Capítulo Único
Acordar preguiçosamente na cama de em um domingo de manhã só trazia uma coisa à mente de : cozinhar juntos!
Ela amava passar qualquer tempo com o namorado. A rotina dos dois era pesada. Ela era modelo de uma das maiores marcas do mundo e um dos idols mais badalados de todos os tempos. Momentos como esses, em que os dois tinham todo o final de semana de folga, eram raros, então eles aproveitavam para fazer tudo juntos, essa cumplicidade os conectava muito e o amor fazia cada segundo juntos valer a pena.
abriu os braços, esticando o corpo para despertar e ouviu cantarolando algo do box da suíte principal. A vontade foi de entrar naquele banheiro e fazer o que fizeram noite passada, mas ele sabia como o almoço de domingo era importante para a amada, e se eles se distraíssem daquela forma, não teriam tempo de ir ao mercado e comprar os legumes frescos que tanto gostava de comer. Esperou até que parasse de ouvir o barulho do chuveiro para se levantar e seguir arrastando o corpo até o banheiro.
— Bom dia, meu amor. — disse, se aproximando do mais velho e depositando um beijo leve nos lábios dele.
— Dormiu bem, bebê? — perguntou, olhando para o corpo da namorada de cima a baixo.
Ver com aquela cinturinha molhada e nua o deixava em estado de alerta e a cueca azul bebê dele não ia esconder aquela animação por muito tempo. Era difícil se controlar quando o ambiente estava tomado pelo cheiro da pele da mulher e aquela visão, dela com aquela lingerie vermelha que desenhava bem seu corpo e com uma toalha enrolada aos fios de cabelo para auxiliar na secagem dos mesmos, deixou parado uns dois minutos, só observando aquela mulher que fazia seu coração bater mais forte só pelo fato de existir e deixá-lo fazer parte dessa existência.
— ? — chamou, acenando a mão em frente ao rosto do rapaz à sua frente. — Planeta Terra chamando. Você ouviu o que eu disse?
Não. Ele não tinha ouvido e não estava mesmo prestando a atenção em mais nada que não fosse no corpo da amada.
— Desculpe, meu amor. — Ele puxou a namorada pela cintura, colando o corpo ao seu, que estava encostado na pia do lavabo. — Eu estava entretido com outra coisa. — Olhou com desejo nos olhos da mais nova, que estava passando as mãos para a nuca de . — Mas agora minha atenção é toda para sua boca, pode me dizer de novo, por favor? — Ele mordiscou e puxou o lábio da mulher, que sorriu e puxou levemente os cabelos dele.
— Eu vou repetir, mas porque eu sou uma namorada muito boazinha e compreensível, OK? — Ela deu uma piscadela e abriu um sorriso que iluminou seu rosto todo.
— Estou atento!
— Bom, eu disse que vamos primeiro no mercadinho ali da esquina, porque só preciso dos legumes para o Bibimbap, o resto dos ingredientes eu tenho aqui em casa. — Passou uma das mãos pelo rosto do namorado, sorrindo. — Vai tomar um banho, eu vou preparar nosso café.
Como podia ter se apaixonado por alguém como ele? Era tudo que pensava quando via a namorada sendo fofa daquele jeito. Ela era alta, linda, inteligente, seu rosto parecia ter sido esculpido por anjos, a pele era maravilhosa e ela tinha aquela boca que tirava qualquer ser humano de órbita, fora a personalidade, carinhosa, atenciosa, prestativa e o melhor: cozinhava superbem. Ele agradecia todos os dias duas coisas. A primeira era acordar vivo e saudável, podendo fazer a sua arte e ser amado por isso por seus fãs, e a segunda era ter aquela mulher na sua vida, ter aquele sorriso e aqueles olhos brilhando em sua proteção de tela, ter uma mensagem de bom dia e de boa noite todos os dias para quem responder.
— Eu te amo, . — disse, apertando a namorada em seus braços para que ela não saísse daquele abraço. Respirou fundo o perfume do sabonete que saía da pele dela e roçou seus lábios pela bochecha da mulher.
— Eu te amo mais, . — disse, fechando os olhos com o toque macio dos lábios em sua pele. — Eu te amo muito. — Ela finalizou, alcançando os lábios do namorado e iniciando um beijo terno, deslizando a língua para dentro da boca dele e sentindo o gosto que a noite passada deixou no local.
Cinco anos depois...
Nada realmente conseguiria estragar o clima daquele jantar que já estava programado há semanas. Os pais de completavam 32 anos de casados e essa noite tinha que ser a mais especial de todos os outros anos. Nelson e Laura tinham combinado com a filha de jantar no apartamento dela e de . Nelson e Laura estavam tristes por ser o primeiro ano sem a presença do filho mais novo, Hélio, que estava no exército, e só queria que os pais ficassem felizes naquela noite. Ela sentia uma tristeza por morar em Seul enquanto os pais ainda tinham uma vida e residência no Brasil. Eles viviam do outro lado do mundo, então a mulher sempre queria aproveitar o tempo que passavam lá.
Olhou para o celular, conferindo se não tinha nenhuma ligação deles ou de e em alguns minutos estava na porta principal, digitando a senha no painel eletrônico. Antes de sair para o trabalho, foi atrás de todos os legumes, carnes, massas e principalmente a sobremesa, que era a preferida deles. Tudo tinha que estar perfeito e, como combinando, , que estava com a semana livre, iria adiantar os legumes para enquanto ela não chegava de uma reunião importante na sua agência. Assim, tudo ficaria pronto e quente para o horário em que os pais chegassem. estava tão ansiosa por esse jantar e também por passar um tempo a mais com o namorado. Estavam tão distantes nesses últimos meses, a correria do dia a dia, os muitos projetos em outros países e a agenda apertada de shows e eventos dele, tudo tão intenso e corrido que ela só precisou do apoio do namorado que tinha o dom para a cozinha e Laura sempre foi muito atenciosa com o namorado da filha, ela sempre vivia passando fins de semana no apartamento deles quando estavam pelo país e era quase um ritual que cozinhasse para ela pelo menos no jantar. Em todos aqueles anos juntos, ensinou como cozinhar e, hoje em dia, ele é ainda melhor que ela. A felicidade da senhora de meia-idade em ajudar o genro era tão contagiante que às vezes achava que a mãe só ia visitá-la para ver .
