ele ia passar mal a qualquer momento.
— Como a gente vai fazer? — Ela perguntou, quando viu que ele estava arrumando sua bagagem no closet que tinha no canto, enquanto ela ainda estava atônita olhando aquela cama gigante.
— A gente pode dormir junto… — ele disse alto de dentro do cômodo em que arrumava as roupas, como se aquele impasse fosse óbvio.
— Você está louco? — Quase foi até onde ele estava para dar um outro tapão nele.
— Eu acho que essa cama é grande o suficiente para dividirmos! — O tom dele estava incrivelmente normal, nenhum tipo de piadinha ou de segundas intenções. — O que foi? — Perguntou quando ela colocou as mãos na cintura, olhando feio para ele. — Você nunca dividiu a cama com seus amigos? — Pegou suas coisas de higiene pessoal e foi até o banheiro para organizar as coisas ali.
— Já, mas é diferente… — estava ainda desacreditada da proposta que ele tinha feito.
— Olha, eu sei que não somos amigos e nem nada, mas eu vou dormir na cama, se você quiser tentar aquele sofá minúsculo ali… — apontou o sofá de dois lugares que compunha a decoração daquele kitnet. — Ou na banheira, acho que aqui é espaçoso. — Continuou dando opções para ela, voltando para o banheiro.
— E quem disse que você que decide quem dorme ou não na cama? — Ela estava ficando com raiva dele, quem ele achava que era para falar que ia dormir na cama?! — Vamos revezar, um dia de cada um! — Julgou a decisão dela muito melhor que a dele.
— Eu já disse que vou dormir na cama, . Se quiser dormir um dia no seu lado da cama e outro no chão, problema é seu! A gente consegue até fazer uma barreira de travesseiros se quiser, porque têm vários nessa cama enorme, se acha que não vai resistir ao meu corpinho... mas eu não vou dormir desconfortavelmente só porque você é uma chata! — Voltou até onde estavam suas roupas e pegou algumas, indo até o banheiro.
, não é assim que a gente decide as coisas, isso é injusto… — e ela viu quando ele deu um sorrisinho e fechou a porta do banheiro em sua cara para terminar aquela conversa ali.

» : , eu juro por Deus, avisa seu namorado que ele vai perder o amigo dele mais cedo do que ele imagina

pegou o celular e mandou uma mensagem para a amiga, precisava desabafar com alguém, mesmo sabendo que apoiaria que ela dormisse na mesma cama que o outro, que cantarolava algo animado enquanto tomava banho.

» : , eu ainda não acredito que te colocaram de quarentena com ele, sério, pergunta do , eu tô me mijando de rir desde que você me disse

não sabia por que ainda era amiga de , ela não ajudava muito naquela situação, visto que ela sempre falava que aquela rixa e “odiozinho” deles era tesão encubado e uma louca vontade de se pegarem, que ela tinha tirado do cu. sempre perdia a paciência quando a amiga começava com aquilo.

» : Para de rir da minha cara, sua ridícula! Você não acredita na maior, ele quer que durmamos na mesma cama, porque, claro, a vida tirou uma com a minha cara e ainda nos colocou em um lugar com uma cama só

Quando viu a amiga digitando mais do que devia para aquela resposta simples, que ela pensava receber um “mande ele se lascar” ou um “ele só pode estar de brincadeira”, se arrependeu de ter mandado mensagem para ela para reclamar.

» : Seu momento de sentar nesse macho chegou, amiga! Como vemos, ele deseja seu corpo nu, bem como você o dele, então divida a cama com ele e para de graça, ninguém aguenta mais esse cu doce de vocês. Tenha uma boa noite, eu estou indo dormir aqui, que meu mozinho já pegou no sono e eu estou morta também! Me conte os detalhes amanhã, te amo

só bloqueou a tela do celular, não valia a pena nem responder aquele absurdo que tinha falado há pouco.
Separou uma roupa para vestir também e assim que saiu do banheiro, ela entrou para tomar um longo banho e decidir como dormiria naquela noite, já que ele pareceu que não ia mesmo mudar de ideia sobre dividirem aquela cama.