— ? — o chamou, deixando o sapato na entrada e calçando seu chinelo preto de espuma. — Acabei de chegar, passei no supermercado e trouxe mais alguns legumes. Podemos fazer uma sopa verde... — Ela foi caminhando em direção à cozinha, encontrando o namorado sentado encostado de um lado olhando algo no celular.
— Qual é o seu problema? — o empurrou ao passar pela porta da cozinha, notando que não tinha começado o jantar que ela tanto havia pedido para que ele não esquecesse. — Nós não combinamos que tudo estaria pronto às 17 horas? — Ela cruzou os braços, soltando um longo suspiro ao ver os alimentos todos em cima da pia do mesmo jeito que ele havia deixado.
— ...
— Nossa, o que aconteceu com você? Nem parece mais a pessoa dedicada e companheira que conheci anos atrás. — , saturada todos esses anos com a indiferença de , começou a falar tudo o que estava entalado em sua garganta, mas o que a deixou impressionada era o fato de ele não mudar a expressão e nem se importar com o que estava sendo falado. — Nem ao menos se preocupa com o nosso relacionamento, com as minhas coisas pessoais, e nem sei o que é o seu toque pelo meu corpo. — Um sorriso fraco saiu pelos lábios de e ela parou, abaixando a cabeça. — Nós somos dois desconhecidos vivendo sob o mesmo teto há anos. E essa é a parte que me machuca tanto. Por saber que meu companheiro não é mais o mesmo.
— Por que tudo isso de repente? — deu alguns passos em direção a ela, segurando em seu ombro. — Não foi intencional, . Desculpe...
— Nada é intencional, . Nada do que você ultimamente anda fazendo é intencional. — Ela cortou o contato, indo na direção oposta.
Queria ser capaz de entender o que acontecia em seu relacionamento que até então julgava ser sereno e estável, mas já não era o mesmo, não tinha mais interesse, preocupação e nem parecia amar com a mesma intensidade dos primeiros anos juntos. A vida aconteceu, situações complicadas, arrependimentos e um desgaste que ela só deu conta que estava acontecendo depois de não tê-lo dividindo o mesmo espaço na cama.
— Esquece tudo o que eu disse. — Ela balançou a cabeça, colocando as mãos na cintura e olhando pela janela do apartamento. O Sol estava quase desaparecendo no céu e ela só precisava respirar um pouco de ar puro. Discutir com não iria ajudar em nada. — Não se preocupe...
— Claro que eu me preocupo, . — Ele tentou aproximação novamente e foi barrado pelas mão dela, que o empurraram, pegando distância. — O que foi? Por que você está assim? — Ele ficou exaltado com aquela recusa, começando a achar demais todo aquele teatro criado pela namorada.
— Por que eu estou assim? — riu nervosa.
— Sim, não tem motivos para ficar falando essas coisas e...
— Cala a boca, ! — Ela apontou o dedo na direção dele, perdendo a paciência. Não queria passar dos limites, mas suas pernas ficaram fracas de raiva com o desprezo do companheiro pelo dia importante. — O que eu tenho? O que você acha que eu tenho? — Caminhou até ele, o empurrando um pouco. — Nós combinamos um jantar para os meus pais e você vem tratando isso como se fosse qualquer coisa. Aliás, qualquer coisa é como você vem me tratando. — Sentindo a cabeça girar e o peito apertar, buscou um pouco de ar naquele ambiente que ficou abafado de repente. — A droga do nosso relacionamento não é mesmo. Nós não somos os mesmos e eu fiquei cansada de tentar te amar todos os dias e não receber isso de volta, não receber o seu amor, o desejo e a felicidade de dividir os seus dias comigo. É isso que eu sinto, sinto que não temos mais nenhuma ligação e somos dois estranhos vivendo debaixo do mesmo teto. — As palavras saíram rapidamente e quando ela notou, os olhos do rapaz já estavam ficando surpresos e espantados com tudo jogado daquela maneira em sua cara.
— Isso tudo por causa de uma droga de jantar? — rolou os olhos, desacreditando no caos e no drama que a namorada estava criando por causa de algo simples. — Tive milhões de problemas durante a tarde e sinto muito por não conseguir fazer essa droga de jantar que é tão importante para sua vida. Aliás, desculpa por ter um trabalho e não conseguir ficar totalmente em casa e me dedicar 100% para você. Porque a sua vida é melhor que a minha e porque EU tenho que sempre ser o melhor em tudo. — respirando fundo, ele buscou um ponto daquela cozinha para prender a sua atenção. tinha passado dos limites e ele também estava exausto de sempre ter que estar disponível para tudo que envolvia a vida sentimental, pessoal e até mesmo em alguns momentos que não tinha necessidade a presença dele na vida da namorada.
— Droga de jantar? Droga? — Ela tentou controlar a raiva de partir para cima dele, mas tudo de repente começou a girar e seu estômago embrulhou com o desespero. — Droga é o que está acontecendo nessa cozinha. Droga é tudo o que você acabou de falar, droga é esse relacionamento e droga são todas as promessas que fizemos em nosso futuro. Não existe futuro, nunca existiu, e nós dois juntos? — Ele pausou, abrindo os braços no alto sentindo o peso do corpo mais forte. Era real, seu relacionamento estava destruído. — Nunca aconteceu, na verdade.
olhou triste para o rosto de , não conseguindo falar mais nada.
— , nós dois estamos de cabeça quente e não podemos conversar a respeito disso agora...
— Nós não vamos conversar mais a respeito disso, . — Ela pareceu determinada ao falar aquela frase completa, mesmo com um nó na garganta e a vontade absurda de chorar. — Não precisamos mais do jantar. — Disse por fim, indo em direção à porta da cozinha. — Espero que você fique bem. Ainda te amo e amo muito. Só que hoje me sinto quebrada e nem tudo o amor consegue consertar o que uma vez quebrou.