Ela não demorou muito, mas assim que saiu do banheiro, encontrou um dormindo profundamente em um lado da cama, um amontoado de travesseiros e até uma coberta envolvendo tudo para a barreira não ceder e um espaço para deitar. Não queria dar o braço a torcer, mas também queria uma noite confortável de sono depois de tudo o que aconteceu naquele dia, então se permitiu deitar e virar de costas para ele para dormir. No dia seguinte resolveria onde dormir.

Terminei minha vida vazia;
Solto à obra prima em Santa Maria do Mar...
Sem amor tão profano;
De quem conheceu o sublime e voltou à chatice de ser humano...

Uma semana de isolamento...

tinha que assumir: a convivência com estava mais tranquila do que ela imaginou que seria!
Eles continuaram dormindo na mesma cama e ele sempre tomava banho primeiro para poder deixar a cama pronta para quando ela fosse se deitar, também era organizado e limpo, vezes até mais organizado do que ela. E sempre que ele tinha oportunidade, ele a cutucava. Parecia que gostava de ser xingado ou poderia ser o costume também.
Eles jogaram jogos juntos e conversaram sobre todas as coisas do mundo, não que não tivessem uma televisão — que não valia de muita coisa, já que estava tudo em espanhol — ou acesso livre à internet, mas estavam gostando da companhia e de se conhecerem melhor; descobriram que tinham mais coisas em comum do que imaginavam e que até para o mesmo time torciam.
Gostavam de cinema, astronomia, bubba tea e miojo com arroz, dentre outras coisas em comum. Eram apaixonados por dança e estavam até compartilhando o que conheciam sobre aquilo um com o outro.
— E estica assim! — Ela mostrou um passo de dança que estava na coreografia de seu grupo na competição.
— Assim? — Ele perguntou, imitando o movimento que ela tinha feito a pouco.
— Ahaaam! — Respondeu, animada. — Levanta só um pouco assim seu queixo: — aproximou-se bem perto do corpo dele, auxiliando na levantada do queixo e perdendo o fôlego momentaneamente por ver tão de perto o quanto ele era lindo.
Mas antes que algo a mais acontecesse, a campainha tocou e eles sabiam que era o almoço que foi deixado pelo pessoal que estava cuidando deles naquela quarentena. foi até a porta pegar a refeição, mesmo que ambos tenham testado negativo para o vírus, todas as pessoas que estavam naquele voo estavam recebendo o mesmo tratamento, mesmas restrições e cuidados.
— Hoje é aquele frango apimentado que você gosta! — Ele disse animado ao ver o descritivo da refeição na notinha presa às sacolas.
— Que delicia, ! — Ela gritou do banheiro, tinha ido lavar as mãos. — Só não me diga que veio aquele suco horrível de banana... — ela não tinha problemas com comida e nem bebidas, mas realmente detestava banana com a sua vida. Comia, mas ela precisava estar de madura para verde, qualquer aspecto mole com aquela fruta, ela não conseguia nem pensar.
— Ah, bom… — ele trocou rapidamente os copos de sacola e sumiu com o papel que tinha anotado o que continha naquela refeição.
Mesmo amando o suco de laranja que mandaram para ele, não se importava com suco de banana e viu como ela quase passou mal quando veio da primeira vez e ele teve que tomar, porque ela simplesmente deu um gole e quase não conseguiu terminar sua refeição. Claro que eles tinham informado o pessoal responsável, mas quem disse que eles pararam de mandar?
— Veio para mim, o seu é de laranja! — Abriu um sorriso quando ela saiu do banheiro e ele se encaminhou para o cômodo para higienizar também suas mãos.
— Ai, que bom! — Ficou feliz.
Não queria ficar sem beber nada, aquele frango era um pouco apimentado demais para seu gosto e era sempre bom uma bebida refrescante para ajudar no consumo.
não sabia por que estava fazendo aquilo, desde viu como ela tremia no avião, ficou com aquele sentimento de que precisava cuidar dela, mesmo depois das conversas e ele ter ciência de que ela não era nenhuma donzela indefesa, era um sentimento que cresceu nele e ele não sabia de onde veio, muito mesmo para onde ia.

Me deixou em carne viva;
Vivo dentro da chacina;
Nos teus montes de amores...

Dez dias de isolamento...