Segurando as lágrimas, ela correu para porta principal do apartamento, deixando para trás o seu grande amor de anos, o grande amor que jurou nunca esquecer e nunca deixar que circunstâncias da vida o afastassem. O grande amor que antes era a sua luz e a sua proteção, e hoje esse amor tinha se tornado um desconhecido. A sua luz não brilhava, sua proteção não existia e nem o mesmo olhar e o sorriso eram encontrados em seu rosto. queria ser capaz de sorrir ao lembrar dele, mas se esse era realmente o fim, a única lembrança que levaria de era uma tristeza profunda e um arrependimento de ter perdido cinco anos ao lado de uma pessoa igual a todas as outras do mundo. Mesquinha, egoísta e mentirosa.
Algumas horas e ligações depois da discussão, resolveu que nada iria estragar a noite dos seus pais. Eles não tinham culpa das decisões erradas da filha e não teriam uma noite ruim por causa dessas decisões. Longe de casa, as horas em que ela esteve na rua a fizeram ponderar não somente as ações de nesses últimos tempos, mas também as suas. Os dois estavam passando por momentos difíceis em suas vidas profissionais, ele estava cada semana mais envolvido com seu álbum solo e o de retorno do grupo, já que todos tinham retornado do exército e ela estava mudando de agência para uma maior e a contratação de pessoal e disposição dos cargos estavam tomando grande parte do seu dia, porque agora era sócia além de ainda modelar.
O que realmente aconteceu com o relacionamento deles foi a falta de diálogo, a soma de pequenas mágoas e agora aquelas palavras mal ditas. Ela percebeu que não estava preparada para abrir mão do namorado, mas eles iriam precisar de uma longa conversa e alguns pedidos de desculpas. Novamente pensando na situação de sua vida amorosa, sentiu vontade de chorar, mas estava chegando ao restaurante no qual tinha feito reserva mais cedo e não queria transparecer a tristeza e a angústia que sentia, sua mãe iria passar a noite a enchendo de perguntas e realmente ela não queria que aquela noite ela fosse o foco. Antes de chegar ao local, enquanto andava devagar pelo caminho até o estabelecimento, sentiu o celular vibrar no bolso.
PAPAI CHAMANDO...
— Pai? Aconteceu alguma coisa? — atendeu o telefone apreensiva, olhando o relógio no pulso para conferir se não estava atrasada. Ela tinha ligado mais cedo para o pai e informado a mudança de planos do local do jantar.
— Filha, você tem que vir para seu apartamento, agora! — A voz de Nelson estava estranha e sentiu um pequeno aperto no peito.
— Como assim? O que estão fazendo aí? Eu não disse que eu fiz mudança de planos? Aconteceu alguma coisa com o ? — Assim que ela lembrou como respirava, sentiu seu corpo todo tremer só de pensar que alguma coisa ruim pudesse ter acontecido com o namorado. Procurou com os olhos algum táxi próximo e entrou imediatamente no carro, esperando a resposta do pai, que estava a muito tempo em silêncio. — Alô! Pai? O senhor ainda está aí?
— Como viemos parar aqui é uma longa história, mas foi bom termos vindo. Vem logo para casa, , é uma coisa séria! — A voz firme e autoritária do pai a fez perder as forças da pernas, e se estivesse em pé, muito provavelmente estaria jogado no chão.
Assim que as palavras saíram da boca de Nelson, ele desligou a chamada, o que deixou ainda mais nervosa. Tentou ligar para e só dava caixa postal. Ela não ia se perdoar se alguma coisa ruim tivesse acontecido com o namorado depois que saiu daquele jeito. Sabia o quanto era sensível e, que Deus o livre, o drama e até um atentado contra si era possível ter acontecido. Pediu mentalmente para estar tudo bem e que fosse só a mãe fazendo cena por ter encontrado somente chateado e pediu para que o pai o ligasse e eles se entendessem. Ela sabia o quanto a mãe gostava do genro, aquela não era uma possibilidade nula. Ela estava a pouco tempo de sua residência, mas aquele trajeto pareceu durar a vida toda. saltou do carro e correu diretamente para o elevador, sentiu que deixou de cumprimentar alguém no caminho do saguão até onde estavam os elevadores, mas estava desesperada demais para se importar com isso no momento. Mesmo sabendo que não iria fazer diferença nenhuma, ela apertou pelo menos umas vinte vezes o botão do elevador e quando finalmente chegou, continuou tentando ligar para , mas sem nenhuma resposta positiva. Já no andar, pode ver que nenhuma luz saía pelo pequeno vão embaixo da porta, o que significava que não estavam na sala e isso a deixou ainda mais nervosa. Ela digitou a senha errada pelo menos três vezes até finalmente acertar o código e entrar no apartamento.
— ? — Ela chamou assim que tirou os sapatos e seguiu em direção à sala. — Pai, mãe? — Alcançou o interruptor e ligou a luz do cômodo.
— Aqui, querida. — Ouviu a voz suave de sua mãe responder da cozinha. Com o coração ainda acelerado, ela seguiu em direção à cozinha, e assim que abriu a porta que dava acesso ao cômodo, avistou a mãe, o pai e . Todos sentados à mesa e com um jantar que tinha um cheiro maravilhoso posto ao móvel.
— Surpresa! — Os três disseram juntos. E começou a chorar parada onde estava.
— O que aconteceu, amor? ㅡ se levantou de onde estava e foi até a namorada, a envolvendo em um abraço. — ? O que foi? — Ele afastou um pouco os corpos.
Levantou o rosto da mulher e enxugou as lágrimas dela. olhou nos olhos de e começou a dar alguns tapinhas no peito dele.
— Qual o problema de vocês? — Ela disse ainda em meio às lágrimas. — Eu estava tão preocupada, e eu pensei que... Pensei. — Não foi capaz de concluir o raciocínio, pois as lágrimas estavam virando soluço. a envolveu em um abraço apertado, sentindo a camisa ficar um pouco molhada com as lágrimas.
— Se acalma, , está tudo bem. — passava a mão pela cabeça de e a apertava ainda mais em seu abraço, tentando fazer com que ela se sentisse protegida.
— Filha, não foi nossa intenção. — A mão de Laura parou nas costas da filha.
— Acho que eu sou um ótimo ator. — Nelson disse rindo, olhando para os três parados na porta.
— Amor, está mais calma? — perguntou quando sentiu que a namorada já não chorava mais. não conseguia dizer nada ainda, só balançou a cabeça positivamente. — Vem, vamos nos sentar. — Ele finalizou, levando-a até o seu lugar na mesa.
— Foi tudo combinado, querida, não imaginamos que você iria ficar tão chateada assim. — A mãe dela pegou suas mãos e começou a fazer carinhos. — queria fazer uma surpresa para você e ele sabia o quanto esse jantar era importante para você e para nós. — Ela sorriu carinhosamente, o que fez se acalmar ainda mais.
— Eu disse que nossa menina era sensível. Não é porque ela tem esse gênio forte que ela não ia se preocupar. Filha, o pai foi contra, mas você sabe que voto vencido não vale, não é? — Nelson riu, e todos, incluindo , riram juntos.
O jantar foi maravilhoso. tinha feito seu melhor com a comida e o clima entre eles e os pais de estava incrível como sempre foi. Foi bom sentir novamente o calor daquele relacionamento e ver que talvez ela estivesse errada quanto às palavras que disse mais cedo. Depois de muito papo e da sobremesa que Laura tinha levado, os pais de foram embora, tinham uma boa estrada pela frente até o hotel que escolheram em uma cidade mais afastada porque há anos iam para lá e sempre viam a mesma coisa e queriam deixar os dois mais à vontade para curtirem o resto da noite.
— Foi uma ótima noite. — disse, fechando a porta ao ver os sogros tomarem o elevador.
— Foi. — disse, soltando um longo suspiro. — A gente precisa conversar, . — Ela sentou no sofá, se esparramando pelo local.
Que tipo de conversa? — O olhar de tristeza era muito forte no rosto dele, que se sentou ao lado da mais nova.
— Eu preciso, eu acho que devemos desculpas um ao outro. — Ela começou o assunto com facilidade, já tinha passado a tarde toda pensando sobre o assunto. — Nosso relacionamento está passando por uma crise, mas podemos resolver isso, a gente quer resolver isso? — Se ajeitou, olhando para o rosto do namorado.
— A gente quer ser feliz, , e a gente só é feliz junto. Nossa falta de tempo e a correria da vida estão atrapalhando nossa felicidade, mas a gente tem que ser mais forte e maleável com isso. — se aproximou e pegou as mãos de . — Eu te amo, eu te amo demais e isso é a única certeza que eu tenho na vida. Nossas carreiras estão tomando nosso tempo agora, mas isso só significa que nosso futuro vai ser bom, e depois que tudo isso passar vamos poder falar o quanto somos fortes e o quanto precisamos um do outro.
sentiu as palavras a preencherem. Eles ainda tinham aquela sintonia de sentimentos semelhantes e de pensarem de forma igual sobre o futuro e o relacionamento. Eles podiam estar estressados, mas quando paravam e pensavam, a resposta era a mesma para os dois.
— Eu disse palavras horríveis, , quando eu também estava errada.
— Nós dois dissemos, bebê, mas a gente está aqui agora, e temos que combinar uma coisa, OK? — Ele passou uma das mãos pelos cabelos de , que balançou a cabeça positivamente, esperando que terminasse. — Então todas as vezes que alguma coisa incomodar, vamos parar e conversar, colocar as cartas na mesa e, sem conflito, vamos resolver, pode ser? Eu ainda estou cheio de coisas no estúdio e acredito que você também, com todas essas reuniões da agência. Vamos dar nosso melhor dentro e fora de casa. Eu te amo demais pra deixar que o nosso fim seja esse.
o abraçou forte, sentindo o coração do mais velho bater de forma irregular, aquela era uma situação de nervosismo e de declaração, sabia como aquelas coisas deixavam agitado.
— Concordo plenamente, meu amor. — Ela disse, apertando ainda mais o abraço. — Eu te amo, e eu odeio me sentir assim, prometo que vou me abrir mais em relação aos meus sentimentos. Eu preciso desse abraço para o resto da minha vida, , e só você pode me proporcionar isso.
O rapaz separou os corpos e se levantou do sofá. captou as intenções do companheiro e levantou também. Abraçou por trás e foram andando até o quarto. Durante todo o caminho, enquanto sentia o cheiro daquela pele do namorado e seu corpo respondendo aquele contato, percebeu que viver longe daquilo tudo seria muito difícil, e aquela situação era algo contornável. Parou no meio do corredor que dava ao quarto, precisava sentir o gosto daquela boca. Encostou as costas na parede e virou o corpo do namorado de frente para o seu.
— Te amo, . — Ela disse com os olhos fixos nos olhos do mais velho.
Antes de ouvir o que iria falar quando abriu a boca, puxou o rosto do namorado para o seu e iniciou um beijo feroz, sentindo o corpo ser prensado contra a parede, as mãos de ambos passeavam pelos corpos e o calor do ambiente aumentou gradativamente. separou os lábios, mordiscando de leve, e puxou a camiseta da namorada para fora do corpo.
— Odeio brigar com você, meu amor. Mas eu amo as reconciliações. — disse, voltando a beijá-la.
Aquilo realmente era o que os dois mais gostavam naquela relação, podiam se desentender, mas o amor e o desejo estavam ali, e viver aquilo era tudo o que eles precisavam.
Ela amava passar qualquer tempo com o namorado. A rotina dos dois era pesada. Ela era modelo de uma das maiores marcas do mundo e um dos idols mais badalados de todos os tempos. Momentos como esses, em que os dois tinham todo o final de semana de folga, eram raros, então eles aproveitavam para fazer tudo juntos, essa cumplicidade os conectava muito e o amor fazia cada segundo juntos valer a pena.
abriu os braços, esticando o corpo para despertar e ouviu cantarolando algo do box da suíte principal. A vontade foi de entrar naquele banheiro e fazer o que fizeram noite passada, mas ele sabia como o almoço de domingo era importante para a amada, e se eles se distraíssem daquela forma, não teriam tempo de ir ao mercado e comprar os legumes frescos que tanto gostava de comer. Esperou até que parasse de ouvir o barulho do chuveiro para se levantar e seguir arrastando o corpo até o banheiro.
— Bom dia, meu amor. — disse, se aproximando do mais velho e depositando um beijo leve nos lábios dele.
— Dormiu bem, bebê? — perguntou, olhando para o corpo da namorada de cima a baixo.