Começou a chover muito naquela tarde, nem sabia que podia chover tanto naquele país. De todos aqueles dias, onde a afinidade deles estava cada vez melhor, eles já brincavam ao invés de se bicar, cantavam músicas juntos, jogavam videogame — mesmo sendo péssimo no FIFA —, nunca sequer tinha ameaçado chover, ainda mais uma tempestade daquela magnitude.
O rapaz olhava apreensivo pela janela desde que o céu escureceu no meio da tarde e a expressão no rosto dele era um misto de ansiedade e talvez medo, ela não conseguiu identificar só olhando. Mas ele definitivamente estava “diferente”. Não que fosse um palhaço de circo, mas o astral dele definitivamente não era aquele, estava “jururu”, como a mãe dela costumava dizer, e apreensivo com certeza. Mal tocou no jantar e àquela hora, a chuva só estava mais densa e os raios brilhavam no céu, perto o suficiente para serem vistos e longe o suficiente para serem ouvidos.
sentiu um aperto no coração, ela sabia que ele vinha cuidando dela, quando descobriu que ele sempre trocava a bebida quando eles mandavam aquele suco de banana horrível ou aquele chá verde pela manhã, lembrava-se perfeitamente de suas mãos nas dela no avião quando ela estava a ponto de entrar em um colapso nervoso. Entendeu que ele tinha medo de tempestades, mas não queria invadir o espaço dele e nem passar nenhum limite, ela mesma tinha medo e fobia de muitas coisas na vida — viajar de avião era uma delas —, então entendia similarmente como ele estava se sentindo no momento.
? — chamou o rapaz, que tremia um pouco em seu lado da cama. Estava de olhos fechados e apertados como se estivesse em um pesadelo.
Lá fora, a chuva continuava e os trovões estavam altíssimos e realmente amedrontadores, ela sabia que o prédio tinha para-raios e que estavam seguros e muito provavelmente ele também sabia, mas seu subconsciente estava trabalhando duro para a autossabotagem.
?
Ele choramingava baixinho, como se tivesse chorando em seu sonho — ou pesadelo, seja lá o que ele estava tendo ali. Ele não acordava nem com a reza brava e continuava tremendo.
Sem pensar duas vezes, ela empurrou a barreira que eles faziam todas as noites e abraçou o corpo dele, não estava ligando se ele ia achar ruim ou não. Precisava fazer aquilo, tentar acalmar ele de alguma forma.
Ficou longos minutos com o corpo grudado no dele, sussurrando em seu ouvido que estava tudo bem, pedindo para que ele acordasse. Não acordou! Mas parou de tremer e choramingar, e começou a respirar tranquilamente. planejou ficar mais alguns minutos com o rapaz em seus braços, até ter certeza de que ele tinha se acalmado, mas acabou adormecendo também, era confortável estar daquela forma com ele.

•••

Na manhã seguinte, acordou sozinha na cama, estava sentado à mesa, preparando as coisas para o café da manhã deles. Ela não ouviu a porta com a refeição e nem sentiu quando ele saiu de perto de si.
Arrumou a cama assim que levantou e eles não tocaram naquele assunto, seguiram o dia normal. Bem como não conversaram sobre a força que ele deu no avião, também não comentam ali, eles sabiam que sabiam o que rolou, mas preferiam seguir a vida normalmente com os “rituais” que estavam fazendo todos aqueles dias confinados.

Me lambeu como um sorvete;
No verão mediterrâneo;
Feito à imagem de um deus;
Ou um santo italiano...

Doze dias de isolamento...