Ver com aquela cinturinha molhada e nua o deixava em estado de alerta e a cueca azul bebê dele não ia esconder aquela animação por muito tempo. Era difícil se controlar quando o ambiente estava tomado pelo cheiro da pele da mulher e aquela visão, dela com aquela lingerie vermelha que desenhava bem seu corpo e com uma toalha enrolada aos fios de cabelo para auxiliar na secagem dos mesmos, deixou parado uns dois minutos, só observando aquela mulher que fazia seu coração bater mais forte só pelo fato de existir e deixá-lo fazer parte dessa existência.
— ? — chamou, acenando a mão em frente ao rosto do rapaz à sua frente. — Planeta Terra chamando. Você ouviu o que eu disse?
Não. Ele não tinha ouvido e não estava mesmo prestando a atenção em mais nada que não fosse no corpo da amada.
— Desculpe, meu amor. — Ele puxou a namorada pela cintura, colando o corpo ao seu, que estava encostado na pia do lavabo. — Eu estava entretido com outra coisa. — Olhou com desejo nos olhos da mais nova, que estava passando as mãos para a nuca de . — Mas agora minha atenção é toda para sua boca, pode me dizer de novo, por favor? — Ele mordiscou e puxou o lábio da mulher, que sorriu e puxou levemente os cabelos dele.
— Eu vou repetir, mas porque eu sou uma namorada muito boazinha e compreensível, OK? — Ela deu uma piscadela e abriu um sorriso que iluminou seu rosto todo.
— Estou atento!
— Bom, eu disse que vamos primeiro no mercadinho ali da esquina, porque só preciso dos legumes para o Bibimbap, o resto dos ingredientes eu tenho aqui em casa. — Passou uma das mãos pelo rosto do namorado, sorrindo. — Vai tomar um banho, eu vou preparar nosso café.
Como podia ter se apaixonado por alguém como ele? Era tudo que pensava quando via a namorada sendo fofa daquele jeito. Ela era alta, linda, inteligente, seu rosto parecia ter sido esculpido por anjos, a pele era maravilhosa e ela tinha aquela boca que tirava qualquer ser humano de órbita, fora a personalidade, carinhosa, atenciosa, prestativa e o melhor: cozinhava superbem. Ele agradecia todos os dias duas coisas. A primeira era acordar vivo e saudável, podendo fazer a sua arte e ser amado por isso por seus fãs, e a segunda era ter aquela mulher na sua vida, ter aquele sorriso e aqueles olhos brilhando em sua proteção de tela, ter uma mensagem de bom dia e de boa noite todos os dias para quem responder.
— Eu te amo, . — disse, apertando a namorada em seus braços para que ela não saísse daquele abraço. Respirou fundo o perfume do sabonete que saía da pele dela e roçou seus lábios pela bochecha da mulher.
— Eu te amo mais, . — disse, fechando os olhos com o toque macio dos lábios em sua pele. — Eu te amo muito. — Ela finalizou, alcançando os lábios do namorado e iniciando um beijo terno, deslizando a língua para dentro da boca dele e sentindo o gosto que a noite passada deixou no local.
Cinco anos depois...
Nada realmente conseguiria estragar o clima daquele jantar que já estava programado há semanas. Os pais de completavam 32 anos de casados e essa noite tinha que ser a mais especial de todos os outros anos. Nelson e Laura tinham combinado com a filha de jantar no apartamento dela e de . Nelson e Laura estavam tristes por ser o primeiro ano sem a presença do filho mais novo, Hélio, que estava no exército, e só queria que os pais ficassem felizes naquela noite. Ela sentia uma tristeza por morar em Seul enquanto os pais ainda tinham uma vida e residência no Brasil. Eles viviam do outro lado do mundo, então a mulher sempre queria aproveitar o tempo que passavam lá.
Olhou para o celular, conferindo se não tinha nenhuma ligação deles ou de e em alguns minutos estava na porta principal, digitando a senha no painel eletrônico. Antes de sair para o trabalho, foi atrás de todos os legumes, carnes, massas e principalmente a sobremesa, que era a preferida deles. Tudo tinha que estar perfeito e, como combinando, , que estava com a semana livre, iria adiantar os legumes para enquanto ela não chegava de uma reunião importante na sua agência. Assim, tudo ficaria pronto e quente para o horário em que os pais chegassem. estava tão ansiosa por esse jantar e também por passar um tempo a mais com o namorado. Estavam tão distantes nesses últimos meses, a correria do dia a dia, os muitos projetos em outros países e a agenda apertada de shows e eventos dele, tudo tão intenso e corrido que ela só precisou do apoio do namorado que tinha o dom para a cozinha e Laura sempre foi muito atenciosa com o namorado da filha, ela sempre vivia passando fins de semana no apartamento deles quando estavam pelo país e era quase um ritual que cozinhasse para ela pelo menos no jantar. Em todos aqueles anos juntos, ensinou como cozinhar e, hoje em dia, ele é ainda melhor que ela. A felicidade da senhora de meia-idade em ajudar o genro era tão contagiante que às vezes achava que a mãe só ia visitá-la para ver .
— ? — o chamou, deixando o sapato na entrada e calçando seu chinelo preto de espuma. — Acabei de chegar, passei no supermercado e trouxe mais alguns legumes. Podemos fazer uma sopa verde... — Ela foi caminhando em direção à cozinha, encontrando o namorado sentado encostado de um lado olhando algo no celular.
— Qual é o seu problema? — o empurrou ao passar pela porta da cozinha, notando que não tinha começado o jantar que ela tanto havia pedido para que ele não esquecesse. — Nós não combinamos que tudo estaria pronto às 17 horas? — Ela cruzou os braços, soltando um longo suspiro ao ver os alimentos todos em cima da pia do mesmo jeito que ele havia deixado.
— ...
— Nossa, o que aconteceu com você? Nem parece mais a pessoa dedicada e companheira que conheci anos atrás. — , saturada todos esses anos com a indiferença de , começou a falar tudo o que estava entalado em sua garganta, mas o que a deixou impressionada era o fato de ele não mudar a expressão e nem se importar com o que estava sendo falado. — Nem ao menos se preocupa com o nosso relacionamento, com as minhas coisas pessoais, e nem sei o que é o seu toque pelo meu corpo. — Um sorriso fraco saiu pelos lábios de e ela parou, abaixando a cabeça. — Nós somos dois desconhecidos vivendo sob o mesmo teto há anos. E essa é a parte que me machuca tanto. Por saber que meu companheiro não é mais o mesmo.