Depois de o ver de forma mais “vulnerável”, passou a se odiar, mas não conseguia, não se sentir atraída por aquele homem que tinha sempre um sorriso fácil nos lábios, olhos e ouvidos atentos. Passar aqueles doze dias com ele fez enxergar uma faceta que JAMAIS enxergaria só pelo que convivam na universidade. O que ele aparentava ser não era um terço do que era verdade, ela não sabia explicar, mas se sentia cada segundo mais atraída por ele. Estava há dois dias se segurando para largar um beijo naquela boca linda.
Depois de toda aquela tempestade, o calor estava absurdo, o ar-condicionado estava com algum defeito irritante, que só funcionava quando queria e a temperatura nem melhorava direito. Como o clima estava quente e eles não podiam mandar um técnico para arrumar o aparelho, enviaram um ventilador de mesa junto com dois potes de sorvete para que se refrescassem melhor.
— Hmmm! — disse, enfiando uma grande colher de sorvete de chocolate na boca.
Ela estava achando delicioso e não era só o sorvete à sua frente... pelo calor, estava sem camisa, só com uma bermuda leve no corpo, parecia aqueles shorts que se usava na praia, os cabelos para cima, deixando à mostra a testa um pouco suada.
— Que delícia! — disse, olhando para ela, sugestivo.
Há algum tempo, no meio do caminho entre aqueles dois dias, a tensão sexual entre eles era quase sufocante. Na mesma forma que ele era irritante aos olhos dela, era sedutor, galanteador, sexy e essas coisas que sempre faziam com que lembrasse de , alertando ela que mais cedo ou mais tarde eles se pegariam.
A mulher não usava muita roupa também, estava com a parte de cima de um biquíni, que ela enfiou na mala por livre e espontânea pressão da melhor amiga, que jurou que podia ter alguma piscina no hotel em que ficariam. E lá estava ela, usando um biquíni e um shorts de pijama leve e curto, dentro do quarto pra espantar o calor.
— Como será que fica o gosto do meu sorvete rainbow com o seu de chocolate? — Perguntou sem malícia.
Naquele momento, estava mesmo curioso, o sabor que ele tomava era tão “tropical” de limão, laranja e framboesa... talvez combinasse com o amarguinho do chocolate.
— Eu não sei… — lambeu a colher que tinha um pouco de sorvete nela. — Mas podemos experimentar agora!
E antes que ele mergulhasse sua colher no pote dela, ela se inclinou e iniciou um beijo, pegando-o de surpresa. Não que não quisesse beijar ela, mas nunca pensou que ela tomaria a iniciativa daquela forma.
Aproveitou que estavam um do lado do outro e a puxou para seu colo para que as bocas se encaixassem bem e aquele fosse o beijo gostosinho que ele queria dar nela. ficou feliz que ele retribuiu e sentada no colo dele, enfiou as mãos nos fios sedosos daquele cabelo que antes levou um tapa dessas mesmas mãos no avião.
Sentada de lado, ela se remexeu um pouco para se ajustar melhor no colo dele e pegou em sua cintura, firme, fazendo com que arfasse durante o beijo. Aquela pegada a deixou louca.
nunca foi tão necessitada de sexo na vida, mas aquele homem, conviver com ele, ver todas as suas facetas, fizeram com que ela ficasse atraída e necessitada por ele de uma forma estranhamente gostosa.
Já não se importavam com nada, ninguém além deles sabia o que estava acontecendo naquele apartamento.
Assim que os lábios se separam, eles se olharam cúmplices e assim que ela passou uma perna de cada lado do corpo dele, eles voltaram a se beijar sem que nenhuma palavra fosse dita. Os corpos se conectavam. As mãos dele passeavam pela barriga nua dela, que aproveitou que ele também estava sem camiseta e passou as unhas pelos ombros e costas dele de leve, só para que seu corpo se arrepiasse, bem como o dela estava se arrepiando com os toques dele que subiam para a região de seus seios.
Mais uma vez as bocas se separaram e então, como se pedisse permissão, ele olhou profundamente nos olhos dela que assentiu com a cabeça e começou a rebolar no colo dele, mostrando que sabia que ele a queria do jeito que ela o queria.
levou as mãos para o nó que segurava a peça de praia nos peitos dela, soltando a mesma e jogando em algum lugar do cômodo que nenhum deles se importou, levou a boca até o pescoço dela, começando com a língua ali e descendo as lambidas até seus ombros, clavícula, colo, chegando onde ele queria desde quando ela se sentou naquela posição em seu colo.