— Por que tudo isso de repente? — deu alguns passos em direção a ela, segurando em seu ombro. — Não foi intencional, . Desculpe...
— Nada é intencional, . Nada do que você ultimamente anda fazendo é intencional. — Ela cortou o contato, indo na direção oposta.
Queria ser capaz de entender o que acontecia em seu relacionamento que até então julgava ser sereno e estável, mas já não era o mesmo, não tinha mais interesse, preocupação e nem parecia amar com a mesma intensidade dos primeiros anos juntos. A vida aconteceu, situações complicadas, arrependimentos e um desgaste que ela só deu conta que estava acontecendo depois de não tê-lo dividindo o mesmo espaço na cama.
— Esquece tudo o que eu disse. — Ela balançou a cabeça, colocando as mãos na cintura e olhando pela janela do apartamento. O Sol estava quase desaparecendo no céu e ela só precisava respirar um pouco de ar puro. Discutir com não iria ajudar em nada. — Não se preocupe...
— Claro que eu me preocupo, . — Ele tentou aproximação novamente e foi barrado pelas mão dela, que o empurraram, pegando distância. — O que foi? Por que você está assim? — Ele ficou exaltado com aquela recusa, começando a achar demais todo aquele teatro criado pela namorada.
— Por que eu estou assim? — riu nervosa.
— Sim, não tem motivos para ficar falando essas coisas e...
— Cala a boca, ! — Ela apontou o dedo na direção dele, perdendo a paciência. Não queria passar dos limites, mas suas pernas ficaram fracas de raiva com o desprezo do companheiro pelo dia importante. — O que eu tenho? O que você acha que eu tenho? — Caminhou até ele, o empurrando um pouco. — Nós combinamos um jantar para os meus pais e você vem tratando isso como se fosse qualquer coisa. Aliás, qualquer coisa é como você vem me tratando. — Sentindo a cabeça girar e o peito apertar, buscou um pouco de ar naquele ambiente que ficou abafado de repente. — A droga do nosso relacionamento não é mesmo. Nós não somos os mesmos e eu fiquei cansada de tentar te amar todos os dias e não receber isso de volta, não receber o seu amor, o desejo e a felicidade de dividir os seus dias comigo. É isso que eu sinto, sinto que não temos mais nenhuma ligação e somos dois estranhos vivendo debaixo do mesmo teto. — As palavras saíram rapidamente e quando ela notou, os olhos do rapaz já estavam ficando surpresos e espantados com tudo jogado daquela maneira em sua cara.
— Isso tudo por causa de uma droga de jantar? — rolou os olhos, desacreditando no caos e no drama que a namorada estava criando por causa de algo simples. — Tive milhões de problemas durante a tarde e sinto muito por não conseguir fazer essa droga de jantar que é tão importante para sua vida. Aliás, desculpa por ter um trabalho e não conseguir ficar totalmente em casa e me dedicar 100% para você. Porque a sua vida é melhor que a minha e porque EU tenho que sempre ser o melhor em tudo. — respirando fundo, ele buscou um ponto daquela cozinha para prender a sua atenção. tinha passado dos limites e ele também estava exausto de sempre ter que estar disponível para tudo que envolvia a vida sentimental, pessoal e até mesmo em alguns momentos que não tinha necessidade a presença dele na vida da namorada.
— Droga de jantar? Droga? — Ela tentou controlar a raiva de partir para cima dele, mas tudo de repente começou a girar e seu estômago embrulhou com o desespero. — Droga é o que está acontecendo nessa cozinha. Droga é tudo o que você acabou de falar, droga é esse relacionamento e droga são todas as promessas que fizemos em nosso futuro. Não existe futuro, nunca existiu, e nós dois juntos? — Ele pausou, abrindo os braços no alto sentindo o peso do corpo mais forte. Era real, seu relacionamento estava destruído. — Nunca aconteceu, na verdade.
olhou triste para o rosto de , não conseguindo falar mais nada.
— , nós dois estamos de cabeça quente e não podemos conversar a respeito disso agora...
— Nós não vamos conversar mais a respeito disso, . — Ela pareceu determinada ao falar aquela frase completa, mesmo com um nó na garganta e a vontade absurda de chorar. — Não precisamos mais do jantar. — Disse por fim, indo em direção à porta da cozinha. — Espero que você fique bem. Ainda te amo e amo muito. Só que hoje me sinto quebrada e nem tudo o amor consegue consertar o que uma vez quebrou.
Segurando as lágrimas, ela correu para porta principal do apartamento, deixando para trás o seu grande amor de anos, o grande amor que jurou nunca esquecer e nunca deixar que circunstâncias da vida o afastassem. O grande amor que antes era a sua luz e a sua proteção, e hoje esse amor tinha se tornado um desconhecido. A sua luz não brilhava, sua proteção não existia e nem o mesmo olhar e o sorriso eram encontrados em seu rosto. queria ser capaz de sorrir ao lembrar dele, mas se esse era realmente o fim, a única lembrança que levaria de era uma tristeza profunda e um arrependimento de ter perdido cinco anos ao lado de uma pessoa igual a todas as outras do mundo. Mesquinha, egoísta e mentirosa.
Algumas horas e ligações depois da discussão, resolveu que nada iria estragar a noite dos seus pais. Eles não tinham culpa das decisões erradas da filha e não teriam uma noite ruim por causa dessas decisões. Longe de casa, as horas em que ela esteve na rua a fizeram ponderar não somente as ações de nesses últimos tempos, mas também as suas. Os dois estavam passando por momentos difíceis em suas vidas profissionais, ele estava cada semana mais envolvido com seu álbum solo e o de retorno do grupo, já que todos tinham retornado do exército e ela estava mudando de agência para uma maior e a contratação de pessoal e disposição dos cargos estavam tomando grande parte do seu dia, porque agora era sócia além de ainda modelar.