Como se tivesse lambendo um sorvete, ele passou a língua no mamilo dela, que estava rígido de tesão, depois abocanhando o mesmo e sugando, como se fosse seu doce preferido. Era incrível como ele sabia usar a boca e já estava vendo estrelas só de pensar o que ele era capaz de fazer com aquela língua em outro lugar.
A outra mão ele levou para dentro dos shorts dela, encontrando uma calcinha molhada pelos estímulos e ela percebeu que pelo sorrisinho que deu ainda com a boca em seu peito, que ele estava feliz em encontrá-la naquele estado. Os dedos encontraram o clitóris por cima do pano fino da lingerie e só sabia gemer, alto e manhoso, aquela fricção junto com o modo com que ele trabalhava bem a língua.
não aguentou muito naquela agonia, os gemidos dela estavam o deixando louco de vontade de sentir todo aquele corpo e ser responsável por todo o prazer que saía da boca dela.
Parou o que estava fazendo e segurando firme na cintura dela, colocou-a sentada em cima da mesa, puxou seus shorts para baixo junto com a calcinha e ficou sentado na cadeira no meio das pernas dela. Antes de levar a boca para a intimidade dela, pegou um pouco do seu sorvete na colher e colocou na barriga dela, levantando-se um pouco para lamber o local. sentiu a comida gelada em sua pele quente e gemeu em antecipação, quando a boca quente dele chegou no sorvete gelado. Ela sentiu que seu corpo iria entrar em combustão.
Depois que ele lambeu toda a comida do corpo dela, desceu a boca para o clitóris e ela quase soltou um grito de prazer quando a língua gelada dele tocou aquele lugar tão necessitado. Ela tinha razão, sua boca naquele lugar trabalhava extremamente bem, era impressionante como ele fazia bem um oral, era difícil encontrar homens que fizeram aquele tipo de coisa tão bem, a forma com que ele a chupava e brincava com a boca naquela região. Ele trabalhava tão bem, que ela teve seu primeiro orgasmo da noite sem nem perceber, só sentiu a onda de prazer invadir seu corpo e os espasmos involuntários invadirem seus sentidos. Ele nem pensou duas vezes, antes de sugar todo aquele prazer que ela soltou.
— Você é muito gostosa, sabia? — Ele sussurrou no ouvido dela, que ainda estava deitada na mesa, tentando regular a respiração.
— E olha que você nem me comeu ainda! — Ela mordiscou o lábio e o puxou com as pernas para mais perto do corpo dela.
— Você é insaciável, gostei disso! — Deu um breve selar nos lábios dela e sorriu, abaixando o próprio short e ficando totalmente pelado.
— Só com quem merece! — Ela puxou novamente o corpo dele com as pernas.
E se inclinando para beijar o pescoço dela, encaixou seu pau na entrada e foi se enfiando lá, devagar, conforme seus quadris iam se aproximando. Quando estava 100% dentro dela, inclinou-se novamente para ficar em pé e começou o vai-e-vem em ritmos fortes e lentos, fazendo com que cada estocada que ele dava, ela soltasse um gemido em forma de súplica para que ele aumentasse a velocidade.
Acontece que ele descobriu naquela tarde quente da Espanha, que ouvir ela gemer era uma de suas coisas preferidas no mundo...
Mas mesmo gostando muito daquilo, seu corpo também necessitava de algo mais, então aumentou o ritmo, gemendo junto com dela, os corpos se chocando e o prazer se espalhando por eles. Conforme ele aumentava o ritmo das estocadas, ele segurava firme na cintura dela, auxiliando na movimentação.
Tudo aquilo tinha gerado uma bagunça no local: a mesa rangia, os sorvetes tinham ido para o chão e os gemidos eram altos. Eles pouco se importavam se alguém conseguiria ouvir.
Algum tempo depois, ele não aguentou, estava muito excitado e quando sentiu o corpo da mulher se estremecer novamente por mais um orgasmo e contrair sua intimidade ao redor de seu pau, ele gozou, sentindo as pernas amolecerem, o corpo todo queimar de prazer e a respiração desregulada.
Quase não conseguiram ir até o quarto, mas foram juntos. Precisavam se deitar, repor as energias para limparem o local e, quem sabe, continuarem aquela festinha particular.