O que realmente aconteceu com o relacionamento deles foi a falta de diálogo, a soma de pequenas mágoas e agora aquelas palavras mal ditas. Ela percebeu que não estava preparada para abrir mão do namorado, mas eles iriam precisar de uma longa conversa e alguns pedidos de desculpas. Novamente pensando na situação de sua vida amorosa, sentiu vontade de chorar, mas estava chegando ao restaurante no qual tinha feito reserva mais cedo e não queria transparecer a tristeza e a angústia que sentia, sua mãe iria passar a noite a enchendo de perguntas e realmente ela não queria que aquela noite ela fosse o foco. Antes de chegar ao local, enquanto andava devagar pelo caminho até o estabelecimento, sentiu o celular vibrar no bolso.
PAPAI CHAMANDO...
— Pai? Aconteceu alguma coisa? — atendeu o telefone apreensiva, olhando o relógio no pulso para conferir se não estava atrasada. Ela tinha ligado mais cedo para o pai e informado a mudança de planos do local do jantar.
— Filha, você tem que vir para seu apartamento, agora! — A voz de Nelson estava estranha e sentiu um pequeno aperto no peito.
— Como assim? O que estão fazendo aí? Eu não disse que eu fiz mudança de planos? Aconteceu alguma coisa com o ? — Assim que ela lembrou como respirava, sentiu seu corpo todo tremer só de pensar que alguma coisa ruim pudesse ter acontecido com o namorado. Procurou com os olhos algum táxi próximo e entrou imediatamente no carro, esperando a resposta do pai, que estava a muito tempo em silêncio. — Alô! Pai? O senhor ainda está aí?
— Como viemos parar aqui é uma longa história, mas foi bom termos vindo. Vem logo para casa, , é uma coisa séria! — A voz firme e autoritária do pai a fez perder as forças da pernas, e se estivesse em pé, muito provavelmente estaria jogado no chão.
Assim que as palavras saíram da boca de Nelson, ele desligou a chamada, o que deixou ainda mais nervosa. Tentou ligar para e só dava caixa postal. Ela não ia se perdoar se alguma coisa ruim tivesse acontecido com o namorado depois que saiu daquele jeito. Sabia o quanto era sensível e, que Deus o livre, o drama e até um atentado contra si era possível ter acontecido. Pediu mentalmente para estar tudo bem e que fosse só a mãe fazendo cena por ter encontrado somente chateado e pediu para que o pai o ligasse e eles se entendessem. Ela sabia o quanto a mãe gostava do genro, aquela não era uma possibilidade nula. Ela estava a pouco tempo de sua residência, mas aquele trajeto pareceu durar a vida toda. saltou do carro e correu diretamente para o elevador, sentiu que deixou de cumprimentar alguém no caminho do saguão até onde estavam os elevadores, mas estava desesperada demais para se importar com isso no momento. Mesmo sabendo que não iria fazer diferença nenhuma, ela apertou pelo menos umas vinte vezes o botão do elevador e quando finalmente chegou, continuou tentando ligar para , mas sem nenhuma resposta positiva. Já no andar, pode ver que nenhuma luz saía pelo pequeno vão embaixo da porta, o que significava que não estavam na sala e isso a deixou ainda mais nervosa. Ela digitou a senha errada pelo menos três vezes até finalmente acertar o código e entrar no apartamento.
— ? — Ela chamou assim que tirou os sapatos e seguiu em direção à sala. — Pai, mãe? — Alcançou o interruptor e ligou a luz do cômodo.
— Aqui, querida. — Ouviu a voz suave de sua mãe responder da cozinha. Com o coração ainda acelerado, ela seguiu em direção à cozinha, e assim que abriu a porta que dava acesso ao cômodo, avistou a mãe, o pai e . Todos sentados à mesa e com um jantar que tinha um cheiro maravilhoso posto ao móvel.
— Surpresa! — Os três disseram juntos. E começou a chorar parada onde estava.
— O que aconteceu, amor? ㅡ se levantou de onde estava e foi até a namorada, a envolvendo em um abraço. — ? O que foi? — Ele afastou um pouco os corpos.
Levantou o rosto da mulher e enxugou as lágrimas dela. olhou nos olhos de e começou a dar alguns tapinhas no peito dele.
— Qual o problema de vocês? — Ela disse ainda em meio às lágrimas. — Eu estava tão preocupada, e eu pensei que... Pensei. — Não foi capaz de concluir o raciocínio, pois as lágrimas estavam virando soluço. a envolveu em um abraço apertado, sentindo a camisa ficar um pouco molhada com as lágrimas.
— Se acalma, , está tudo bem. — passava a mão pela cabeça de e a apertava ainda mais em seu abraço, tentando fazer com que ela se sentisse protegida.
— Filha, não foi nossa intenção. — A mão de Laura parou nas costas da filha.
— Acho que eu sou um ótimo ator. — Nelson disse rindo, olhando para os três parados na porta.
— Amor, está mais calma? — perguntou quando sentiu que a namorada já não chorava mais. não conseguia dizer nada ainda, só balançou a cabeça positivamente. — Vem, vamos nos sentar. — Ele finalizou, levando-a até o seu lugar na mesa.
— Foi tudo combinado, querida, não imaginamos que você iria ficar tão chateada assim. — A mãe dela pegou suas mãos e começou a fazer carinhos. — queria fazer uma surpresa para você e ele sabia o quanto esse jantar era importante para você e para nós. — Ela sorriu carinhosamente, o que fez se acalmar ainda mais.
— Eu disse que nossa menina era sensível. Não é porque ela tem esse gênio forte que ela não ia se preocupar. Filha, o pai foi contra, mas você sabe que voto vencido não vale, não é? — Nelson riu, e todos, incluindo , riram juntos.
O jantar foi maravilhoso. tinha feito seu melhor com a comida e o clima entre eles e os pais de estava incrível como sempre foi. Foi bom sentir novamente o calor daquele relacionamento e ver que talvez ela estivesse errada quanto às palavras que disse mais cedo. Depois de muito papo e da sobremesa que Laura tinha levado, os pais de foram embora, tinham uma boa estrada pela frente até o hotel que escolheram em uma cidade mais afastada porque há anos iam para lá e sempre viam a mesma coisa e queriam deixar os dois mais à vontade para curtirem o resto da noite.
— Foi uma ótima noite. — disse, fechando a porta ao ver os sogros tomarem o elevador.
— Foi. — disse, soltando um longo suspiro. — A gente precisa conversar, . — Ela sentou no sofá, se esparramando pelo local.
Que tipo de conversa? — O olhar de tristeza era muito forte no rosto dele, que se sentou ao lado da mais nova.
— Eu preciso, eu acho que devemos desculpas um ao outro. — Ela começou o assunto com facilidade, já tinha passado a tarde toda pensando sobre o assunto. — Nosso relacionamento está passando por uma crise, mas podemos resolver isso, a gente quer resolver isso? — Se ajeitou, olhando para o rosto do namorado.
— A gente quer ser feliz, , e a gente só é feliz junto. Nossa falta de tempo e a correria da vida estão atrapalhando nossa felicidade, mas a gente tem que ser mais forte e maleável com isso. — se aproximou e pegou as mãos de . — Eu te amo, eu te amo demais e isso é a única certeza que eu tenho na vida. Nossas carreiras estão tomando nosso tempo agora, mas isso só significa que nosso futuro vai ser bom, e depois que tudo isso passar vamos poder falar o quanto somos fortes e o quanto precisamos um do outro.
sentiu as palavras a preencherem. Eles ainda tinham aquela sintonia de sentimentos semelhantes e de pensarem de forma igual sobre o futuro e o relacionamento. Eles podiam estar estressados, mas quando paravam e pensavam, a resposta era a mesma para os dois.
— Eu disse palavras horríveis, , quando eu também estava errada.
— Nós dois dissemos, bebê, mas a gente está aqui agora, e temos que combinar uma coisa, OK? — Ele passou uma das mãos pelos cabelos de , que balançou a cabeça positivamente, esperando que terminasse. — Então todas as vezes que alguma coisa incomodar, vamos parar e conversar, colocar as cartas na mesa e, sem conflito, vamos resolver, pode ser? Eu ainda estou cheio de coisas no estúdio e acredito que você também, com todas essas reuniões da agência. Vamos dar nosso melhor dentro e fora de casa. Eu te amo demais pra deixar que o nosso fim seja esse.
o abraçou forte, sentindo o coração do mais velho bater de forma irregular, aquela era uma situação de nervosismo e de declaração, sabia como aquelas coisas deixavam agitado.
— Concordo plenamente, meu amor. — Ela disse, apertando ainda mais o abraço. — Eu te amo, e eu odeio me sentir assim, prometo que vou me abrir mais em relação aos meus sentimentos. Eu preciso desse abraço para o resto da minha vida, , e só você pode me proporcionar isso.
O rapaz separou os corpos e se levantou do sofá. captou as intenções do companheiro e levantou também. Abraçou por trás e foram andando até o quarto. Durante todo o caminho, enquanto sentia o cheiro daquela pele do namorado e seu corpo respondendo aquele contato, percebeu que viver longe daquilo tudo seria muito difícil, e aquela situação era algo contornável. Parou no meio do corredor que dava ao quarto, precisava sentir o gosto daquela boca. Encostou as costas na parede e virou o corpo do namorado de frente para o seu.
— Te amo, . — Ela disse com os olhos fixos nos olhos do mais velho.
Antes de ouvir o que iria falar quando abriu a boca, puxou o rosto do namorado para o seu e iniciou um beijo feroz, sentindo o corpo ser prensado contra a parede, as mãos de ambos passeavam pelos corpos e o calor do ambiente aumentou gradativamente. separou os lábios, mordiscando de leve, e puxou a camiseta da namorada para fora do corpo.
— Odeio brigar com você, meu amor. Mas eu amo as reconciliações. — disse, voltando a beijá-la.
Aquilo realmente era o que os dois mais gostavam naquela relação, podiam se desentender, mas o amor e o desejo estavam ali, e viver aquilo era tudo o que eles precisavam.
FIM.
Nota da autora: Ai ai essa fanfic que criou vida própria e mudou totalmente meus planos iniciais, e tivemos isso, um casal maduro com suas individualidades e suas questões, e eu absolutamente amei o resultado, Kibum bem namoradinho demais bem romantiquinho ai ai espero que gostem!
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AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.
Outras Fanfics:
LONGFICS:
Médium [Restrita – KPOP – Longfics] Jikook
La Belle Epoque [Doramas – Longfics] Hello My Twenties
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SHORTFICS:
Baby How You Like That [Restritas – Kpop – Shortfics]
Baby, I Like You [Kpop – BTS – Shortfics]
Baby, I Want You Forever [Kpop – BTS – Shortfics]
Baby We Have A Happy Ending [Kpop – BTS – Shortfics]
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Drown in Your Body [Restrita – KPOP – Shortfics] EXO
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Twin Flames [KPOP – BTS – Shortfics]
FICSTAPES:
02. Teenager [Ficstape #104: GOT7 – 7 for 7]
02. Enough [Ficstape #196 – GOT7: Present – You]
02. Nobody’s Perfect [Ficstape #122: Jessie J – Who You Are]
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03. Crazy 4 U [Ficstape #148 – Move – Taemin]
03. 잡아줘 (Hold Me Tight) [Ficstape #103: The Most Beautiful Moment in Life: Young Forever]
03. Let Go [Ficstape #178 – BTS – Face Yourself]
03. Trivia: Love [Ficstape #181 – BTS – Love Yourself: Answer]
03. Ready Or Not [Ficstape #149 – Monsta X: Shine Forever]
04. Até o Sol Quis Ver [Ficstape #137: Exaltasamba – Ao Vivo Na Ilha da Magia]
04. Clap [Ficstape #120: Seventeen: Teen, Age]
04. Game [Ficstape #193 – Super Junior: Time Slip]
05. HOME [Ficstape #200 – BTS: Map of the Soul – Persona]
06. Good Day For A Good Day [Ficstape #108: Super Junior – Replay]
07. Magic Shop [Ficstape #133: BTS – Love Yourself 轉‘Tear’]
07. 소름 Chill [Ficstape #111 – EXO – The War]
07. Shift [Ficstape #112 – Shinee – 1 Of 1]
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08. Tonight (오늘밤; feat. Zico) [Ficstape #119: Taeyang: White Night]
08. Made It [Ficstape #196 – GOT7: Present – You]
08. The Call [Ficstape #029 – Backstreet Boys: Greatest Hits – Chapter One]
09. Retro [Ficstape #168 – SHINee – The Story of Light]
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