Barcelona;
Barcelona;
Diz que me ama;
Barcelona...

Último dia de isolamento...

E depois daquele dia em que o calor de fora não foi maior que o calor que os corpos produziram, eles continuaram se pegando vez ou outra. Não sabiam o que a volta para a casa traria para eles, estavam vivendo aquele momento um dia de cada vez.
Talvez, quando voltassem para a faculdade, deixassem aquela paixão em Barcelona; talvez levassem Barcelona na bagagem com eles.
Talvez...
A única coisa que tinham naquele último beijo que deram, antes de seguirem novamente até o avião, era o “talvez”. Combinaram de deixar rolar, então, talvez, era o futuro que traçaram.



FIM!



Nota da autora: ai ai Barcelona, eu estou perdida de amor nessa história, talvez não tenha ficado o amor de ódio que eu imaginei que ficaria, mas eu realmente amei. E eu quero agradecer dona Laysa Maria por me servir de inspiração, bem como Hee, esse neném maravilhoso e seus 67 dentes perfeitos. Ai ai, primeira fanfic que eu retrato no nosso cenário pandemico atual, espero que vocês gostem desse formato.

ps: Ah minha lista de fic vai estar aí embaixo, mas vocês conseguem achar também, tanto clicando no ícone do Facebook que vai te direcionar ao meu grupo de autora (ta pequenininho ainda rs, não reparem), quanto clicando no ícone do Obsession, que dá acesso a minha página de autora no site e pelo meu instagram. Meu tt tá sempre disponível também. Vocês podem me gritar por lá, aqui pela caixa de comentários ou onde me acharem kkkkkk AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.



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02. Teenager [Ficstape #104: GOT7 – 7 for 7]
02. Enough [Ficstape #196 – GOT7: Present – You]
02. Nobody’s Perfect [Ficstape #122: Jessie J – Who You Are]
02. Amigos Con Derechos [Ficstape #204 – Ahora: Reik]
03. Crazy 4 U [Ficstape #148 – Move – Taemin]
03. 잡아줘 (Hold Me Tight) [Ficstape #103: The Most Beautiful Moment in Life: Young Forever]
03. Let Go [Ficstape #178 – BTS – Face Yourself]
03. Trivia: Love [Ficstape #181 – BTS – Love Yourself: Answer]
03. Ready Or Not [Ficstape #149 – Monsta X: Shine Forever]
04. Até o Sol Quis Ver [Ficstape #137: Exaltasamba – Ao Vivo Na Ilha da Magia]
04. Clap [Ficstape #120: Seventeen: Teen, Age]
04. Game [Ficstape #193 – Super Junior: Time Slip]
05. HOME [Ficstape #200 – BTS: Map of the Soul – Persona]
06. Good Day For A Good Day [Ficstape #108: Super Junior – Replay]
07. Magic Shop [Ficstape #133: BTS – Love Yourself 轉‘Tear’]
07. 소름 Chill [Ficstape #111 – EXO – The War]
07. Shift [Ficstape #112 – Shinee – 1 Of 1]
07. OI [Ficstape #149: Monsta X – Shine Forever]
07. Dengo [Ficstape #150: AnaVitória – AnaVitória]
08. Tonight (오늘밤; feat. Zico) [Ficstape #119: Taeyang: White Night]
08. Made It [Ficstape #196 – GOT7: Present – You]
08. The Call [Ficstape #029 – Backstreet Boys: Greatest Hits – Chapter One]
09. Retro [Ficstape #168 – SHINee – The Story of Light]
10. Fire [Ficstape #103: The Most Beautiful Moment in Life: Young Forever]
11. I Want You [Ficstape #168 – SHINee – The Story of Light]
12. Undercover [Ficstape #168 – SHINee – The Story of Light]
12. Fine [Ficstape #196 – GOT7: Present – You]
16. Not Today [Ficstape #080: BTS – You Never Walk Alone]

MUSIC VIDEO:
MV Beautiful Liar [Music Vídeo - KPOP - Shortfic]
MV Darling [Music Vídeo - KPOP - Shortfic]
MV Sexy Trip [Music Vídeo - KPOP - Shortfic]
MV Thank U [Music Vídeo - KPOP - Shortfic]
MV God’s Menu [Music Vídeo - KPOP - Em Andamento]
MV You Got It [Music Vídeo - R&B/Soul - Shortfic]
MV 마리아 (Maria) [Music Vídeo - KPOP - Shortfic]
MV Think Of You [Music Vídeo - KPOP - Shortfic]
MV 눈누난나 (NUNU NANA) [Music Vídeo - K-pop/K-hiphop - Shortfic]

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